sábado, 24 de outubro de 2009

Esse é o Serginho



Sabadão de sol e, por enquanto, nenhuma novidade. Então, depois de uma semana estressante, vamos dar uma descontraída. E ninguém é melhor nesse ponto do que Serginho Chulapa. Por sinal, ele é um dos personagens do clássico entre Santos e São Paulo. Jogou nos dois, foi artilheiro e ídolo nos dois.
Quinta-feira à tarde, um encontro no CT Rei Pelé e uma tentativa de entrevista séria.
Este que vos escreve: "Serginho, jogar um clássico era diferente?"
Serginho: "Ah, era, eu preferia deixar de jogar na quarta-feira para jogar o clássico. É o jogo que chama a atenção dos torcedores e da Imprensa. É lá que você aparece. Eu deixava de sair e me cuidava a semana toda só para jogar um clássico".
Repórter (já imaginando a resposta): "Mas depois você compensava esse sacrifício, ainda mais se vencesse..."
Serginho (correspondendo às expecativas): "Ah, se eu ganhasse, só voltava pra casa na segunda-feira (risos)".
Repórter (abandonando a seriedade): "E se você o time ganhasse com gols seus?"
Serginho: "Aí eu só voltava na terça (gargalhadas)".
Com esse perfil, foram 242 gols pelo São Paulo (o maior artilheiro da história do clube) e 104 pelo Santos (maior artilheiro depois da Era Pelé). Deixa o cara sair...
Sobre Luxemburgo: só fica no Santos se Marcelo Teixeira também ficar. Se o presidente nem se candidatar, é adeus.
Imagens: blog Além das Quatro Linhas e www.universotricolor.com

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Fatos e direitos



Eis que abro o Blog do PVC e leio: Marcelo Teixeira anuncia desistência de canditatura. De acordo com o sempre bem informado Paulo Vinícius Coelho, a situação do Santos esteve reunida na quinta-feira e Marcelo foi taxativo. E agora, parece ser sério.
Com Marcelo fora da parada, dois nomes surgiriam: Norberto Moreira, atual vice-presidente, e José da Costa Teixeira, presidente do Conselho Deliberativo e que não tem nenhum grau de parentesco com o mandatário.
Sinceramente, não acredito. Primeiro, porque Marcelo adota essa prática desde 2001, quando foi reeleito pela primeira vez. Segundo, porque se não quisesse continuar à frente do Santos, não teria alterado o estatuto do clube do dia para a noite para que as reeleições não tivessem mais limites. Terceiro, porque o Santos completa 100 anos em 2012 e Marcelo quer porque quer que Santos seja sub-sede da Copa de 2014.
Mas vamos admitir que ele realmente desista. Alguém acredita que, seja com Norberto ou com Teixeirão, Marcelo não será o presidente de fato?
De qualquer forma, a permanência de Vanderlei Luxemburgo fica mais comprometida. A oposição já disse que não quer. E hoje, no Estadão, meu amigo Sanchez assina uma matéria dizendo que Luxa tem o acerto com o Internacional. O mesmo Inter que o sondou quando Tite saiu e que Vanderlei, em seu blog, disse que a negativa dada na ocasião não queria dizer que uma futura negociação não pudesse acontecer.
A banca de apostas está aberta. Para quem acha que o Santos pode ter o mesmo destino de Corinthians/Dualib, Palmeiras/Mustafá e Vasco/Euricão, a notícia é boa. Mas eu a aprovaria com ressalvas...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"Se"



