segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Como se reerguer

O Corinthians campeão do mundo começa com o Corinthians rebaixado em 2007.
A queda obrigaria o clube a mudar os rumos, mas sua iminência fez o clube mudar os rumos antes que a queda acontecesse.
Havia um novo comandante antes da queda e foi elaborado um planejamento para a hora em que ela viesse.
Veio. E as mudanças foram anunciadas na manhã seguinte.
Havia onde se basear: na paixão. Mas só poderia enxergar quem tivesse saído da base dessa paixão, do meio da torcida, de quem vai com o time e grita para o time: 'vai'.
Explorar a paixão, o sentimento, o conceito de jamais abandonar.
Ao time foi dada uma base, uma espinha dorsal.
Acesso. Que se foi fácil poderia ter sido difícil impossível, forçado.
O Corinthians campeão da Libertadores começa com o Corinthians caído diante do Tolima.
Seria a hora de mudar tudo. Seria, não foi.
Houve pulso para segurar o treinador. Loucura, insanidade, decisão errada.
A ele concedidos tempo e confiança.
Foi montado um time. Sem gênios, sem magia, apenas um time. Que por vezes joga feio, mas quase sempre eficiente.
Eficiência. O primeiro critério em uma Libertadores, talvez o principal em um Mundial de Clubes.
Enxergar o jogo, promover inversões de posições. Ser eficiente. Ser campeão.
Com méritos, todos os méritos.
Do subsolo ao topo do mundo...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Que dá, dá

O Corinthians da Libertadores vence o Chelsea da Champions League.
O Corinthians do Campeonato Brasileiro vence o Chelsea do Campeonato Inglês.
O Corinthians do primeiro tempo da partida contra o Al-Ahly faz frente ao Chelsea da partida contra o Monterrey.
O Corinthians do segundo tempo da partida contra o Al-Ahly sobe no telhado diante do Chelsea da partida contra o Monterrey.
O Corinthians diante do Chelsea entrá com a concentração no ponto máximo.
O Corinthians pode repetir o primeiro tempo da partida contra o Al-Ahly..

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Do subsolo à cobertura

A fama adquirida de raça, vontade e superação foi construída ao longo de 102 anos com uma somatória de pequenos, médios e grandes fatos.
Mas jamais a história do Corinthians escreveu capítulos tão belos, iniciados em tragédias incomensuráveis. Jamais houve glórias tão grandes construídas a partir do que se pode entender como fundo do poço.
O ápice que pode ser atingido em poucos dias parece secundário diante daquilo que já aconteceu. Porque ganhar o mundo ou ter a chance de vencê-lo é a consequência da conquista continental. E pergunte a qualquer corintiano o valor que teve a conquista continental.
Alguns acreditam que o ápice já foi atingido. Se o prêmio máximo vier agora, ótimo, mas se não vier não haverá suicídio coletivo.
A reestruturação corintiana começa no final de 2007, quando uma queda levou o clube a abrir os olhos e ver que a administração, embora vitoriosa no papel, capengava há algum tempo e precisava ser mudada. E só um fato muito convincente foi capaz disso. Ao anunciar alterações estrondosas no dia seguinte à queda, a nova administração mostrou que já estava preparada para o descenso e já pensava em como mandar o Corinthians de volta à parte que lhe cabe neste latifúndio.
Consistência.
Trazer um treinador, dar segurança a ele, contratar um time sem medalhões mas com uma cara, um RG, uma identificação.
Um ano depois, o retorno e, agora sim, com um medalhão. Por sinal, uma medalha tão grande que só na barriga dele para encontrar espaço.
Barrigudo, machucado, fora de forma, jogou muito durante seis meses. Títulos, consequência, resultados.
Estava no caminho certo e o restante aconteceria, era questão de tempo.
Até surgir a segunda tragédia. Inesperada, surpreendente, decisiva.
Alguém quis apagar o trabalho, terceirizou o serviço e disse: "Tó, lima".
Começar do zero, trocar do presidente ao faxineiro, fingir que nada aconteceu.
Somente a terceira medida.
O presidente ficou, desafiou tudo e todos e manteve o treinador. Respaldo, confiança, consequência.
O Corinthians de hoje é consistente, seguro, domina as situações. Há cinco anos mantém a espinha dorsal de Cristian/Elias, Elias/Jucilei, Jucilei/Ralf, Ralf/Paulinho. Quase sempre tem os mesmos nomes na defesa, um meia habilidoso e um atacante que mande a bola pra dentro do gol.
Chegou onde queria. Pode ir mais longe, mas se não for não será necessário começar tudo de novo.
Perder um Mundial não é tragédia.
Se for, espere por mais vitórias nos próximos anos...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

No dos outros

Torcedor é tudo igual.
Não, não é uma afirmação, nem a conclusão de um estudo da mega universidade da Europa, desenvolvido por uns nerds que jamais sujaram o traseiro no cimento da arquibancada.
É um fato nu e cru, puro e simples. Um fato, uma verdade.
Torcedor é tudo igual.
Léo falou o que quis e ouviu o que não quis.
Sabia que isso ia acontecer. Não chegou agora. Sabia que haveria reação. Provocou mesmo, na cara dura.
Exagerou ao estabelecer o parâmetro aeroporto/rodoviária.
Virou mito.
Mas a torcida para o Barcelona foi uma afronta.
Não, a torcida para o Barcelona faz parte do futebol, da brincadeira, da rivalidade. Foi saudável.
Como foi saudável a provocação do Léo.
Não, a provocação  do Léo foi ofensiva.
Como foi ofensiva a torcida para o Boca Juniors em julho.
Não, a torcida para o Boca Juniors em julho foi saudável.
Como foi saudável a torcida para o Peñarol em 2011.
Não a torcida para o Peñarol em 2011 foi ofensiva.
Torcer para o Manchester United foi saudável em 1999. Torcer para o Chelsea em 2012 é ofensa.
Torcer para o Barcelona em 2011 foi ofensa. Torcer para o Chelsea em 2012 é saudável.
E assim segue o mundo das áreas retangulares e verdes, onde se tenta acertar outro retângulo com um objeto esférico.
Um entretenimento, uma grande diversão.
Desde que atinja somente o outro...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mas, porém, entretanto

'Sebastian Vettel só chegou onde chegou por ter o melhor carro'.
'Sebastian Vettel só chegou onde chegou por não ter adversários'.
'Quero ver Vettel vencer com um carro inferior'.
Sim, a cultura da diminuição dos méritos é bastante comum.
O camarada está na frente, vence, se destaca, supera, sempre com um 'mas', 'porém', 'entretanto', 'e se'.
O campeão mundial de Fórmula 1 é o cidadão que soma mais pontos ao longo da temporada.
Algum mérito o cara tem que ter.
A Red Bull tem lá sua vantagem em relação aos outros, mas está muito longe de ser a McLaren de 88/89, Williams de 92/93 ou a Ferrari a partir do 5º ano de Schumacher. Havia uma torcida por chuva em Interlagos, que daria uma esperança aos cavalinhos rampantes. 
Um carro perfeito seria o melhor no seco e no molhado.
Vettel foi tri tri, tri seguido. Prost foi tetra, mas não tri seguido. Senna e Piquet foram tri, mas não seguidamente. Só Fangio e Schumacher haviam sido tri. E nenhum deles aos 25 anos.
'Ah, mas todos eles tinham adversários'
Não há como fechar os olhos para Alonso e Hamilton. 
Deixa o menino curtir o momento.
Porque o espetacular Schumacher não tinha adversários, o estupendo Prost não era ousado e o mito Senna enfrentava seus 'mas, porém, entretanto'.
Talvez um dia Vettel tenha seu feito devidamente reconhecido.
Mas não enquanto estiver nas pistas...

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Mesopotâmicas

- Vettel tri tri. Só Fangio e Schumacher foram
- Alonso decepcionado. Para ele, vice é o primeiro entre os perdedores
- Button feliz com a vitória. Não valeu nada, mas e daí?
- Massa chorando com o terceiro lugar
- Hulkenberg na liderança, depois de ser pole em 2010 na mesma pista
- Torcida na arquibancada aplaudindo Vettel e Massa.
- Torcida na arquibancada aplaudindo Rubens Barrichello
- Não saber o que vai acontecer na próxima curva
- Conferir que a aceitação da categoria no Brasil e em São Paulo ainda é grande
- Esperança de novas edições

