sábado, 6 de fevereiro de 2010

O ganha-pão

Ronaldo Soares Giovanelli foi goleiro titular do Corinthians por quase uma década. Conquistou três campeonatos paulistas, um brasileiro e uma Copa do Brasil. Enquanto esteve no Parque São Jorge, era um dos ídolos da torcida corintiana.
Ao deixar o Parque São Jorge, Ronaldo rodou por Fluminense, Portuguesa, Portuguesa Santista, sem jamais repetir a história que teve no Corinthians. Encerrou a carreira esquecido, até reaparecer como comentarista em uma emissora de TV de baixa audiência.
Ronaldo foi a Santos, participar de um evento da loja Poderoso Timão. Por ter participado de duas edições da Libertadores, apesar de ter fracassado em ambas, acreditava-se que o ex-goleiro renderia uma boa matéria, já que o Corinthians conta os dias para reestrear na competição. Estava ele gravando vídeos e a ideia era simples: uma entrevista rápida em um intervalo dessas gravações.
"Eu não vou dar entrevista. Vou fazer o nosso aqui, que é o ganha-pão".
Quanta inocência do repórter!! Achou que um ex-jogador não precisasse mais de um ganha-pão. Imaginou que estivesse diante de um Taffarel, de três Copas do Mundo, ou de um Júlio César, titular da seleção de há anos dono da posição em um clube de ponta da Europa, mandando o ótimo Francesco Toldo para o banco. Ou até mesmo de um Dida, com seu jeito calado, mas também ídolo no Corinthians e por anos titular do Milan.
Não, o repórter estava diante de um ex-goleiro que não tem história na seleção brasileira. Que conquistou títulos também conquistados por joias como Maurício, Nei e Doni. Que hoje é um personagem esquecido. Hoje, quando você fala que vai entrevistar o Ronaldo, os olhos das pessoas arregalam. Pensam que se trata do Fenômeno, não de alguém que deixou o clube pela porta dos fundos e que atualmente precisa gravar vídeos para ter um ganha-pão.
Coisas do futebol...um dia, ídolo, no outro, ninguém, mas achando que ainda vive a fase de ídolo...Ronaldo se nega a dar entrevistas...Pelé jamais se negou...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Em 2003

O ano era 2003. Este que vos escreve foi designado para fazer a cobertura de uma partida de futsal, em um dos vários torneios populares existentes na Baixada Santista. Jogo entre categorias menores.
Ao chegar no ginásio, a quase impossível pressão tornou-se bem possível. Pais de jogadores de uma das equipes estavam indignados com uma matéria publicada no jornal naquela data. O texto mostrava que um jogador destacava-se em um outro time, pois fazia a diferença em quadra. O time era um com ele e outro sem ele. "É ele contra o resto? Parece que o campeonato só tem ele", disse um dos pais. "E o pessoal do time dele também não gostou. Parece que ele joga sozinho", disse outro, demonstrando aquele conhecimento de causa que só o achismo é capaz de traduzir.
Minutos depois, em conversa com pessoas mais equilibradas, mais informações sobre o personagem da tal matéria. "É marrento, mas joga muito. Vai longe. Dizem que tem empresário dos grandes de olho nele".
Os times vão para a quadra e o tal garoto da polêmica entra por último. Tênis colorido, faixa na cabeça, parecia querer ser mesmo o centro das atenções. Muita pretensão para quem só tinha 11 anos de idade. Pose e discurso de craque da seleção brasileira. "Quero vê-lo com a bola nos pés", pensei.
O jogo começou. E enquanto a bola rolou, por várias vezes tive a oportunidade de olhar para aqueles pais antes revoltados. Meu olhar indicava a pergunta: "Ele faz tudo isso e vocês acham que não rendia uma matéria?" A abaixada de cabeça deles mostrava a resignação. O moleque era marrento mesmo, muito marrento, por sinal. Mas como jogava! Confirmou o que disse a matéria e fez a diferença.
Não me lembro o placar daquele jogo, mas sei que o time do marrentinho ganhou. Ah, e ele fez, sim, a diferença. Um ou dois gols, não mais do que isso, mas com jogadas geniais e passes precisos. Fazia tudo e passava a bola para o companheiro só concluir as jogadas. Consagrou os colegas. Saiu da quadra aplaudido e reconhecido. Podiam não gostar, mas que o moleque era bom, ah, isso era.
O nome dele? Neymar...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A maior derrota