Uma das teses mais corretas do futebol é aquela que diz que o "se" não joga. Futebol não tem "se"; tem resultados. Justos ou não, corretos ou não, isso é outro problema.
Porém, vamos dar um bico temporário nessa tese e admitir a presença do "se" para medir o tamanho do prejuízo do Palmeiras nas últimas rodadas. Haverá quem defenda que esse prejuízo é mínimo. O Verdão continuará líder na próxima segunda-feira. Só que a diferença pode ser de um ponto para o segundo colocado, quando poderiam ser 15.
O Palmeiras entrou na 28ª rodada com 53 pontos. Na ocasião, o São Paulo, segundo colocado, tinha 48, o Atlético-MG 47 e o Internacional, 44. No dia 8, o Avaí quase apronta no Parque Antártica, mas o jogo fica 2 a 2. Nessa mesma rodada, o São Paulo empata com o Coritiba (2 a 2), o Atlético perde para o Botafogo (3 a 1) e o Inter vence o Náutico (3 a 1). Então, o Palmeiras chega aos 54, São Paulo aos 49 e Inter e Atlético empatam com 47.
Veio, então, a rodada do feriadão, com jogos até na segunda-feira. No sábado, dia 10, o São Paulo perde para o Flamengo e o Inter empata em casa com o Atlético-PR. Na segunda, o Galo perde para o Cruzeiro e o caminho fica livre para o Palmeiras...perder para o Náutico, 3 a 0.
Tudo bem, pouca coisa mudou. Então vem o último final de semana. O São Paulo perde em casa para o Atlético-MG e o Inter empata com o Flamengo. Basta ao Palmeiras vencer o Flamengo...Petkovic dá um show no Palestra. E conta o Santo André, melhor nem falar muito...
Agora, vamos ao "se". Mudamos os resultados do Palmeiras e de mais ninguém. Digamos que o time tivesse vencido o Avaí, empatado com Náutico (era fora de casa) e Flamengo e tivesse superado o Santo André. Só nessa conta, o Verdão teria 61 pontos, contra os mesmos 50 do Atletico-MG. Na previsão mais otimista, ou seja, vitórias nos quatro jogos, chegaria aos 65. Seriam 15 pontos de diferença, com os outros disputando 24.
E o que aconteceu, então? O time viu a possibilidade de disparar, de ser campeão com várias rodadas de antecedência e se empolgou. Entrou nos jogos se lançando ao ataque, sem padrão nenhum. Assim, se expôs aos contra-ataques e levou gols. E, atualmente, quando isso acontece, o time se perde de vez. Contra o Santo André, por exemplo, parecia que os jogadores estavam mais preocupados em saber com que cara olhariam para a torcida e a Imprensa do que em tentar virar o jogo.
Mas isso é bom, indica que o time tem jeito. O que precisa é Muricy Ramalho usar a experiência que tem e trabalhar com essa afobação, os jogadores mais rodados controlarem os menos experientes e o time se encontrar novamente, jogar jogo a jogo, pensar só no próximo adversário. Esqueçam críticas e estatísticas, como a de que os campeões por pontos corridos não tiveram essa queda. Tudo isso passa com uma boa sequência. Agora, façam essa boa sequência, ou então o "se", usado sete vezes até agora, será transformado em São Paulo, Atlético-MG, Inter, Flamengo...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Várias variáveis



A mais nova informação sobre Bruno Senna saiu na revista Autosport: ele pode realizar testes com a Renault.
Em Interlagos, Bruno disse estar negociando com todas as equipes novas "e mais algumas do paddock". Ou seja, a Renault poderia, sim, estar na jogada. Há uns dois meses, o assessor de imprensa de Bruno deu-me essa mesma informação.
A Renault já contratou Robert Kubica e está louca para despachar Romain Grosjean, o último resquício da Era Briatore. Pela lógica, quando uma equipe não procura um piloto de ponta, promove o reserva, no caso, o brasileiro Lucas di Grassi. Só que a Renault ainda não veio a público dizer o que vai fazer e as especulações são as maiores.
Lucas di Grassi é contratado da equipe e correu na GP2 neste ano. Profissionalmente, seria o cara para assumir o cockpit. Mas Lucas não tem DNA e quem conhece Fórmula 1 sabe que a promoção do espetáculo vale mais do que o talento de quem pilota. Não sou louco de afirmar que Bruno é um mau piloto, mas o sobrenome é muito mais pesado; atrairia mais gente, em todos os aspectos.
No início desta temporada, Bruno e Lucas deram voltas em torno do carro da Brawn GP, esperando que a música parasse para que o mais rápido sentasse no cockpit. A música não parou. Mr. Ross não tinha tempo para testes e colocou nos classificados: precisa-se de piloto "com experiência".
Na Rede Globo, se você acompanhar as notícias por lá, o importante é que os dois consigam emprego. Seriam quatro brazucas na categoria em 2010. Mas que a brasa está sendo puxada para a sardinha sennística, ah, isso está. Lucas é mais um brasileiro na Fórmula 1. Bruno é um Senna na Fórmula 1. Vamos aguardar.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um técnico de verdade



