sábado, 20 de fevereiro de 2010

Nada a estranhar

Não estranhem se neste domingo os jogadores do Palmeiras comerem a grama do Palestra Itália. Quase sempre a história é essa: o time não é ruim, mas não está se acertando; troca o treinador e, na partida seguinte, os caras arrebentam, jogam além do que sabem. Se vencerem, vão dizer que tiveram uma motivação a mais com a chegada do novo comandante.
Claro que todos nós, do lado de fora, acreditamos. Afinal, a culpa toda era do Muricy. Foi por culpa dele que havia dirigentes torcendo contra o time, foi por culpa dele que o time não se acertava, foi por culpa dele que a torcida exigiu reforços.
Que culpa têm os dirigentes? O fato de sustentarem uma torcida que depois agride Vágner Love em nada influencia. O fato de demitirem jogadores brigões pelos microfones das emissoras de rádio quer dizer menos ainda. Menos culpa têm eles por dificultarem a vinda de reforços para que o antigo treinador não obtivesse resultados. Não, a culpa era do Muricy.
Jogadores que não apresentavam toda aquela vontade, que não respeitaram o torcedor que saiu de casa, pagou ingresso caro, tomou chuva e viu o time ser goleado em casa também não têm culpa. Não, a culpa era do Muricy.
Portanto, se os jogadores sangrarem no classico, não será estranho. Estranho seria haver algum dirigente com peito para dissolver o elenco e manter o treinador. Mais estranho ainda seria haver dirigente com peito para sair por conta própria e dizer: "Meu clube de coração não merece um cara-de-pau como eu no comando".

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Jornalismo FC

Na primeira partida das finais do Campeonato Paulista de 2009, Ronaldo deu um drible no horroroso lateral Triguinho e encobriu Fábio Costa na Vila Belmiro. O Corinthians venceu por 3 a 1 por ser um time espetacular, ter um treinador fantástico e por Ronaldo ser um Fenômeno.
Na quinta-feira, Robinho puxa um contra-ataque e encobre o goleiro do Bragantino. O Santos vence por 6 a 3 porque o adversário era horroroso e tinha um péssimo goleiro.
Toda vez que um jornalista esportivo disser que não torce para nenhum clube e que o time dele é o Jornalismo FC, desconfie. Não há jornalista esportivo que não tenha, no mínimo, visto milhares de jogos pela TV. A maioria frequentou estádios, colecionou álbuns de figurinhas, leu as revistas especializadas, teve camisas de clubes e, enquanto a molecada do colégio falava de videogame, eles discutiam as semifinais da Uefa Champions League. E é quase impossível haver uma pessoa que tenha feito tudo isso sem torcer para nenhum time.
Jornalista esportivo é um torcedor como qualquer outro. O problema é que alguns levam essa paixão para as linhas escritas e as palavras ditas. Curiosamente, os que mais adotam essa prática são os torcedores do Jornalismo FC, pois, em nome da ética, da isenção e do profissionalismo, times, jogadores e treinadores podem ser endeusados ou execrados.
Foi essa isenção que fez com que dois textos de uma agência de notícias brasileira chamasse a atenção. Curiosamente, matérias sobre o São Paulo. A primeira, em 2008, após a vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense, pela Libertadores (o São Paulo seria eliminado no jogo de volta). Basicamente, a repórter escreveu que o São Paulo era o melhor time do Brasil e o Fluminense fazia uma figuração. Meses depois, outro texto, de outra autoria, descia a lenha no São Paulo, ao ponto de dizer que Dagoberto já deveria ter ido embora do Morumbi. Textos informativos.
Os isentos se esbaldaram em 2009, com as conquistas do Corinthians e as apresentações de Ronaldo. Jornalisticamente, descarregaram a paixão em textos e comentários.
E agora não querem reconhecer que o Santos é o melhor time do Campeonato Paulista. Robinho fez um gol de letra contra o São Paulo, mas a discussão foi a paradinha do Neymar. O assunto nunca foi debatido com tanta seriedade, mas explica-se: a vítima foi Rogério Ceni. O gol foi no São Paulo. E é um absurdo o espetacular São Paulo levar gols, afinal, é o melhor do Brasil, o que melhor contrata, o clube que tem planejamento. Jornalisticamente, claro.
Agora o Santos faz seis gols numa partida, um dos quais por cobertura e tudo é explicado na fragilidade do adversário. Ironicamente, o Mogi Mirim, derrotado pelo Corinthians e por Souza, não era fraco. O Barueri, que levou a virada do São Paulo, não era fraco. Mas a análise é jornalística, imparcial, isenta e profissional, mesmo que o jornalista tenha acordado tarde e, na pressa, sem querer, tenha vestido a camisa do clube de coração antes de escrever. E não era a camisa do Jornalismo FC...