Três dias, 27 horas

A credencial já foi tirada do peito.
Está em cima da mesa. Deve ficar por ali até a hora da arrumação pré-visita da faxineira, quando será colocada junto com as outras, utilizadas em Interlagos e no Anhembi em um passado não tão recente.
É o fim, acabou, não há mais necessidade.
Jenson Button venceu, Felipe Massa chorou no pódio, Sebastian Vettel foi tri, Michael Schumacher se aposentou de vez.
Não será mais necessário ir a Interlagos, ao menos em 2012, muito menos pela Fórmula 1.
O planejamento envolveu uma série de coisas, daquelas que parecem pequenas mas podem ser decisivas: acordar muito cedo, tentar driblar o trânsito paulistano, sobretudo na sexta-feira, chegar cedo ao autódromo para conseguir um bom lugar no estacionamento, instalação na sala de Imprensa, buscar um lugar próximo dos colegas brazucas, de preferência aqueles mais chegados, conexão com a internet, trabalhar uma barbaridade, saber que de muita coisa dá para tirar uma notícia, escrever um monte até um horário muito depois do fim das atividades na pista, chegar em casa tarde e saber que em poucas horas o processo começa novamente.
O primeiro dia tem suas obrigações: tomar conhecimento dos horários das coletivas dos personagens que interessam ou podem interessar, verificar os horários do almoço na Ferrari nos três dias, ver quais sanduíches há na geladeira da sala de Imprensa, ver se há a opção "café longo" na máquina, sintonizar as rádios para saber se há novidades no paddock. Havendo, correr. Caso contrário, diminuir.
Não foi a primeira vez, foi a terceira. Com a mesma empolgação, sem dúvida, mas aplicando aquilo que foi ensinado nas edições anteriores.
Organização de horários, por exemplo. Anotar a que horas as figuras mais interessantes falam. Foi a primeira cobertura de uma corrida que obrigatoriamente determinaria o campeão, então os dois postulantes deveriam ser ouvidos. Os brasileiros são de praxe e é importante também ouvir o alemão queixudo, porque ele está parando. Quem mais? Ah, Kimi, que voltou neste ano e está na pista onde foi campeão em 2007. Todo esse pessoal só fala após a segunda atividade de cada dia, portanto até lá é hora de ver outras coisas: o tempo, o trânsito, a movimentação dos torcedores nas arquibancadas, o inusitado. O tempo ensinou que há a hora certa de ir ao paddock. É aquela em que você circula, vai de um lado ao outro ou fica em frente à entrada principal. Seja quem for o importante, vai passar por ali. 
Aí começa aquele momento em que você não estranha se Niki Lauda passar ao seu lado. E descobre que Damon Hill é uma simpatia de pessoa. Ou verifica que Eddie Jordan é uma figuraça.
Ah, na hospitality area da Toro Rosso você é bem vindo. Aliás, te tratam tão bem que não se incomodam se você entrar lá e abrir a geladeira. Toro Rosso é o lado B da Red Bull, aliás, com o mesmo nome, só que em italiano.
Digamos que a geladeira, aquela mesma à qual o acesso é livre, fica cheia de...pois é...
Quando os carros vão à pista não há tanta necessidade de ficar no paddock. É bem se ligar nos tempos, desempenho com cada tipo de pneu, possíveis acidentes. Descer, só depois, para milhares de coletivas. Quanto mais importante o camarada for para aquela corrida, mas difícil é chegar até ele. É quando você enfia o braço segurando o gravador e pega as declarações de Lewis Hamilton sem ver a cara dele. 
O trabalho, como eu disse antes, é finalizado muito depois das atividades, invariavelmente com as arquibancadas vazias, sempre com a sensação de que dava para fazer melhor. Mas amanhã eu melhoro.
Desta vez não há amanhã. Há o ano que vem, talvez, vai saber. Fica a lembrança, a realização.
E a credencial será guardada. Ela nem precisou ser mostrada na saída. As catracas haviam sido retiradas. Amanhã não haverá trabalho em Interlagos...


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Para subir ou derrubar

E Di Matteo caiu. Está fora do Chelsea
A menos de um mês para o Mundial de Clubes.
'Europeus não ligam para o Mundial'.
Isso já foi mais forte. Hoje em dia não é bem assim.
O Corinthians acompanha à distância. absorvendo motivos para ficar confiante ou preocupado.
A confiança vem na clara desestruturação dos azuis londrinos. Algo que não é novo. Só tornou-se explícito a partir da derrota para a Juventus pela Champions League e a consequente queda do treinador.
Na teoria, um time que chega a uma competição nessas condições entra apenas para fazer figuração.
A preocupação vem da própria história recente do Chelsea e passa diretamente por Di Matteo.
Vamos voltar uns meses no tempo e ver em quais condições o treinador assumiu o comando do time.
O Chelsea havia acabado de dar um bico no maluco do André Villas-Boas, um portuga que conseguiu achar que o zagueiro Alex não servia.
O time não andava com ele, não tinha uma cara, uma identidade, um esquema tático.
Não rolava. Não estava dando certo.
Di Matteo estava lá no clube. Boleirão, conhecia o elenco, tinha a confiança dos jogadores.
Mandaram Villas-Ruins embora, Di Matteo virou interino.
Uma daquelas medidas provisórias que tornam-se definitivas.
E o Chelsea andou, caminhou, chegou. Campeão europeu. Nos pênaltis? Sem um futebol mágico? E quem precisa de futebol mágico quando levanta a taça?
Feio, porém eficiente.
E assim caminhava. Pensava no Mundial.
Não ganharia do Corinthians,
Sim, afirmo categoricamente.
Os dois jogam feio, ok? Só que o 'feio' do Corinthians é muito mais arrumado que o dos ingleses.
O 'feio' do Corinthians tem conjunto, entrosamento, confiança. Todo mundo sabe como proceder quando estiver com a bola e quando não estiver.
O Chelsea não tinha isso. Todo mundo corre e joga pro Fernando Torres. Se ele resolver se mexer, dá em alguma coisa.
Oscar chegou, mudou um pouco essa filosofia, mas não joga sozinho.
Continuava fácil a penetração na zaga com David Luiz e Terry.
Agora, muda o treinador. E o que pode acontecer?
O mesmo fenômeno Di Matteoino.
Coloca um boleirão que fale a língua dos caras e o time se acerta.
E aí o Corinthians começa a se preocupar.
Trazer alguém de fora, nome forte, consagrado, medalhão, dificilmente mudará o quadro.
Ao menos para o Mundial.
O cidadão teria pouco tempo para se apresentar, conhecer os caras, iniciar o trabalho e dar uma cara ao time. Daria certo em um prazo maior, não em uma competição que bate à porta.
São dois lados, portanto. O da desestruturação ou o do acerto comum quando um elenco não queria mais um treinador.
As próximas semanas mostrarão.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bruxas e mágicos

Em tempos de bruxas, falamos dos mágicos.
No dia 1º de novembro de 1987, Nelson Piquet conquistava o tri.
No dia 30 de outubro de 1988, Ayrton Senna conquistava o primeiro título.
Vamos dizer que o período outubro/novembro é um tanto quanto abençoado para o automobilismo tupiniquim.
Tudo bem que, depois de 1991, houve apenas a batida na trave de Felipe Massa em 2008, mas não dá para esquecer o que passou.
Porque falamos de um cara que mudava a configuração do carro aos 44 do segundo tempo porque sabia que aquele sistema o faria vencer.
Falamos de outro que chegou em um time com regras consolidadas e passou por cima delas.
Insubordinação? Pode ser. Prefiro dizer "personalidade".
Coisa que hoje não há. O que rola em 2012 é o "vou ajudar o time, cumprir o que determinarem".
Não foi só a genialidade. Foi também a forma como lidar com as circunstâncias.
Por uma questão de idade foi impossível entrevistar Ayrton. Houve e há tempo para entrevistar o sobrinho, a irmã, alguns amigos.
Nelson, sim, foi entrevistado. Falou daquele jeito debochado, irônico, autêntico.
Ganhou um "muito obrigado" ao final da conversa. Não só pela entrevista, mas pelo que fez anos antes de ser entrevistado...

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Méritos que Brilham

Mereceu quem criou, inventou, forçou.
Mereceu quem achou.
Achou que era um gênio, que poderia resgatar, recriar, inventar.
Inventou, criou, levou e pagou.
Pagou caro.
São sete títulos mundiais.
São datas memoráveis, históricas. São expectativas criadas antes e durante para saber como proceder depois.
Já provocou eliminações em Copa América e em mais de uma Copa do Mundo.
Quem chorou uma vez riu na segunda. Às vezes foi o contrário, mas sempre houve o temor e o respeito que sempre cercaram o assunto.
Não se pega um clássico dessa aura, monta de qualquer maneira e joga-se onde for. Não se permite que os principais dentre os principais fiquem de fora. O duelo não permite, a disputa não proporciona essa brecha.
Não se joga em locais sem tradição, nome, história. Não se leva as disputas para locais onde são engatadas a segunda e a quarta. Não há divisões, há ou deveria haver a união dos povos em torno de um mínimo sentimento patriótico que talvez tenha restado em dois países tão sofridos, maltratados, derrotados, especialistas em criar gênios, esquadrões, resgate da comoção nacional.
Não se entrega algo tão grandioso nas mãos de quem não sabe sequer do que se trata. Não se entrega uma Ferrari nas mãos de quem não sabe onde fica o acelerador.
Não se omite a verdade em nome da promoção, dos direitos, do não poder execrar o próprio produto.
Era um clássico iluminado.
Restou o apagão.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Fechando a brecha

Ao mesmo tempo em que é apaixonante, cativante e arrasta multidões, o futebol tem lá as suas mazelas.
É um dos poucos, ou arriscaria dizer o único esporte (e por que não dizer atividade) que não pune de forma direta aqueles que não cumprem o objetivo do jogo.
Premia, sim, quem chega com mais frequência, mas não castiga a quem abdica de chegar.
Você não vê um time de basquete sem arremensar. Pode gastar os 24 segundos a que tem direito, mas nunca abandona a jogada que pode lhe valer dois pontos. Não existe time de vôlei que dê três toques na bola e a jogue tranquilamente para a quadra adversária, para que o time de lá dê três toques antes da devolução. Não há tenista que bata devagar na bola somente para o tempo passar.
Porque no vôlei e no tênis as partidas acabam nos pontos.
No apaixonante, vibrante e cativante esporte bretão, passar 90 minutos sem marcar nenhum gol nem sempre é uma tragédia. Ainda mais se você estiver no campeonato de pontos corridos, jogando na casa do adversário. Basta que 'os caras' não marquem e você sai com algum lucro.
O torcedor que pagou ingresso, o cidadão que foi para a frente da TV, a emissora que morreu com milhões para transmitir, esses não precisam de espetáculo. Afinal, que garantias tem o público do cinema de que o mocinho vai vencer o bandido e dar um beijo histórico na menina na cena final? Ou qual certeza tem o espectador do teatro de que o ator do monólogo está em um dia inspirado? Ele já recebeu o dele mesmo. Uma apresentação boa ou ruim não altera em nada a vida dele.
Mas o futebol-arte não é espetáculo. É um jogo. E há a brecha que permite a abdicação do objetivo máximo do esporte.
E se a brecha fosse fechada?
Sim, porque a regra mundial diz que 0 a 0, 1 a 1 ou 4 a 4 são apenas números. Haja o que houver, é um ponto para cada lado e estamos conversados.
E se não fosse?
Porque a vitória poderia valer três pontos e a derrota nenhum. Ok, é do jogo. Mas o empate com gols poderia ser premiado com mais um pontinho. Dois pra lá, dois pra cá. Se ninguém marcar, é um ponto para cada lado.
É só um ponto e pode não fazer diferença...aplique em uma competição por pontos corridos e veja os resultados.
Porque o espetacular Bebeto 3 x 3 Paulinho McLaren na noite dominical e junina de 1992 valeu o mesmo ponto para cada um que o terrível Bahia 0 x 0 Portuguesa na augustina quarta-feira de 2012.
Premiar dois times que foram buscar o resultado até o fim em uma partida em que, quiçá por justiça, não teve vencedor.
Possível é, tudo é possível. Mas pode não ser, se não quiserem...