Não é todo mundo que reconhece a pessoa que aparece nesta foto. Mas não tem problema: ele não está em busca de reconhecimento.
Este é Kleiton Lima, técnico do time feminino do Santos FC e da Seleção Brasileira. No domingo, meia hora antes do GP do Brasil de Fórmula 1, ele sagrou-se campeão da Copa Libertadores da América.
Evidentemente, o futebol feminino está a anos-luz de ser aceito no Brasil, mas já evoluímos bastante. Mesmo quem não leva a modalidade a sério sabe pelo menos quem são Marta e Cristiane.
Tive o prazer de conversar com Kleiton Lima. Não foi a primeira vez, mas a honra foi a mesma. Homem calmo, humilde, consciente. Sabe que não ganhou nada sozinho. Atende o celular e fala com você o tempo que for necessário. E jamais senta em cima de uma conquista para bater no peito e dizer que é o melhor. Não, ele busca sempre mais.
Kleiton Lima começou quando o futebol feminino era somente preconceito e falta de apoio. Hoje, um está um pouco e menor e o outro um pouco maior. Foi garimpar talentos, brigar por competições sérias, bater de frente com uma série de problemas. Hoje, colhe os frutos.
Kleiton Lima não se considera a estrela maior. Monta o melhor time do Brasil, reforça com a melhor jogadora do mundo e não reivindica seu lugar de astro. Sabe que, por mais que trabalhe, elas fazem os resultados.
Kleiton Lima não briga com as jogadoras, principalmente se forem estrelas. Não quer aparecer mais do que elas. Kleiton Lima não promete títulos antes da hora; trabalha jogo a jogo. Kleiton Lima não fala em cima de possibilidades, não se intromete naquilo que não lhe compete.
Kleiton Lima não custa milhares de reais aos cofres de um clube, mas dá um retorno que vale muito mais que qualquer investimento.
Kleiton Lima não tem atividades suspeitas, não sofre acusações de receber dinheiro de atletas. Kleiton Lima jamais foi alvo de CPI nem precisou tirar outro documento de identidade.
Kleiton Lima não coleciona inimigos na Imprensa. Kleiton Lima não sonha em comandar um clube. Muitos dirão: "mas com o time que ele tinha, qualquer um consegue". Era isso que pensavam sobre os galácticos do Real Madrid...
Kleiton Lima conquistou um título continental e não reivindica seu lugar de rei. Prefere contiunuar a ser um humilde servo do que virar o bobo da corte...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Day after



Toda atitude sistemática é digna de suspeita. Ser um defensor insano ou um crítico contumaz de uma pessoa também. Melhor é a avaliação pelo momento, pelas circunstâncias.
Nesses quase 18 anos de Fórmula 1, Rubens Barrichello enfrentou muito mais contumazes do que insanos. Deu motivos, é verdade, aceitou coisas que pouca gente aceitaria, mas aguentou críticas por vezes injustas, vindas sobretudo de humoristas sem talento e de pessoas que desde 1º de maio de 1994 não sabem nem como é um carro de Fórmula 1.
Barrichello não teve culpa pelos fatos ocorridos em Interlagos. Um pneu furado, a estratégia acertada dos adversários e um companheiro de equipe competente. Era ele sozinho contra tudo isso.
Jenson Button foi campeão por ser competente. Venceu seis das sete primeiras provas e administrou a pontuação até Interlagos. Depois de tanto tempo relaxado, fez um esforço sobre-humano para chegar em quinto. Longe de ser o vencedor; suficiente para tirar as lentes de Mark Webber.
Rubens tinha uma boa estratégia. Como líder, tentaria abrir vantagem, entraria antes de todo mundo e voltaria à pista com o prejuízo mínimo. Encheu o tanque, ficou com o carro pesado e foi ultrapassado por Sebastian Vettel. O alemão pararia logo, foi o que todos pensaram. E essa era a armadilha: Vettel retardou ao máximo a parada. Tinha um carro leve contra uma pesada Brawn. Claro, foi embora. O que "matou" Barrichello foi a ultrapassagem que levou de Robert Kubica. Essa, sim, não estava no script.
Não bastasse isso, há tempos Button não fazia uma corrida tão boa. O inglês não estava com a menor vontade de levar a decisão para Abu Dhabi. Coisas de inglês; nada de fortes emoções, melhor assim...
O pneu furado pode ter vários motivos. Barrichello acha que foi justamente pelo fato do carro estar pesadão.
Mas Barrichello não perdeu o título. Foi Button quem venceu. Ele, sim, foi competente e fez tudo na hora certa. E um campeonato por pontos corridos dá o prêmio a quem é mais competente. Se Button precisou vencer menos do que outros campeões mundiais, é outro problema. Daqui a 30 anos, na galeria dos campeões da Fórmula 1, o nome dele estará lá.

