terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Profissão Maldade

Essas são as primeiras palavras que escrevo hoje.
As primeiras de muitas que ainda virão. Curtas, longas, acentuadas, pontuadas, que sigam as regras ortográficas com o total da lealdade.
Os temas são muitos, diversos, variados.
E a intenção?
Denegrir, criticar, execrar, interpretar mal, exagerar e, se possível, matar.
É para isso que existo. É para isso que existem colegas espalhados nas redações de jornais, revistas, emissoras de rádio, TVs, sites etc etc etc.
Existimos para sensacionalizar, exagerar, denegrir, provocarmos discórdia.
Não somos dotados de inteligência suficiente para sabermos interpretar palavras, fazer a leitura exata do que o entrevistado quis dizer.
Interpretamos da maneira que nos interessa, do modo que provocará um aumento nas vendas, uma explosão na audiência.
Quem disse isso?
Muita gente.
O último foi Giovanni.
Primeiro, a entrevista ao jornal O Liberal. Disse que Paulo Henrique Ganso era isso, era aquilo, a família dele era aquilo outro.
Entrevista publicada e, claro, repercussão violenta.
"Quanto sensacionalismo. Por isso não gosto de dar entrevistas", escreveu o ex-jogador no Facebook.
Então não desse a entrevista. Não falasse nada, recusasse, fechasse a matraca.
Porque o cidadão fala, deixa gravar, diz que pode publicar e depois parte para os argumentos da má interpretação, do exagero, do sensacionalismo.
Muricy Ramalho e o Santos estão procurando Messi até agora.
O Barcelona não colocou um atacante de fato em campo, fez o que quis e Muricy diz que, se fizesse o mesmo, seria execrado pela Imprensa.
Ou seja, não soube ousar por culpa da Imprensa.
Levou um couro por culpa da Imprensa.
O clube não fecha a negociação com um jogador.
Porque não teve competência ou a porcentagem que iria parar nos bolsos acabou com tudo.
Mas a contratação não saiu porque vazou na Imprensa.
"Vocês atrapalharam".
Dunga estava na Copa de 2010 dizendo que não adiantava ganhar aquela Copa e perder a de 2014.
"Senão, vocês já vão falar".
Não chegou nem nas semifinais em 2010.
Existimos para aumentar, inventar, delirar.
Queremos vender, queremos fama, queremos audiência.
Somos maldosos, ruins, incompetentes.
O médico não sai de casa disposto a trocar um diagnóstico. O advogado não pensa em inverter uma causa. O engenheiro não tem a intenção de derrubar um prédio. O motorista não sonha em tirar os freios do taxi. O cozinheiro não planeja um modo fácil de deixar a comida estragar.
O jornalista sai de casa com a lista nas mãos.
As vítimas do dia.
A minha está quase pronta para hoje.
E já estou pensando nos nomes para amanhã...