terça-feira, 24 de julho de 2012

O Resultado

Luis Alvaro Ribeiro enfrenta a primeira crise desde dezembro de 2009.
De lá até aqui, administrou a herança que recebeu. O que era bom, manteve e melhorou. O que não vinha tão bem mudou.
Não houve até agora tempo para uma avaliação, um balanço da administração. O Santos estava muito ocupado, levantando taças em sequência. Muito por consequência do que já havia no clube e outro tanto pelo que foi administrado e melhorado.
Neymar e Paulo Henrique, no clube desde a gestão anterior, foram mantidos. Robinho, cujo embrião surgiu duas administrações atrás, foi contratado.
Não havia nem 120 dias de gestão e uma taça a mais para o Memorial. Mais quatro meses e uma nova taça. Veio o tri paulista, veio a Libertadores.
Quem estava preocupado com a administração?
Dentro da cultura do futebol de resultados estava tudo maravilhosamente certo.
Um time que jogava por música, um treinador considerado um dos melhores do Brasil.
Mas futebol é resultado.
E quando o resultado é de 4 a 0 para o Barcelona, não é todo mundo que considera o adversário praticamente imbatível.
Entra o 'perder da forma como perdeu'.
Mas perder para o arquirrival na competição continental é inaceitável. Provoca lembranças.
Já não vinha bem, já não marcava tantos gols.
Mas futebol é resultado.
E o resultado abriu os olhos.
Agora, provoca revolta. Está tudo errado, é muita incompetência junta, do máximo mandatário ao menor dentre a ralé.
E se ganhar duas ou três em sequência?
Ah, sabe, futebol é resultado...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Cinco anos

Está claro que a dedicação a este espaço caiu quase 100%.
Por uma série de circunstâncias.
A data passou. Não foi esquecida, mas fatores externos impediram a postagem na data exata.
Era o dia 22 de julho de 2007.
Felipe Massa, da Ferrari e Fernando Alonso, da McLaren, sem sequer imaginarem que um dia estariam na mesma equipe (se é que a Ferrari é uma equipe só), disputaram quase a tapa a liderança do GP da Europa, na época disputado no alemão Nürburgring.
Claro que o espanhol levou a melhor.
Só que os carros se tocaram numa das disputas. Alonso não gostou. Ao encostar o carro, após a vitória, fez chabu, mostrou a avaria para as câmeras, só faltou ligar para a seguradora.
O resto as senhoras e os senhores devem lembrar.
Para melhorar, temos o vídeo em espanhol.
Com narração e comentários de torcedores de Alonso.
Especialmente para quem xinga o Galvão Bueno gratuitamente, cobra imparcialidade da crônica brazuca e suspira com as transmissões europeias...

Duas possibilidades

Poucas pessoas neste planeta chamado Jornalismo Esportivo merecem tanta admiração quanto Reginaldo Leme.
Não é só pelo conhecimento que tem a respeito de bólidos, asfalto, pneus, combustível.
Reginaldo (não o chamo de Regi, não tenho intimidade para isso) tem um acesso aos bastidores quase nulo para um brasileirinho, como um dia disse Rubens Barrichello.
Sem contar que o cara é humilde, gente boa.
Tive o prazer de entrevistá-lo em Interlagos. Na ocasião, perguntei duas coisas a Reginaldo: se o acidente que Felipe Massa sofreu na Hungria em 2009 deixou alguma sequela e se Felipe poderia estar escondendo alguma coisa para não ser arrancado do cockpit da Ferrari.
Há um exemplo clássico. Em 1987, depois de bater numa certa curva Tamburello, Nelson Piquet perdeu a profundidade da visão. Ele jamais disse isso à Williams, caso contrário seria proibido de correr. E foi campeão do mundo naquele ano.
Reginaldo respondeu que tanto Massa quanto os médicos (do piloto e da Fórmula 1) disseram que não. Quanto a esconder, alguma coisa, Reginaldo disse que só Massa poderia responder.
Massa já respondeu faz tempo. E disse que não esconde nada porque não tem nada.
Assim sendo, há duas grandes possibilidades: ou a Ferrari produz dois carros (o que não seria novidade) ou Massa contou uma meia-verdade.
Carros e condições iguais, com desempenhos tão paradoxais, é algo a ser no mínimo investigado.
Carros e condições diferentes, leia-se privilégios, é uma característica maranellística...

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Culpa

Boa, Felipe, certinho.
Dois anos sem pódio, andando muito atrás do companheiro de equipe, possibilidade de dispensa.
É tudo culpa nossa mesmo...
http://br.esportes.yahoo.com/noticias/fase-ruim-fez-felipe-massa-121610427--spt.html

terça-feira, 10 de julho de 2012

Calmaria

Era um fim de semana com feriado estadual em São Paulo.
A frente fria deu o ar de sua graça.
O Santos ganhou a primeira no Campeonato Brasileiro.
Pronto, acabou. Um fim de semana prolongado e frio.
Isso até Paulo Henrique Ganso ir para a Seleção Olímpica e ninguém ter certeza de seu retorno.
Ou até Elano chegar a Porto Alegre com uma toalha (ou cachecol, sei lá) do Grêmio.
Um dia depois do jornalista Sérgio Luiz Corrêa publicar no Jornal da Orla que o volante quase chegou às vias de fato (leia-se 'saiu na mão') com Edu Dracena após o empate com o Corinthians no Pacaembu (leia-se 'eliminação da Libertadores').
Diz o Corrêa, via Urubulino, seu informante, que o capitão cobrou mais empenho e Elano não gostou.
Tentei falar com Elano quinta-feira passada.
Bati o rádio duas vezes e ele não respondeu. Não insisti.
Em outubro passado ele disse que não havia nada de errado e garantiu que voltaria a ser o velho Elano de sempre.
Gosto dele, cara gente boa. Torci por isso. Conheço o Elano há 12 anos. Torço por ele.
O que aconteceu de fato, sinceramente, não sei. E não afirmo aquilo que não tenho certeza.
Desconheço as razões para as saídas de Ibson e Borges.
E não faço a menor ideia se Ganso volta ou não.
O que sei é que há uma nova grande mentira da humanidade.
A que diz que, depois da Libertadores, as coisas ficam mais calmas...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mágico, Espetacular, Maravilhoso

O Corinthians não é mágico, espetacular, maravilhoso.
Seus jogadores, seu treinador e seus torcedores sabem disso.
O Corinthians pode ser campeão da Libertadores sem ser mágico, espetacular, maravilhoso.
Seus jogadores, seu treinador e seus torcedores esperam por isso.
Porque não há lei que obrigue ao campeão da Libertadores ser mágico, espetacular, maravilhoso.
A lei obriga o campeão a classificar-se na fase de grupos e ir vencendo no mata-mata.
E para vencer no mata-mata não é necessário ser mágico, espetacular, maravilhoso.
Basta ser eficiente.
E o Corinthians tem sido.
Tem sido porque adotou uma proposta de jogo defensiva, de segurar o ímpeto do adversário e buscar um ou outro contra-ataque.
E se nenhum adversário conseguiu derrubar essa proposta até agora, está provada a eficiência corintiana.
E eficiência é um dos méritos de um campeão.
Logo, o Corinthians terá méritos em uma eventual conquista.
Contou com a sorte, é verdade, seja com Diego Souza ou com aquela bola que não entrou em La Bombnera aos 47 do segundo tempo.
Mas se existe a tal "sorte de campeão", o Corinthians está com ela no momento.
Porém, não se ganha um título somente na sorte.
O do Corinthians, se vier, será na eficiência.
Sem ser mágico, espetacular, maravilhoso.
Como se o torcedor, quando estiver diante da taça, vá lembrar disso...

terça-feira, 26 de junho de 2012

Indicação

Não, não vou escrever.
Vou reproduzir o que escreveu o genial Bruno Vicaria em seu blog no Total Race.
Sábias palavras, para variar um pouco.

http://www.totalrace.com.br/blog/brunovicaria/2012/06/26/imediatismo-o-grande-mal-da-formula-1/

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O Improvável

Sempre deixei claro neste espaço que Fernando Alonso pode ser bestial ou uma besta.
Na verdade, bestial ele é. Besta, por vezes, ele age como.
Nos ultimos tempos não vinha tendo culpa, diante da espiriteira que havia se tornado a Ferrari.
Só que a história mudou, ainda que por um único GP.
O fato de Alonso ter vencido em Valencia vai além de sorte.
Porque não foi uma vitória de ponta a ponta, gelada, vencida nos boxes, nem nada nesse sentido.
Porque a Fórmula 1 resolveu ter graça em 2012.
Alonso saiu de um improvável 11º lugar para conseguir uma mais improvável vitória.
Sebastian Vettel largou em uma provável pole e liderou até parar em uma imporvável quebra da Red Bull.
E Alonso não venceu nos boxes. Foi nas ultrapassagens.
E se ele não vencesse?
Daria Raikkönën. E o oitavo vencedor em oito etapas.
Deu um pódio com três campeões e 10 títulos mundiais.
Sim, a Fórmula 1 2012 está improvável.
Melhor não cravar nada...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Só aguardar

Quinta-feira, 21 de junho de 2012.
Um treinador é bestial.
O outro, uma besta.
Um jogador sempre foi craque. Jamais duvidaram disso.
O outro sempre foi amarelão. Sempre souberam disso.
Um presidente é o melhor dirigente da história, um exemplo.
O outro é um incompetente. Deve estar até roubando.
Um clube faz tudo certo, toma as decisões corretas, por isso dá tão certo.
O outro tem diversos problemas que sempre estiveram claros.
O que 90 minutos não são capazes de produzir...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Sem graça

A Fórmula 1 não é mais a mesma.
Perdeu o romantismo, a graça, o espírito de competição.
O piloto não é mais piloto. É um robô com uma máquina extremamente potente nas mãos.
Já não há mais grandes pilotos.
Já não há competitividade.
Um só ganha tudo, dispara na liderança e leva o campeonato com sete etapas de antecedência.
A Fórmula 1 2012 teve sete etapas.
Em cada etapa, um vencedor diferente.
O campeonato está totalmente aberto.
Você vai manter essa filosofia??