Mano Menezes sofreu em Campinas sua maior derrota desde que chegou ao Corinthians. Se o time perdeu para a Ponte Preta, o que não é nenhum absurdo, Mano perdeu para Finazzi.
Finazzi foi contratado em 2007 para ter sua primeira oportunidade em um grande clube. Não é nenhum gênio da bola, mas vinha bem para os padrões dele, talvez não tão bem para os padrões de um exigente Corinthians. O importante é que fazia os gols dele e não comprometia. Mas teve problemas com Mano. Dizem que a questão seria extra-campo, aquelas coisinhas que acontecem no futebol dos empresários. Fato é que Finazzi caiu em desgraça com o treinador.
Como Mano jamais viveu uma fase ruim no Parque São Jorge, pouca gente se importou com a saída do atacante. Mano devolveu o Corinthians à Série A do Brasileiro, foi campeão paulista invicto e levou também a Copa do Brasil de 2009, colocou o time na Libertadores no ano do centenário e vive uma lua-de-mel com a parte da torcida que interessa. Quem ligaria para Finazzi?
Mas o atacante rodou por alguns clubes, o mundo girou e finalmente Mano e Finazzi se encontraram em Campinas. O treinador levava a melhor com o gol do bom volante Jucilei, quando Finazzi sofreu um pênalti que Fabiano Gadelha não desperdiçou. Minutos depois, o atacante escora um cruzamento, vira o jogo e decreta o fim da invencibilidade corintiana no Paulistão. Foram 28 jogos, quase dois anos sem perder.
Finazzi ficou bem caladinho. Deu a resposta em campo. Mano não deixou de mandar aquele irritante sorriso irônico. "Não se pode ganhar todas", disse. É verdade. Perder faz parte; perder no Campeonato Paulista não é nenhuma vergonha. Perder para a Ponte Preta em Campinas por um placar apertado é absolutamente aceitável. Perder para Finazzi é algo que Mano não vai esquecer tão cedo...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Vai ser massa...

Eu disse, disse novamente e vou dizer mais uma vez: Felipe Massa não terá vida fácil neste ano.
Fernando Alonso precisou de apenas 29 voltas para superar o tempo do brasileiro em Valencia. O espanhol cravou 1min11s470. E foi apenas o primeiro dia de testes dele com a Ferrari, uma equipe nova para ele e da quinta temporada de Massa.
Desde o final de 2006, a Ferrari não trabalha de maneira explícita para um só piloto. Em 2007, deu uma ajuda a Kimi Raikkönen a partir do momento em que Massa estava fora da briga pelo título. Em 2008, fez o inverso. E em 2009...foi melhor planejar 2010...
Há uma corrente que inocenta Alonso pelo caso McLaren 2007. Dizem que Lewis Hamilton foi o culpado ao não aceitar privilégios a um forasteiro. Mas que Alonso exigiu um pouco mais baseando-se nos dois títulos mundiais anteriores, exigiu.
Alonso pode exigir tudo de novo agora. Se os títulos ficaram para trás, o patrocinador não. Ele levou para Maranello e está financiando muita coisa lá dentro, inclusive o próprio Alonso. Ou seja, ou Massa manda bem no cockpit ou aquela famosa briga entre os dois em 2007 estará de volta. E com outra vitória de Alonso...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mais uma vez

Hernanes não foi vendido para a Europa. Outra vez tinha propostas, as propostas eram boas, irrecusaveis, vai sair, segura ele, São Paulo e...ficou.
É muito difícil um jogador ter uma proposta do exterior e permanecer no Brasil, mesmo que seja em um clube de ponta. Mais difícil ainda é esse processo repetir-se algumas vezes, como vem acontecendo com Hernanes.
Acontecia a mesma coisa com Kléber Pereira no Santos. Havia uns períodos de calmaria e depois choviam propostas da Europa. Ele dizia isso para a Imprensa, o irmão/empresário confirmava, falta pouco, agora vai e...o Santos dava um aumento e segurava. Passava um tempo, começava tudo de novo. A última era do Catar, essa irrecusável. Estranho foi ver um jogador que despertava tanto interesse de fora ir parar no Internacional. Repetindo: o Inter é grande, mas para quem tinha tantas propostas do exterior...
Hernanes está feliz por ficar, diz que acabou a tensão. Mas a Europa só fechou a janela porque anda fazendo muito frio por lá. Logo o calor chega e a abertura será inevitável. Começaria tudo de novo?