Sofá vendido

Fala, Zagallo: "Aí, sim, fomos surpreendidos novamente". Eu avisei no twitter que o blog corria o risco de ficar desatualizado. E ficou. Muricy caiu meia hora depois...
A surpresa não foi pela queda do treinador, mas pelo momento. Esperava-se que o Palmeiras segurasse até o clássico com o São Paulo, domingo. Não, a diretoria correu e fechou com Antônio Carlos Zago.
Correu naquelas. Está claro que já havia conversas entre as partes. Como são poucos os cartolas que passam confiança e como o sr. Zago desconhece os sentidos da palavra "ética", o fogo estava aceso e não era de hoje.
No post anterior, Dudu Fernandes fez uma análise brilhante nos comentários e lembrou algo que o blogueiro havia esquecido: a questão Cipullo x Muricy. O diretor já havia pedido a cabeça do treinador no final do ano passado, depois da vergonhosa desclassificação para a Libertadores, depois de um título assegurado (e também perdido). Agora, Cipullo esperou a primeira oportunidade e mandou Muricy pra bem longe do Palestra.
Se houve boicote de jogadores, não dá para afirmar e não serão os atletas que vão dizer. Por enquanto, o que parece é que o Palmeiras deu o flagrante na mulher infiel no sofá e resolveu o problema: vendeu o sofá, leia-se Muricy e Toninho Cecílio. Enquanto isso, Cipullo, que boicotou o treinador, continua. Até quando?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Coisa preta no lado verde

A diretoria do Palmeiras tentou ser racional e não demitiu Muricy Ramalho neste momento. Agiu corretamente. Faltam três dias para o clássico com o São Paulo e, na semana que vem, tem o jogo de volta contra o Flamengo-PI, pela Copa do Brasil. Mas não se sabe até quando Muricy permanece no cargo.
No clube, todos, inclusive ele, negam um possível boicote dos jogadores, mas a forma como o Palmeiras foi derrotado pelo São Caetano é de se estranhar. Muricy enalteceu as qualidades do adversário e tem razão nisso, pois temos a mania de buscar motivos para a derrota do gigante quando, por várias vezes, o pequeno teve todos os méritos. Mas não foi o que aconteceu no Palestra Itália. O São Caetano esteve bem, mas foi favorecido por uma estranha passividade Alviverde.
Muricy, ao que consta, não é odiado pela torcida, que descarregou a ira sobre o time e alguns dirigentes. E com razão. Pouco antes da partida, caiu uma chuva de fazer história na região do estádio e as ruas próximas ficaram inundadas. O torcedor que conseguiu chegar pagou um ingresso caro, voltou pra casa tarde (o jogo acabou perto da meia-noite) e viu "aquilo" em campo. Qualquer um protestaria. Mas Muricy passou ileso por essa.
É impossível dizer que o treinador esteja seguro no cargo. E o clássico de domingo determinará o futuro. A Copa do Brasil está apenas na primeira fase e, depois de domingo, o Palmeiras disputará 27 pontos do Paulistão. Ou seja: se tiver que mandar o treinador embora, que seja agora. E Muricy só não foi porque é semana de clássico. Mas é bom a diretoria abrir os olhos com o elenco. Podem negar, mas que a coisa anda estranha pelos lados do Palestra, ah, isso anda...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Mais Leite

Mano Menezes perdeu a paciência. A uma semana da estreia na Libertadores, não conseguiu formar o time ideal para a competição. Uma contusão aqui, uma suspensão ali, um improviso depois e os 11 que ele pensa escalar na quarta-feira que vem simplesmente não jogaram juntos nenhuma vez.
Mano já tem na cabeça os 25 inscritos e tem mais ainda os 11 titulares. A ideia dele era usar o Paulistão (usar, porque o Corinthians não está nem aí para o Estadual) para dar entrosamento a esses 11. Não conseguiu e ficou bravo.
Mais do que não ter os 11 que ele considera ideais, Mano vê o time não se acertar. Não houve, neste ano, uma só partida em que seja possível dizer que o Corinthians jogou bem. O melhorzinho que o time conseguiu foi na vitória sobre o Palmeiras e olhe lá, graças a Felipe.
A verdade é que Mano está preocupado. Sabe que ninguém no clube pensa em outra coisa que não seja no título da Libertadores no ano do centenário. E sabe mais ainda o que pode acontecer se esse título não vier. E o que é pior: está mais ciente ainda que, do jeito que a coisa anda, esse título não vem.
Que fique claro que o blogueiro não está fazendo previsões, mas se Mano quer mesmo a Libertadores, terá muito o que trabalhar, descer um pouquinho do salto e mexer no time com as peças que tem. Pode acertar? Sim. Mas, se errar, ficará marcado. Não por devolver o time à elite do Brasileiro. Não por levar o time à Libertadores, mas por não vencer a competição continental, mesmo inchando um elenco com jogadores de seu interesse. E aí não vai ter Leite que alivie essa asia...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Bate e não assopra