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Pelos olhos dele

Foi uma indicação do genial Luiz Fernando Ramos.
A vida de um piloto, pelos olhos dele.
Vídeo da BBC.
Vale a pena cada segundo...


http://www.youtube.com/watch?v=CREzzSm9TTA&feature=youtu.be

Uma data especial

Seria redundante dizer que o Toni Vasconcelos escreveu um belíssimo post no blog dele, mantido por A Tribuna Digital.
Assim sendo, o que chama a atenção é o tema do dia.
Vejam por aqui.

http://hotsites.atribuna.com.br/atribuna/f1/blogdaf1/

sábado, 26 de maio de 2012

E a TV vai a você

A Globo jamais transmitiu Fórmula 1.
A Globo deu atenção a uma categoria automobilística com predominância europeia e invadida por brasileirinhos defensores dos fracos e oprimidos durante duas décadas.
A Fórmula 1 jamais precisou do Brasil para sobreviver.
A Globo precisou e precisa dos brasileiros para a Fórmula 1 sobreviver no Brasil.
É a audiência. O que vale, o que importa. Só o que interessa. Deu? Continua. Não deu? Tira.
Nem tudo por culpa da Globo.
Porque a Globo não tem responsabilidade pelo fato de três brasileiros se destacarem em sequência. Não tem culpa se um começou a brilhar quando a luz do outro já não era a mesma, o que determinou espaços esclusivos para cada um deles.
Muito por culpa da Globo.
Porque a Globo criou a figura do herói nacional, do ser supremo, daquele que supera a tudo e a todos, dando lições de vida atrás de lições de vida. Do brasileiro que não desiste jamais. Do Davi que vive desafiando e por vezes vencendo os Golias ingleses, franceses, italianos e alemães. Jamais tratou os pilotos de Fórmula 1 brasileiros como...pilotos de Fórmula 1 brasileiros. Porque todos foram e são isso: pilotos de Fórmula 1 brasileiros.
Só que o mundo mudou, o Brasil mudou, a Fórmula 1 mudou, os pilotos brasileiros mudaram.
As potências europeias vivem em crise, a ditadura se fue junto com a inflação galopante no Brasil, em que pesem as desigualdades sociais, que permanecem, a Fórmula 1 viu figuras estranhas no pódio e o Brasil perdeu boa parte da genialidade no cockpit.
Houve quem assumisse a condição de herói nacional quando o último herói nacional saiu de cena ao vivo, em rede mundial. Os carros anteriores e os contratos posteriores não o permitiram tornar-se rei. Houve quem chegasse como quem não quer nada e esteve a uma curva de pegar a condição de herói nacional para si.
E a Fórmula 1 tupiniquim foi sobrevivendo.
Porque havia uns 3 ou 4 da comunidade "só vejo se tiver brasileiro na frente". E há uns 1.000 que gostam de automobilismo.
Só que os 1.000 permanecerão 1.000. Os 3 ou 4 viram milhões se tiverem os desejos atendidos.
E os brasileiros não andam mais na frente.
Não há heróis. Não há alegres manhãs e jovens tardes de domingo. Não se sai na rua na segunda-feira com o orgulho verde-amarelo no peito enquanto procura espaço em meio à multidão do transporte coletivo. Não se elege mais franceses e alemães como personas non gratas.
O que há são contratos a cumprir. Cobrados com rigor a cada cláusula. Custando milhares de euros em cada palavra. E sem proporcionar a menor possibilidade de descumprimento.
Não é o vôlei, que dá para encaixar na grade quando não tiver nada mais importante na manhã de sábado. Não é o Guga vencendo Roland Garros, que basta comprar os direitos para TV aberta e jamais transmitir, apenas para garantir que ninguém transmita e leve a audiência embora.
Com Tio Bernie é assim: assinou, pagou, transmite. Caso contrário...melhor nem saber...
Sem atrações, vamos trazer o telespectador para mais perto.
Não se abre mais a transmissão quando os motores estão ligados. Agora é com 20 minutos de antecedência. Mais um pouco e o fenômeno da Austrália se repetirá.
Será necessário explicar o que é volta de instalação.
Não se abre mais a transmissão do treino quando o cronômetro fica verde. Agora o narrador mostra a sua cara ao Brasil, as entrevistas no paddock têm imagem.
Deu-se um jeito.
Se o Brasil não brilha na Fórmula 1, a Fórmula 1 tenta brilhar no Brasil.
Seja pelos carros ou pelos contratos...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mônaco, quinta-feira

Foi sem graça. E não poderia ser diferente.
Mônaco, pelo simples fato de ser Mônaco, é aquela pista que oferece tudo e nada.
O nada está na pista, que nem pista é. O tudo está fora da pista.
Que nem pista é.
Aí você junta um circuito estreito, de baixa velocidade e joga um pouco de água da chuva nele.
Pronto, está aí um treino de quinta-feira
Ah, sim, também tem isso. A sexta-feira de Mônaco acontece na quinta, porque sexta é dia de papagaiadas e afins.
Em outras palavras: endinheirados tietando a pilotaiada.
Enquanto houve um pouco de pista seca, Jenson Button foi o mais rápido, com 1min15s746. O segundo foi Romain Grosjean, com 1min16s138. Em terceiro ficou um tal de Felipe, um que é criticado veementemente por ter nascido.
Mandou 1min16s602.
Bruno Senna ficou em 13º.
Parâmetro para sábado não tem como.
Vai ser aquela história: Vettel, McLarens, Alonso...
Mas sei lá, não é de hoje que vejo a Sauber e a Lotus colocando o bico nessa galeria.
A segunda é questão de tempo.
De um tempo um pouco menor...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Em e na memória

Vários fios de cabelo estão mais claros que o normal. O mesmo acontece com a barba. Ao ver vários técnicos de futebol, lembro do tempo em que eram jogadores. Alguns eu vi no estádio, outros cheguei a entrevistar.
Em suma: estou ficando velho.
Velho e saudosista.
Nesse segundo quesito, sempre fui um pouco. Gosto de lembrar, reviver. E, de uns anos para cá, com maior intensidade.
Dizem que a idade deixa as pessoas saudosistas.
Mais uma prova...
Houve um tempo, do qual lembro com saudades, em que o futebol não era tão profissional.
Não que hoje seja, mas o sistema anda muito diferente de outros tempos.
Não que o profissionalismo seja ruim, mas tudo que é demais atrapalha. E enjoa.
E havia um tempo em que o torcedor, qualquer torcedor, podia acompanhar o treino de seu time.
Às vezes alguém pedia para ver a carteirinha de sócio, mas na maioria das vezes ninguém estava nem aí.
Era um tempo em que você via os caras de perto, pegava autógrafo, tirava fotos.
Não tinha segurança empurrando. Jogador não acelerava o possante em cima de quem estivesse pela frente. O carro do cidadão ficava do outro lado da rua, todo mundo sabia qual era e ninguém ia lá quebrar o vidro.
Às vezes era preciso esperar um pouco para falar com o jogador, pois ele concedia uma entrevista a algum repórter pentelho que fazia umas 2.624 perguntas. Não tinha (des)assessor vetando tudo...
"Isso deve ser legal. Trabalhar em rádio e no futebol", pensava o moleque que estava lá com o pai, em mais uma manhã de sábado.
Antes, o pai havia lhe mostrado um cidadão que o garoto nunca tinha ouvido falar, mas o pai rasgou elogios.
"Aquele é o Chico Formiga, um dos maiores jogadores que esse clube já viu".
Era estranho ver aquele senhor como grande jogador, grande ídolo. Jogador era o Pita, era o Juary, que estavam em atividade. Curioso saber que, antes deles, alguém tinha feito até mais que eles. Para o garoto, o tal Formiga fazia história comandando os jogadores que estavam em atividade.
Mas ele era o Formiga. E se fez muito pelo Santos, vira ídolo. Ótimo, muito obrigado.
Na quarta vez em que o pai foi mostrar quem era, não precisava mais.
"Já sei, pai. Aquele é o Formiga. Fez muito pelo Santos".
De certa forma, aquilo ficou na mente. Era estranho ver Formiga à frente de outro clube que não fosse o Santos. Mais estranho ainda era vê-lo enfrentando o Santos. Vê-lo como treinador do Santos era como estar próximo de alguém da família. Havia uma química, uma proximidade pessoa/clube.
Formiga parou de treinar. Continuou a trabalhar no Santos. Ajudava a captar talentos. E a lembrança permaneceu.
"Aquele é o Chico Formiga".
O garoto foi fazer o que era legal. Ser repórter e trabalhar no futebol. Só que o tempo havia passado, as idades avançado e chegou a hora de Formiga partir. E do repórter dar a notícia. Não só ao público, como ao presidente do Santos.
Seo Chico se foi. As lembranças ficam. Hoje não dá mais para o torcedor ver os treinos aos sábados. Mas nada vai tirar da memória a hora em que ele passava.
Porque aquele ali era o Chico Formiga...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Frio, chuva, graça