Agora não precisa

Primeiro dia de testes na Fórmula 1. A Imprensa pergunta a Rubens Barrichello qual o conselho que ele daria a Nico Rosberg, que hoje ocupa o cockpit da Mercedes, ex-Brawn GP, da qual o brasileiro fazia parte. Ao lado de Nico estará um certo Michael.
A resposta do brasileiro foi clara e direta: "Sai fora de lá enquanto é tempo".
Rubens Barrichello passou seis temporadas na Ferrari, à sombra de Michael Schumacher. De 2000 a 2005, foi tratado em Maranello como o "outro piloto". A equipe trabalhava em prol do alemão e o que sobrava ficava para um segundo carro, porque era necessário ter outro carro na pista. O maior incentivador dessa prática e um dos mais empolgados com a presença de Schumacher era um tal de...Ross Brawn.
Enquanto esteve lá, Barrichello nunca abriu a boca para dizer um "A" sobre isso. Sempre dizia que estava tudo bem, que era maravilhoso estar na Ferrari. Quando questionado sobre a forma de trabalho adotada na equipe, respondia com um sorriso. Foi a forma encontrada para responder a tirada de pé no acelerador na Áustria, em 2002 (Hoje não, hoje não, hoje sim...).
Em 2006, Barrichello pulou ou foi pulado fora. Enfim, não estava mais lá. E desde então não perde a oportunidade de detonar a ex-equipe e os ex-patrões. Sempre que pode, diz que tudo o que acontecia ali era um enorme absurdo, reclama de ter sido sempre o segundo e afirma que nunca aceitou o tratamento que recebia em Maranello. Já ameaçou escrever um livro umas 30 vezes. Quando viu que Schumacher pensava em voltar e poderia cair de novo nos braços de Brawn, deu adeus.
Barrichello só esquece que teve seis temporadas para fazer tudo isso. Poderia ter dito para a Imprensa o que acontecia no motorhome vermelho; não disse. Poderia ter demonstrado indignação enquanto vestia o macacão vermelho; não demonstrou. Barrichello é um bom piloto, não ficaria sem emprego. Mas esperou a saída para dizer que tudo estava errado. Talvez por isso ele esteja esperando há 17 anos a mudança de condição de bom piloto para piloto consagrado...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A pergunta

Quem acompanha este espaço sabe qual foi meu posicionamento a respeito do retorno de Robinho ao Santos. E sabe também quais foram os argumentos para justificar a opinião. Como o cara veio mesmo, não vou passar seis meses dando murro em ponta de faca, sob o risco da fama de antipático tornar-se ainda maior.

O fato é que desde a semana passada estou ouvindo aquela pergunta que fatalmente meus colegas que fazem ou já fizeram a cobertura do Santos FC também têm ouvido: "Robinho vai dar certo ao lado de Neymar?" A resposta mais correta seria: pode dar.

Robinho já é conhecido, não precisa falar muito dele. E que Neymar é um grande jogador, isso é algo sabido desde meados de 2002, 2003, quando ele estava no futsal. São estilos parecidos. Os dois pegam a bola e vão pra cima; saem driblando sem medo de cara feia. Se for necessário, dão uma inventada que quase sempre resulta em uma jogada genial.

Jogam pelo mesmo lado do campo, o esquerdo, embora Neymar tenha uma aptidão maior para cair pela direita. Assim, fica respondida a pergunta sobre o espaço para os dois no campo.

Se em campo há um caminho para dar certo, o questionamento passa a ser sobre a vida fora dos gramados. Robinho não é especialista em assuntos encefálicos, coisa que Neymar pode ser. Ainda está em uma idade que dá para encaminhar bem. Neymar está perto dos 18 e, ao que tudo indica, é bem orientado pelo pai. Se curte balada ou não, é bom considerar a idade, o salário e o momento atual. É só não deixar que prejudique o rendimento em campo, por exemplo, não vá se no dia seguinte tiver treino pela manhã.

Entre o elenco, pode ser (atenção...pode) uma boa. Os dois vivem dando risada e fazendo brincadeiras. Isso é importante em um time. Muita gente pode achar que não, mas um bando de jogadores juntos quase o tempo todo, uma hora estressa. E os dois dão uma quebrada nessa tensão.

Agora é esperar. Que pode dar certo, pode. Se vai dar certo...vamos esperar...

Apenas o começo

Fraco, bem fraco o primeiro dia de testes da Fórmula 1. Na verdade, o primeiro período, já que quase sempre haverá treinos pela manhã e à tarde.
Apenas sete pilotos foram para a pista em Valencia. Dos males o menor: seis eram titulares.
Felipe Massa foi o mais rápido: 1min13s552. Mas é bom lembrar: apenas sete carros na pista.
Por motivos de força maior, o resultado da tarde não será divulgado em tempo (quase) real neste espaço. Amanhã, se a Timganei permitir, teremos um apanhado geral.
Isso vai esquentar. E aí vai ficar bom.
Olha os resultados aí:
1º Felipe Massa (Ferrari) - 1min13s552 (20 voltas)
2º Gary Paffett (McLaren) - 1min14s018 (21)
3º Pedro de la Rosa (Sauber) - 1min14s898 (9)
4º Robert Kubica (Renault) - 1min15s298 (20)
5º Rubens Barrichello (Williams) - 1min15s660 (26)
6º Nico Rosberg (Mercedes GP) - 1min18s228 (15)
7º Sebastien Buemi (Toro Rosso) - 1min26s395 (5)