domingo, 18 de outubro de 2009

Button, com méritos

Um campeonato por pontos corridos dá o prêmio aos mais competentes. Jenson Button venceu seis das primeiras sete etapas da temporada, administrou a liderança quando pôde e foi ousado no momento em que era necessário. O título mundial de Fórmula 1 está em excelentes mãos.
Há anos na categoria sem o devido reconhecimento, trocado lá atrás por Fernando Alonso, Button precisava de um título. Aos 29 anos, é o 31º campeão nas 60 edições da categoria.
Em Interlagos, o inglês fez a prova mais ousada deste ano. Saiu em 14º, foi beneficiado por acidentes e uma entrada do safety car e não pensou duas vezes para ultrapassar quem estivesse à frente para terminar com um mais que suficiente quinto lugar. Como Rubens Barrichello chegou em oitavo, mesmo se Button não terminasse a prova, iria comemorar.
Barrichello pulou na frente de Mark Webber e segurou a pole. Mas vieram o acidente envolvendo Jarno Trulli e Adrian Sutil no Laranjinha (o italiano tentou passar por fora, perdeu o carro, bateu na Force India, que estava no traçado e ainda foi reclamar com Sutil depois) e a entrada do safety car.
E nos boxes, hein? Heikki Kovalainen levou a mangueira embora, no melhor estilo Felipe Massa em Cingapura, o combustível escapou e pegou a carenagem quente da Ferrari de Kimi Raikkonen. Por pouco, Interlagos não vê uma tragédia...
Barrichello fez o certo em um dia que iria dar errado. A estratégia era disparar na frente, fazer a troca de pneus antes de todo mundo e voltar sem muito prejuízo. Ele fazia voltas mais rápidas em sequência, até parar na 21. Encheu o tanque, voltou em 11º e foi ultrapassado por uma Sebastian Vettel mais leve. "Tudo bem, ele vai parar logo", pensou o brasileiro. Aí sim, foi surpreendido novamente...
Button vinha lá atrás. Teve um trabalho danado para passar um japonesinho chato da Toyota...ê, Kobayashi, vai dar o que falar...mas passou e veio se garantindo aos poucos nas posições que precisava. Enquanto isso, Robert Kubica também passou Barrichello.
Mark Webber, que herdou a liderança com a parada de Barrichello, só foi para os boxes na volta 26. E voltou na liderança, com Vettel em segundo, Kubica em terceiro e Barrichello em quarto. Button só entrou na volta 29 e logo depois ultrapassou Sebastien Buemi.
Aquela supresa para Barrichello veio depois: Vettel entrou nos boxes na volta 37 e tinha a possibilidade de fazer uma só parada. Na volta 50, o brasileiro fez a segunda parada e, na volta, passou a ser perseguido por Lewis Hamilton. A 17 voltas do fim, Button entrou. Duas voltas depois, Vettel colocou 5.8 segundos de combustível. Parada rápida.
Mark Webber ia se garantindo lá na frente e Barrichello viu as chances de título (vitória em Interlagos era quase impossível) irem embora de vez a 10 voltas do final. Pelo rádio, ele comunicou a Brawn GP sobre trepidação no pneu esquerdo traseiro. Na sequência, Hamilton o ultrapassou. E a Brawn avisa que o tal pneu estava furado. Barrichello entra nos boxes e cai para oitavo.
As câmeras esqueceram Mark Webber, colocado em segundo plano no lugar mais alto do pódio. Toda a mídia voltou-se para o quinto colocado. Burron comemorava, com todos os méritos e com emoção ao extremo. E dividindo tudo com a equipe. "We are the champions...WE are the world champions".