O 14 de maio de 2012 nasceu com a mesma cara do 14 de maio de 2001.
Uma segunda-feira fria, chuvosa, sem graça.
O 14 de maio de 2012 nasceu muito diferente do 14 de maio de 2001.
Uma segunda-feira fria, chuvosa e com fortíssimas lembranças dos fatos ocorridos domingo, no Morumbi.
E a diferença a partir daí passa a ser brutal.
A Rádio Bandeirantes entrevistou um garoto nascido em 2000.
Ele tinha um ano de idade e fatalmente não lembra do 13 de maio de 2001.
Não tem ideia do que passou quem viu o chute de Ricardinho entrando no gol de Fábio Costa, no jogo que simbolizou o marasmo.
Porque aos 12 anos, no dia 13 de maio de 2012, ele acompanhou in loco mais uma conquista, a que simbolizou a chamada "rotina de títulos".
Ele tinha 2 anos quando as pedaladas surgiram. Tinha 4 na conquista do segundo título nacional. Aos 6, viu a quebra do tabu em estaduais. Aos 7, comemorou o bi regional. E dos 10 aos 12 foram três estaduais, uma Copa do Brasil e uma Libertadores.
Sim, uma Libertadores e três estaduais seguidos.
A rotina desse garoto é muito diferente de perder um brasileiro aos 6 anos, ganhar um paulista aos 7 e viver ou tentar conviver sem nada por anos e anos.
Muito diferente de ouvir as desculpas, as histórias, o "ah, mas..."
"Ah, mas teve o melhor de todos".
"Ah, mas é bi mundial".
"Ah, mas parou uma guerra".
Ah, mas levou um couro no clássico, não chegou na decisão, ficou feliz porque venceu um grande, carimbou a faixa do campeão mesmo sem saber o que é ser campeão, viu os adversários levantando taças, viu a torcida adversária crescer...
Esse garoto é feliz. O 14 de maio é feliz, a realidade é feliz.
Não é um título para justificar tudo. É uma rotina de títulos e decisões.
Não é o passado. É o presente.
Não é o que o time fez. É o que faz.
É mudar a história de uma geração, é criar uma geração nova, é proporcionar um déja vù a quem já tinha visto.
É colocar graça em uma manhã fria e chuvosa...

sábado, 12 de maio de 2012

Hoje sim

Manhã de 12 de maio de 2002.
Com apenas 10 dias de jornal, parti para a cobertura dos 10KM Tribuna FM.
Uma pauta tranquila: procurar as figuras que participam da prova fantasiadas, conseguir fotos exóticas. Mostrar a prova por um lado mais leve.
Foi fácil também porque esse tipo de matéria se faz na concentração, antes da largada.
Ou seja, depois da largada, eu só tinha que voltar para a redação e escrever a matéria.
E a largada era na porta do jornal.
Ou seja, a vida estava fácil.
Ao subir, encontrei a redação praticamente vazia.
Na verdade, só estava lá o Duda, contínuo, gente boníssima.
Estava concentrado em uma das televisões.
Porque Rubens Barrichello liderava o GP da Áustria.
Minutos depois, começamos a rir.
Um riso que não vinha propriamente do bom humor, mas da raiva, indignação.
Não por ser um brazuca, mas pelo fato em si.
Foi há exatos 10 anos.
O Duda lembra bem desse dia.
O mundo jamais o esqueceu...


terça-feira, 8 de maio de 2012

Gilles Villeneuve, 30 anos

Lá se vão 30 anos sem Gilles Villeneuve, lembrou o brilhante Reginaldo Leme.
Reginaldo divulgou uma foto no Twitter em que entrevistava o piloto e lembrou da loucura que foi aquele fim de semana in loco para ele.
Pra nós da banda de cá, ficam as imagens (fortes, por sinal).
Os 30 anos em 15 segundos, nada mais...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Parabéns, Guarani!

Faltavam dois dias para o primeiro confronto entre Santos e Guarani pelas finais do Campeonato Paulista. O apelo jornalístico da decisão levou-me a Campinas, mais precisamente ao reduto bugrino, para contar a história pelo lado verde da decisão, o aque particularmente sempre considerei muito interessante.
Eis que se não quando, enquanto o Guarani se preparava para treinar em seu belíssimo estádio, surge um tal de Amoroso, já ouviu falar?? É um cara que jogou um pouquinho só, quase nada. Digamos que é mais um injustiçado por não ter ido a uma Copa do Mundo, por exemplo. Amoroso era o Neymar de 1994, quando só se falava nele. Deu azar de sofrer uma contusão no joelho. Teve tempo para brilhar aqui e na Europa.
Em suma, era craque. Jogava muito.
Além de tudo é gente boa. Bem-humorado, de boa conversa. Perguntei sobre marcação em Neymar, se é que isso é possível e a resposta dele foi.
"Tem que tentar parar na bola, nada de violência. Se não der pra parar na bola, deixa o menino jogar que o Brasil agradece".
No mesmo dia, Oswaldo Alvarez, técnico do Guarani, prometeu que o time dele faria quase tudo para evitar que Neymar brilhasse. Só não iria bater.
Pois chegou o domingo, o Guarani não bateu e Neymar marcou dois gols, fora algumas jogadas e arrancadas características dele.
Neymar fez o que sabe. E Vadão cumpriu a promessa. O Guarani não bateu. Chegou junto, chegou duro, o que é normal, faz parte desse planeta chamado Bola. Bater, jamais. E teve volume de jogo, sobretudo no primeiro tempo. Não deu sufoco, não criou a chamada "real chance de gol". Mas foi bem, muito bem. Marcou, não deixou o Santos jogar no primeiro tempo. O primeiro gol santista só saiu porque PH Ganso acertou um chute de fora da área. Entrar na área não dava. O Bugre tentou manter o mesmo sistema no segundo tempo, mas o primeiro gol de Neymar quebrou qualquer esquema.
E mesmo perdendo por 3 a 0, sem fôlego nem forças para tentar diminuir o prejuízo, o Guarani não bateu, não apelou.
Uma atitude que começou em um treinador de extremo caráter como Vadão e passou por um time formado por jogadores dispostos a mostrar que têm talento, que podem ir longe, que sabem jogar.
O Guarani perdeu com dignidade, sem apelar, sem ser humilhado. Está de parabéns por reerguer o nome de um clube que tantos jogadores espetaculares já revelou, que sempre deu trabalho aos chamados gigantes. Um bom perdedor, composto por jogadores que logo se mostrarão excelentes vencedores...

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O árbitro? Esqueci...

E quem está ligando para a arbitragem??
Neymar deu espetáculo (mais um), marcou três, pediu música, homenageou o Juary, trocou uma ideia com a Marília...
O árbitro? Que árbitro? 
O Santos venceu, quem liga para o árbitro?
Não se fala do árbitro quando o time vence por 3 a 1, mesmo que esse 1 tenha saído em um impedimento de seu autor.
Difícil de ser marcado, sujeito a erros pela velocidade do lance, mas um impedimento.
E quando a placar de 2 a 0 passou a ser 2 a 1.
As redes sociais bombaram. O árbitro e sua família foram devidamente homenageados.
Mas veio o terceiro gol. Acabou, esquece o árbitro.
O time do 1 não vai esquecer.
Considerou absurdo o pênalti do primeiro gol do time do 3.
Lance discutível, dá dupla interpretação. Dá para achar que o zagueiro foi na bola e dá para achar que foi na perna do atacante.
De onde o árbitro estava, a visão foi de falta. Eu, se estivesse onde ele estava, daria.
Parando a imagem, voltando, é uma coisa. Na hora, em velocidade e sem replay é outra.
O 3 poderia virar 4, mas dizem que o árbitro deu um impedimento absurdo. 
Mas quem está ligando para o árbitro se o time venceu?
Esquece o árbitro.
Não seria esquecido se a vitória não viesse.
Não será esquecido pelos responsáveis pelas escalações dos árbitros.
Porque não foi a primeira do árbitro, não será a última.
As duas torcidas reclamam. Roubando, definitivamente ele não estava. Aí está a prova.
Mas continuará a ser escalado.
Porque sim.
Há 12 anos (12, eu disse 12) Márcio Santos pegou a bola com as mãos porque o árbitro tinha marcado falta. 
O árbitro deu pênalti contra o time de Márcio Santos, porque alegou ter mandado o jogo seguir.
Ele tinha apitado falta, ficou claro, nítido.
Trapalhada. E riem de Márcio Santos até hoje.
Acha que acabou? Que nada, continua, continuará.
Mas o time venceu.
Quem liga para o árbitro?

domingo, 29 de abril de 2012

Na Indy, de novo, outra vez

Fim de semana dedicado àquela desaparecida física e presença virtual básicas.
Estamos no Anhembi, para a SP Indy 300.
Tal e qual na Fórmula 1, você abandona questões secundárias como casa, família, vida social, para virar dias inteiros entre pista, boxes, pit lane, garagem, sala de Imprensa, café.
E achando tudo isso o máximo.
Porque na verdade é o máximo.
Cansativo, aborrecedor e extremamente gratificante.
Um pouco mais na Indy.
Porque na Indy não tem frescura, não tem proibição, não tem "não pode".
Sem abusos, nem interferências, tudo pode.
Pode chegar perto dos pilotos, pode ver os mecânicos trabalhando nos carros, pode circular por um paddock aberto, a poucos metros dos boxes.
A equipe não dá 5 minutos para o brazuca conceder entrevista em português. A organização reúne os brasileiros em uma coletiva e por vezes você fala com um deles na saída. E são todos solícitos. Sabem da importância de você estar ali. Atendem a todos da mesma maneira. Não privilegiam ninguém.
E evidente que o Grupo Brandeirantes goza de alguns privilégios. Nada mais justo, o evento é deles. Não fosse por eles e nada aconteceria. Estão no direito deles, nada a questionar.
Tem quem não valorize, seja a categoria ou o evento em si. É da vida, não dá para agradar a todo mundo.
Estou feliz. Quase pegando no sono, por incrível que pareça, mas feliz...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Tempo curto