Já encheu a paciência essa história de zagueiros sem recursos usarem a violência na hora de parar uma jogada de talento. Neymar já vinha reclamando disso e até brincou com Robinho dizendo que agora teria com quem dividir as caneladas inimigas. Mas o que aconteceu domingo, no Pacaembu, foi uma vergonha.
Juro que tentei contar quantas botinadas Neymar ia levar durante a partida, mas perdi as contas. Lembro que até os 10 minutos do primeiro tempo, foram umas 4 ou 5, das quais duas sem bola e, mas absurdo que isso, na segunda a bola estava do outro lado do campo. O cidadão veio, deu uma no tornozelo do menino e foi embora.
Se para muita gente o Santos não jogou tão bem diante do Rio Claro,. há que se considerar esse fator. Robinho (ok, esse não foi bem mesmo) mal pegava na bola e não conseguia nem dar o segundo toque, porque já tinha uma perna com meião azul para derrubá-lo. E a falta não era o último recurso; era o primeiro, ou seja: Neymar e Robinho pegavam a bola e já eram derrubados antes que tentassem dar início a qualquer jogada.
A questão vai além do futebol em si. Futebol é esporte de contato e acabou. Tem essa pegada, tem essa pressão mesmo. O problema é um certo exagero. Como o menino é bom de bola, mete a porrada antes que ele mostre porque é coinsiderado tão bom. O risco é haver um zagueiro sem noção que encurte a carreira de Neymar.
Dizem que o Campeonato Paulista é uma grande vitrine. Quem joga em times pequenos pode ter a chance da vida ali, dependendo do que apresente. O pessoal do Rio Claro, se continuar nessa base, conseguirá, no máximo, um emprego em uma loja de ferragens. Com a caixa de ferramentas que têm...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Menos confete

Se o blogueiro estava no show do Metallica, que motivos teria para pular o Carnaval? O programa de domingo foi o Pacaembu, onde 32 mil pessoas foram ver o Santos vencer o Rio Claro, de virada.
E como foi difícil! Não que o Santos tenha caído de produção, ao contrário. O time teve a mesma maestria e o bom toque de bola primordiais na vitória sobre o São Paulo. Foi difícil pela proposta de jogo do Rio Claro.
Paulinho McLaren (sim, ele mesmo) armou o time para não perder: tranca tudo e tenta encaixar um contra-ataque. Vai que sai um gol. E saiu, ainda no primeiro tempo, numa das poucas vezes em que a zaga santista bateu cabeça.
Mas o Santos teve sua culpa nesse cartório. Primeiro porque Dorival Júnior armou duas linhas de quatro, com Germano abrindo o setor de criação. Ora bolas, Germano é 90% marcação e 10% armação. Se Paulo Henrique começou jogando, por que o cabeludo armava jogadas? Sem contar que Germano lançava mal e quase sempre não achava ninguém. Paulo Henrique, que deveria receber esses lançamentos, estava recuado demais, buscando Neymar e Robinho.
O time deu uma ligeira melhorada quando Marquinhos se machucou e saiu. André entrou para ser um terceiro elemento no ataque, mas Paulo Henrique, além de estar longe do setor ofensivo, estava tocando mal a bola. Não era o Ganso que já conhecemos.
O calor também foi preponderante. Foi ele o responsável por "pregar" Durval no segundo tempo. O zagueiro não conseguia acompanhar mais ninguém.
E como o Santos foi virar esse jogo? Com Giovanni entrando no lugar de Germano e Madson vindo para a vaga de Wesley Santos (que estreou bem). Com isso, PH lançava e Giovani conduzia a bola entre o meio e o ataque, coisa que PH deveria ter feito desde o início e não se sabe se foi desobediente ou se obedeceu demais...
O time ficou sem lateral-esquerdo, mas como o Rio Claro não avançava, Madson mais apoiou Neymar naquele setor. Foi da esquerda que saíram os dois gols. E o segundo, que jogada do Neymar...
Robinho não comprometeu, mas não foi o Robinho que conhecemos. Quase fez um golaço no fim do jogo, mas foi só.
A propósito: como batem no Neymar! Em 10 minutos, contei cinco, duas sem bola. Ou os árbitros abrem os olhos, ou os zagueiros adversários fecham precocemente a carreira do menino...