Jamais gostei da rotina.
Não nasci para fazer as coisas todos os dias no mesmo horário.
Teria problemas se trabalhasse das 8 às 12h e das 14 às 18h de segunda a sexta.
Fatalmente começaria a fazer as mesmas coisas nas horas livres.
Não haveria mais sentido nas coisas. Seriam feitas por osmose.
Prefiro o inesperado, as mudanças radicais e repentinas, as alterações nas programações.
Mas o preço é alto.
A Fórmula 1 chegou à quarta etapa e somente em uma houve um post correspondente neste espaço.
No GP da Malásia, as voltas finais foram vistas em lugar incerto e não sabido. Ou melhor, certo, sabido e não revelado.
Enquanto Rosberguinho vencia na China, a rota em direção ao aeroporto estava sendo elaborada.
Enfim, o ano tem alguns fatores especiais, que esgotaram com as horas dedicadas às pistas.
Continuo com a opinião de que não dá para cravar muita coisa.
O triunfo Mercediano em Xangai mostrou-se mais um lapso do que o retorno triunfante de Ross Brown. Mas prefiro aguardar a abertura da temporada europeia, com pistas conhecidas.
O mesmo vale para a vitória de Sebastian Vettel em Sakhir.
Não há como cravar se o alemãozinho voltou. A corrida foi vencida por quem soube estabelecer a melhor estratégia com os pneus.
Foram quatro etapas e há temporadas em que quatro etapas determinam como será o campeonato.
Não é o caso de 2012.
Porque ninguém sobressai. Tivemos quatro vencedores diferentes. Não há um domínio.
Agora sim, a coia toda começa. É na Europa, no quintal de mutia gente.
O que vamos observar:
1 - Vettel ainda é o mesmo? E a Red Bull?
2 - A Mercedes evoluiu ou mandou bem na China e só?
3 - Até quando a Ferrari aguentará Felipe Massa? O carro é ruim, Fernando Alonso venceu uma e tem andando muito na frente do brazuca.
Enquanto isso, vamos ao Anhembi cobrir a Fórmula Indy. Sem estrelismos, sem frescuras, com maior equilíbrio.
E que a chuva dê sossego neste ano...

sábado, 14 de abril de 2012

Feliz Aniversário

O garoto ficava assustado ao ver o pai gritar.
Muito assustado.
Chegava a torcer para a bola não entrar.
Era o pai motivado por uma partida de futebol. Uma das raríssimas transmissões para a praça onde era realizado.
Era um jogo em Santos, no Estádio Urbano Caldeira, ao mesmo tempo sendo mostrado na televisão do apartamento no Bairro Aparecida.
Era o Santos em campo.
O garoto não entendia, mas de alguma forma aquilo tudo mexia com o pai contido, discreto, elegante, que não expunha e dificilmente iria expor seus sentimentos.
Nunca foi obrigado a gostar daquele esporte que consistia em colocar 22 marmanjos atrás de uma bola e quem conseguisse acertar aquele retângulo branco ficava feliz. Muito menos foi forçado a gostar daquele time que ora vestia branco ora listrado em branco e preto e para quem as coisas pareciam difíceis, trabalhosas, mas que quando conquistadas davam um orgulho e uma felicidade indescritíveis.
Podem ter sido as manhãs de sábado dedicadas a ver os treinos in loco. Poder estar perto daqueles jogadores só vistos pela televisão, entrevistado por repórteres que eram de carne e osso e estavam ali, a centímetros de distância. Dificilmente foi a primeira partida acompanhada no estádio, quando o medo dos fogos de artifício disparados da arquibancada desviou a atenção do garoto e possivelmente do goleiro Marola, que, quando enfim localizado pelos olhos do garoto, buscava a bola no fundo das redes no gol de empate do Botafogo de Ribeirão Preto.
"Aí...não presta atenção", disse o torcedor ao lado.
Falava de Marola e, sem querer, falava do garoto.
Não foi fácil ao garoto atravessar os 90 minutos da semifinal do Campeonato Brasileiro de 1983. O Atlético Mineiro tinha um time maravilhoso e a partida era no Mineirão. O Santos se defendeu como pôde. O alento veio com a expulsão de Reinaldo. O alívio, quando a partida terminou. Claro que o Flamengo era melhor, mas o Santos tinha Serginho, aquele mesmo atacante que quando estava no São Paulo era odiado pelo garoto, por tantos gols que marcava no Santos. O mesmo Serginho que fez o pai do garoto ir à Vila Belmiro no dia de sua apresentação e ali, em meio à multidão e agora dando a mínima para os fogos, o garoto subiu no colo da tia para ver o futuro artilheiro de seu time ir embora em um Fiat 147.
O placar de 2 a 0 no Morumbi dava a certeza. O gol de Baltazar a tirou. Poderia pesar no Maracanã. Pesou. Estava 2 a 0 para o Flamengo e o garoto achando que dava para reverter. Ah, Adílio...deu o tiro me misericórdia aos 44 minutos do segundo tempo. Um chute no sofá simbolizou o sentimento. Não deu, não rolou, já era, Perdeu.
Mas quem liga? Foi no mesmo canto direito do sofá posicionado em frente à TV. Um pulo, um grito, mais pulos, pulos sem fim. Serginho havia marcado o gol. O Santos estava vencendo o Corinthians. O título paulista de 1984 havia chegado.
Depois dele, chegaram os anos seguintes. Derrotas, desesperança, amadorismo. Adolescência, competitividade, clássicos, vitórias, jogos decisivos, derrotas. Carimbar a faixa do campeão era suficiente.
Não, não era, mas tinha que parecer que era.
Algumas vitórias sobre o Corinthians, gol de voleio, Guga. Ser o único time a vencer o campeão Palmeiras no Brasileiro de 1993. Vencer por 1 a 0 o soberano São Paulo.
Sim, pensar pequeno. Não conseguir nada e achar que era feliz.
O dinheiro era curto. A presença no estádio, rara.
Derrota por 4 a 1 no Maracana.
"Já era, deu Fluminense".
Não, deu Giovanni.
"Agora ninguém tira".
Márcio Rezende de Freitas tira.
Aumenta a frequência no estádio. Frio, chuva, presença.
"Não posso ir hoje. Vai lá e cobre o dia do Santos"
Era manhã de sexta-feira. A Rádio Atlântica entraria com o programa de esportes no ar em 1h30. Fala o técnico Emerson Leão. Hira de gravar e reproduzir mais tarde, ao vivo para a rádio.
Jornalista. Repórter esportivo. Cobertura do Santos.
A partir de agora não se torce mais. Não tem cabimento. Não é profissional.
Curioso. Você não grita 'gol' e as coisas continuam como sempre estiveram. Legal esse negócio de ficar inerte ante a explosão de um estádio. Olha esses torcedores. Parecem uns bobos...iguais a mim, que até outro dia era mais um bobo ali em cima.
"Aê, repórter filho da puta! Tu deve ser corintiano!"
Meu Deus, torcedor pensa assim. O cara tem que falar bem do Santos a vida inteira.
E até outro dia eu era mais um bobo ali em cima.
Não se xinga mais o cara que perdeu o pênalti. Não se cobra mais o time que sai de campo derrotado. Se pergunta, para obter informações. Nada mais do que isso.
"Agora entrevisto o Robert. Outro dia estava na arquibancada e gritei por um gol dele".
Profissionalismo. Sorrir para a câmera da TV e gravar uma passagem dizendo que o Corinthians estava na final do Campeonato Paulista de 2001, que o gol do Ricardinho fez o Morumbi ruir.
Moído estava o repórter. Alegria fingida para a emissora que ia muito além de Santos e exigia a cobertura imparcial.
Imparcialidade exigia transmitir a notícia.
A notícia era a classificação do Corinthians.
E isso exigia sorrisos no gramado do Morumbi.
"Luciano. Acho que consigo sorrir por oito segundos. Liga a câmera e eu vou gravar a passagem de primeira. Se eu errar, vai sem passagem mesmo".
Foi. Com passagem.
Contar no jornal a construção de um título inimaginável naquele momento. Descrever a partida em que tudo aconteceu, até o inesperado: o dia da redenção. Sim, algumas lágrimas rolaram depois, às escondidas, longe de tudo e todos.
Só a geração de 2002 para provocar isso.
"Não, não vou comemorar esse título". E a buzina do Gol 97 preto ficou gasta com a comeoração do Brasileiro de 2004.
Alguns anos afastado do esporte. A taça veio de helicóptero.
O retorno. Ver o time campeão pela primeira vez in loco e logo uma Libertadores. Viagens ao exterior, oportunidades jamais pensadas, quase impossíveis de serem executadas em condições normais.
Obrigado, Santos Futebol Clube.
Vi 35% de sua vida. Espero ver e relatar muito mais.
Um feliz aniversário.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sempre

Toda vez que alguém discute um lance em que jogador tirou a bola da mão do goleiro e coisa e tal eu lembro disto.

http://www.youtube.com/watch?v=52oEPba1MOo

sexta-feira, 23 de março de 2012

Sepang, sexta-feira (com sono)

Nem sei dizer por que cazzo acompanhei os treinos de sexta-feira em Sepang.
Vou dar uma desaparecida básica no final de semana, que compromete qualquer possibilidade de acompanhar a prova.
A coisa não mudou muito em relação à Austrália.
Nos dois treinos deu Lewis Hamilton.
À tarde, quando os tempos são avaliados com um pouco mais de seriedade, Michael Schumacher foi o segundo e Jenson Button o terceiro.
O pessoal das asinhas vai mal, obrigado.
Sebastian Vettel foi só o 10º. Mark Webber ainda ficou em 7º.
As Ferrari?
Lá atrás.
Fernando Alonso nem tanto. Ficou em 6º. Felipe Massa foi o 16º.
É, está perto de alterar o nome para Felipe Assa.
Porque a batata já assou...

quinta-feira, 22 de março de 2012

Se fosse possível

O dia 21 passou.
E acabou a onda de falar em Ayrton Senna.
Sim, entrei nela, postei o vídeo.
Estava esperando as acusações de ufanismo exacerbado, de ser manipulado facilmente, de ser levado pela mídia (leia-se Globo) e que teve muita gente melhor que ele.
Mas o que realmente intriga é a tentativa de responder a algumas perguntas.
A esta altura de um campeonato que insiste em não começar, eu já teria entrevistado Ayrton Senna? Em quais circunstâncias? O que perguntaria?
Provavelmente sim, já o teria entrevistado no paddock de Interlagos ou em algum evento o qual eu, sabendo dessa possibilidade, moveria mundos e fundos para ir.
A esta altura, conquentão, Ayrton seria provavelmente um pentacampeão mundial, porque os títulos de 1996 e 1997 eram dele. Teria encerrado a carreira na Ferrari, sabe-se lá se acertando ou não o carro. Não creio que seria comentarista da categoria, mas poderia das uns pitacos em algumas provas.
O gravador tremeria na mão na primeira entrevista. Assim aconteceu somente em três oportunidades: diante de Pelé, Romário e Nelson Piquet. Na segunda oportunidade talvez não tremesse e na terceira as perguntas já seriam na base do "E o Massa? Neste ano vai ou não vai?"
Ayrton não viu a nova safra de jornalistas chegar aos autódromos. Não virou trending topics todos os finais de semana. Não ganhou quadros e mais quadros no Facebook. Ayrton não foi fotografado no meio da rua e a foto não foi postada no twitpic. Não precisou criar o perfil @realsenna para ganhar 4 milhões de seguidores e combater os fakes.
Ayrton foi Ayrton no boca a boca, nas imgens da TV e só.
Talvez as perguntas básicas fossem feitas, talvez as menos comuns. Fato é que se fosse hoje, agora, não sei qual seria a primeira pergunta.
Só sei que seria a primeira entrevista. E o gravador iria tremer...

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ayrton, 52

Bora ser parte integrante dos Trending Topics.
Sempre haverá um chato para chamar um post deste de aproveitador.
Sempre há o que não se curva à Rede Globo e acha que o Gabriele Tarquini foi melhor.
E quem disse que eu ligo?
O cara foi gênio e está na galeria dos gênios.
Não é ufanismo. É fato...

domingo, 18 de março de 2012

Trocas melbournianas

A McLaren virou Red Bull, a Red Bull virou Ferrari e a Ferrari virou Caterham.
A vitória de Jenson Button em Melbourne chegou no estilo Sebastian Vettel 2011.
O segundo lugar de Sebastian Vettel chegou no estilo Fernando Alonso em 2010.
O quinto lugar de Fernando Alonso chegou no estilo Fernando Alonso de ser. Tira leite de pedra de um motor de geladeira que a Ferrari resolveu chamar de carro de Fórmula 1.
Lewis Hamilton completou o pódio. E Mark Webber foi o quarto.
Kimi Raikkönen voltou à categoria para ser o sétimo colocado.
Os brasileiros? Bem...
Button teve a esperteza de pular na frente do pole Hamilton na largada. E a McLaren estava sobrando em Melbourne. Lembrou o time de 1988, a Williams de 1992/93. Os dois carros foram embora e deixaram a briga do terceiro para trás.
O terceiro era Michael Schumacher. Isso até a Mercedes deixá-lo sem suspensão.
Suspensão que também tirou Romain Grosjean da prova. O piloto da Lotus havia largado em terceiro, mas caiu lá para trás logo no início da prova.
Alonso, esse sim é um animal. Largou em 12°, tinha um carro (?) horroroso nas mãos e pulou para o quarto lugar. Foi perder a posição perto do fim.
Vettel deu sorte. Sim, porque Vitaly Petrov abandonou a prova na volta 38, mas deixando o carro na reta dos boxes, o que provocou a entrada do safety car. Foi a hora em que o alemãozinho entrou nos boxes. Quando voltou, estava em segundo lugar.
Logo depois que o safety car recolheu, Bruno Senna e Felipe Massa disputaram um honroso 13º lugar com tanta vontade que se tocaram com força. Para o ferrarista, uma quebra da asa traseira encerrou a prova ali mesmo. Bruno teve o pneu esquerdo traseiro danificado, trocou-o, deu mais algumas voltas e recolheu de vez.
Button só teve o trabalho de cruzar na frente.
Menção honrosa a Pastor Maldonado que iria entrar na zona de pontuação. Isso até bater forte na última volta.
Semana que vem tem prova na Malásia. Apostar nos destinos da temporada, por enquanto, não dá.

sábado, 17 de março de 2012

Melbourne - o grid

Ou a Fórmula 1 mudou muito, ou entrou em uma temporada atípica, ou vivencia um fim de semana atípico.
Vettel? Red Bull? Dobradinha da McLaren, com Romain Gorsjean se enfiando no pódio se a corrida terminar assim. O campeão de 2008 marcou 1min24s922 e nem precisou daquela volta rápida, cercada de expectativas, com todo mundo olhando para os monitores.
E assim está formado o grid em Melbourne.
Com Michael Schumacher em quarto, com as Ferrari lá atrás, com os brazucas lá atrás. Com campeão do mundo muito atrás.
Porque a Lotus não sabe se festeja o terceiro lugar do Grosjean ou se olha para Kimi Raikkönen e um pergunta ao outro quem contratou. O finlandês larga em 18º. Errou na volta rápida e nem passou do Q1.
"I don't care".
A Ferrari ainda vai melhorar. Deixa só começar a tempor...ah, é, já começou...
Um time que usa pneus macios no Q1, que tem um engenheiro que manda o piloto aquecer os pneus dianteiros quando a suspensão deveria fazê-lo...pois é, não é a Ferrari. E ainda teve Fernando Alonso saindo de traseira e parando na brita, provocando uma bandeira vermelha no Q2. Mesmo assim, tinha um tempo bom e quase ficou entre os 10. Quase, porque sai em 12º. E Felipe Massa em 16º, quase 1 segundo mais lento.
Bruno Senna larga em 14º.
Ainda há uma corrida para a normalidade voltar. Uma temporada para sabermos se aberrações temporárias podem acontecer. E pelo menos uns três anos para sabermos se a Fórmula 1 mudou mesmo.
Por enquanto, mudou...

quinta-feira, 15 de março de 2012

Feliz aniversário, pai

Nesta sexta-feira meu pai completa mais um ano de vida.
Eu iria almoçar com ele, falar com ele e sobretudo ouví-lo. Não o abraçaria. Ele não é chegado a isso e eu respeito os limites que as pessoas impõem. Mas estaria lá.
Não poderei. E não por não querer, mas por força do trabalho. Enquanto as horas do aniversário dele passam, estarei entre aviões, aeroportos, conexões, imigração, troca de dinheiro e o inevitável medo do desvio de bagagens. É o retorno do Peru depois de quatro dias de intenso trabalho
Tabalho, numas, porque por mais que se rale, dá para se divertir. Falar em Peru é remeter qualquer pessoa a Lima e Machu Pichu, nada mais natural, mas jamais ouvi alguém dizer "passarei minhas férias em Chiclayo". Porque Chiclayo tem suas particularidades, mas não faz parte da rota turística. Mas aí vem a tal paixão pelo Jornalismo, a tal paixão pelo futebol, o Jornalismo Esportivo que te proporciona juntar tudo isso e, para dar o toque final, chega a tal Libertadores e a possibilidade de um time de Chiclayo estar nela. E de enfrentar o time da sua cidade.
E aqui estou. Feliz, muito feliz. Vivendo experiências profissionais que jamais serão esquecidas. Nem preciso falar sobre as experiências pessoais.
Estou feliz por estar longe do meu pai no aniversário dele. É possível entenderFoi meu pai quem me levou pela primeira vez à Vila Belmiro, para ver Marola levar o gol de empate diante do Botafogo de Ribeirão Preto. Foi ele quem deixou de descansar em várias e várias manhãs de sábado para ver o Santos treinar na Vila (sim, naquele tempo podia entrar). Só que, antes do treino, era preciso esperar a conclusão da leitura do jornal do dia, de preferência 'A Tribuna', um jornal que ele lia desde os tempos em que morava em São Paulo e queria saber o que se passava na cidade onde ele nasceu.
Foi meu pai quem me levou pela primeira vez aos estúdios da Rádio Clube de Santos. Foi ele quem incentivou o moleque de 9 anos a falar pela primeira vez em um microfone, em um programa ao vivo. Eram dele os textos lidos pelo mala de 10 anos que apresentou umas e outras vezes um programa de 25 minutos ao vivo.
Foi meu pai quem abriu o sorriso ao ver que o adolescente contrariava a mãe, que queria um filho médico, respondendo de forma direta: "Quero ser repórter esportivo de rádio. Quero entrevistar jogador, tomar sol, chuva, copadas e pilhas na cabeça". Foi dele um sorriso que se alastrou ao ver a entrada na faculdade de Jornalismo e ao ouvir pela primeira vez a voz do filho em uma rádio, agora profissionalmente.
Era ele quem ligava a TV diariamente quando o filho trocou de mídia. Não importava a data, a hora ou a emissora. A audiência estava garantida. E foi ele quem simplesmente continuou com o hábito de comprar jornais diariamente, mas com um pouco mais de ansiedade. Era preciso ver se o nome do filho assinava algum texto.
Este texto meu pai não irá ler. Ele e a internet não se conhecem e não vejo perspectivas de que isto aconteça um dia. Ele sabe que eu queria estar lá. Eu se que ele quer que eu esteja aqui. Dar parabéns pessoalmente, para ele, é banal. Ver o nome do filho na assinatura da matéria é o grande presente.
Então valeu, pai. Tamo junto, mesmo que separados!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Garantias lá no fundo

Está nas mãos da presidenta Dilma Roussef a lei que prevê o uso de recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) nas obras para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Pelo Congresso já passou. Depende agora da caneta da presidenta.
Se ela sancionar, já era. Se vetar, volta ao Congresso.
A farra do boi estava prevista desde o anúncio de que o Mundial aconteceria em terras tupiniquins.
Uso de dinheiro público, desvio do que poderia ir para o que realmente o país necessita.
Dilma pode até vetar, mas não vai evitar.
E não vai evitar porque há muita gente interessada e interessante.
Há garantias de votos, aparições, popularidade.
Mesmo no momento em que Mr. Walckie anda na direção contrária.
É o momento de bater no peito, falar do orgulho de ser brasileiro. Dizer que aqui não é a terra de ninguém.
O povo pegará essa carona no momento devido, ou seja, quando a bola rolar no estádio que saiu mais ou menos muito mais caro que o previsto.
Não que alguém ligue para isso, afinal, no carro da carona há ar condicionado.
E ninguém se atreve a questionar no momento em que a pátria calça chuteiras, afinal, não se pode dar margem às dúvidas do amor à nação.
E nem precisa dar uma resposta a Walckie.
Basta mostrar que as obras estão de vento em popa.
Há quem faça isso sorrindo...

terça-feira, 6 de março de 2012

Perguntinhas (1)

E a fiscalização nas obras realizadas nos edifícios do Brasil?
Sem necessidade. Não houve mais desabamentos.
E as obras para melhorar as pistas dos aeroportos?
Sem necessidade. Há quase 5 anos nenhum avião escorrega, bate em um prédio e mais de 100 pessoas morrem.
E a sobrecarga de trabalho dos controladores de voos?
Quando um Legacy bater em um Boeing a gente pensa nisso...
E a Copa do Mundo??
Ah, é, foi mal aí...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Profissão Maldade

Essas são as primeiras palavras que escrevo hoje.
As primeiras de muitas que ainda virão. Curtas, longas, acentuadas, pontuadas, que sigam as regras ortográficas com o total da lealdade.
Os temas são muitos, diversos, variados.
E a intenção?
Denegrir, criticar, execrar, interpretar mal, exagerar e, se possível, matar.
É para isso que existo. É para isso que existem colegas espalhados nas redações de jornais, revistas, emissoras de rádio, TVs, sites etc etc etc.
Existimos para sensacionalizar, exagerar, denegrir, provocarmos discórdia.
Não somos dotados de inteligência suficiente para sabermos interpretar palavras, fazer a leitura exata do que o entrevistado quis dizer.
Interpretamos da maneira que nos interessa, do modo que provocará um aumento nas vendas, uma explosão na audiência.
Quem disse isso?
Muita gente.
O último foi Giovanni.
Primeiro, a entrevista ao jornal O Liberal. Disse que Paulo Henrique Ganso era isso, era aquilo, a família dele era aquilo outro.
Entrevista publicada e, claro, repercussão violenta.
"Quanto sensacionalismo. Por isso não gosto de dar entrevistas", escreveu o ex-jogador no Facebook.
Então não desse a entrevista. Não falasse nada, recusasse, fechasse a matraca.
Porque o cidadão fala, deixa gravar, diz que pode publicar e depois parte para os argumentos da má interpretação, do exagero, do sensacionalismo.
Muricy Ramalho e o Santos estão procurando Messi até agora.
O Barcelona não colocou um atacante de fato em campo, fez o que quis e Muricy diz que, se fizesse o mesmo, seria execrado pela Imprensa.
Ou seja, não soube ousar por culpa da Imprensa.
Levou um couro por culpa da Imprensa.
O clube não fecha a negociação com um jogador.
Porque não teve competência ou a porcentagem que iria parar nos bolsos acabou com tudo.
Mas a contratação não saiu porque vazou na Imprensa.
"Vocês atrapalharam".
Dunga estava na Copa de 2010 dizendo que não adiantava ganhar aquela Copa e perder a de 2014.
"Senão, vocês já vão falar".
Não chegou nem nas semifinais em 2010.
Existimos para aumentar, inventar, delirar.
Queremos vender, queremos fama, queremos audiência.
Somos maldosos, ruins, incompetentes.
O médico não sai de casa disposto a trocar um diagnóstico. O advogado não pensa em inverter uma causa. O engenheiro não tem a intenção de derrubar um prédio. O motorista não sonha em tirar os freios do taxi. O cozinheiro não planeja um modo fácil de deixar a comida estragar.
O jornalista sai de casa com a lista nas mãos.
As vítimas do dia.
A minha está quase pronta para hoje.
E já estou pensando nos nomes para amanhã...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lei Geral, em parte

E vão votar a Lei Geral da Copa.
E vão cumprir o que é de praxe, porque a lei já está aprovada.
Nela estará a autorização para comercializar cerveja nos estádios durante a Copa do Mundo de 2014.
Mas só durante a Copa. E em copos de plástico. Que fique bem claro!!
Porque este país é sério, aqui temos leis.
Inclusive uma que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios.
A mesma lei que não terá validade durante a Copa.
Mas só durante a Copa. E em copos de plástico. Que fique bem claro!!
A mesma lei que não prevê a comercialização de bebidas no entorno dos estádios, com os ambulantes, nos botecos e padarias próximos.
A mesma lei que vez ou outra cria um raio de 200 metros no entorno dos estádios. Dentro desta área, nada de bebidas.
A 201 metros, tá liberado.
Na casa do cidadão, salvo se a mulher reclamar, está liberado.
Porque a lei diz que o cidadão não pode comprar a cerveja no estádio, não diz nada sobre chegar ao local cambaleante.
Falso moralismo? Hipocrisia? Jamais. Aqui temos leis. E teremos as leis até junho de 2014. E continuaremos com as leis depois de junho de 2014. No miolo, libera. O patrocinador é legal.
Mas só durante a Copa. E em copos de plástico. Que fique bem claro!!

O cara

Deivid é homem.
Mas é homem na real concepção da palavra.
Já se sabia que é bom jogador.
E também que é dono de um caráter irretocável.
Um dos caras mais gente fina que já conheci.
Foi em 1999, no Santos, quando o garoto do Nova Iguaçu havia acabado de chegar.
Mal tinha um contrato na Vila Belmiro.
O garoto cresceu, foi para o Corinthians, Cruzeiro, voltou para o Santos, jogou na Turquia e foi parar no Flamengo.
E no Flamengo protagonizou o lance mais falado, comentado, repetido, zoado.
Acontece. Não tem que acontecer, mas acontece.
Não foi por isso que o Flamengo perdeu a vaga na decisão.
Felipe rebateu duas bolas para a frente, Léo Moura ficou mais preocupado em pedir pênalti, Ronaldinho Gaúcho...Ronaldinho Gaúcho...
O mundo não acabou. O mesmo Flamengo que está fora da final da Taça Guanabara pode ser campeão carioca. Tem que vencer a Taça Rio e se garantir na decisão.
Mas Deivid perdeu o gol. A conta vai para ele.
E o que ele faz?
Paga.
Paga quando concede entrevista na saída para o intervalo, quando volta a falar no fim da partida, quando, no dia seguinte, se lança na coletiva e fala o que tem que ser dito.
Porque Deivid é homem, é macho, tem caráter.
Outros, por muito menos, não falariam com ninguém. Já vi isso trocentas vezes.
Há quem faria pior: trataria com indiferença.
Sim, também vi.
Mas Deivid é homem, é fera, tem caráter.
Joga sem receber tudo o que deveria. Se lança, dá a cara a tapa.
Isso passa. Tudo passa. Palermo é ídolo no Boca Juniors e o cara que perdeu três pênaltis em uma partida.
Porque é mais fácil lembrar do negativo.
Tira o Deivid de campo.
E cadê o negativo?
Só pelo caráter dele, tem todos os positivos...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mil

Postagem número 1.000 do blog.
Sem nenhum motivo especial; apenas para marcar o número.
Não é aniversário de ninguém, nem data da morte de ninguém, apenas uma lembrança e nada mais.
GP de San Marino de 1982.
A Ferrari já tinha dado ordens expressas: se as circunstâncias favorecessem, Gilles Villeneuve venceria a prova.
Não esqueceram de combinar com Didier Pironi, o companheiro de equipe.
O francês que ignorou completamente o acordo.
Villeneuve morreu em Zolder naquele mesmo ano sem perdoar nem Pironi nem a Ferrari.
Duas conclusões:
1- Jogo de equipe é coisa antiga, ainda mais nos cavalinhos rampantes.
2- Sempre há um maluco que não dá a mínima para os jogos de equipe.




quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Tudo igual

Dizem, ouvi falar, ouvi dizer, me contaram, me disseram, tenho boas fontes...
E a informação é de que o Imperador há de cair.
Que na realidade já caiu, falta apenas a assinatura, oficialização, uma entrevistinha a um cachê módico e estamos conversados.
Troca, acabou, caiu.
E o que muda?
A rigor, nada.
Porque cai no papel, cai de direito, mas não de fato. Cai na hora de assinar os documentos, não na hora de estabelecer o texto que constará nos documentos.
Cai na hora do enfrentamento de câmeras, microfones, arquibancadas, aparições. Não na hora do que será dito aos microfones, da imagem que será captada pelas câmeras.
Cai deixando uma história de 23 anos oficialmente, mas deixando a cadeira para quem tem mais de 46 de corredores do poder.
Que não só conhece o sistema como contribui e contribuiu com seu estabelecimento.
E que trabalhará arduamente pela manutenção do sistema.
Não fica o legado, não ficam as boas lembranças, não vem a esperança.
Tudo está montado, costurado, esquematizado.
Porque esquema foi e continuará a ser a prática mais comum.
Talvez seja dedicada uma medalha pelos serviços prestados.
Isso se o novo ocupante não mandá-la diretamente para o bolso...