terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Do subsolo à cobertura

A fama adquirida de raça, vontade e superação foi construída ao longo de 102 anos com uma somatória de pequenos, médios e grandes fatos.
Mas jamais a história do Corinthians escreveu capítulos tão belos, iniciados em tragédias incomensuráveis. Jamais houve glórias tão grandes construídas a partir do que se pode entender como fundo do poço.
O ápice que pode ser atingido em poucos dias parece secundário diante daquilo que já aconteceu. Porque ganhar o mundo ou ter a chance de vencê-lo é a consequência da conquista continental. E pergunte a qualquer corintiano o valor que teve a conquista continental.
Alguns acreditam que o ápice já foi atingido. Se o prêmio máximo vier agora, ótimo, mas se não vier não haverá suicídio coletivo.
A reestruturação corintiana começa no final de 2007, quando uma queda levou o clube a abrir os olhos e ver que a administração, embora vitoriosa no papel, capengava há algum tempo e precisava ser mudada. E só um fato muito convincente foi capaz disso. Ao anunciar alterações estrondosas no dia seguinte à queda, a nova administração mostrou que já estava preparada para o descenso e já pensava em como mandar o Corinthians de volta à parte que lhe cabe neste latifúndio.
Consistência.
Trazer um treinador, dar segurança a ele, contratar um time sem medalhões mas com uma cara, um RG, uma identificação.
Um ano depois, o retorno e, agora sim, com um medalhão. Por sinal, uma medalha tão grande que só na barriga dele para encontrar espaço.
Barrigudo, machucado, fora de forma, jogou muito durante seis meses. Títulos, consequência, resultados.
Estava no caminho certo e o restante aconteceria, era questão de tempo.
Até surgir a segunda tragédia. Inesperada, surpreendente, decisiva.
Alguém quis apagar o trabalho, terceirizou o serviço e disse: "Tó, lima".
Começar do zero, trocar do presidente ao faxineiro, fingir que nada aconteceu.
Somente a terceira medida.
O presidente ficou, desafiou tudo e todos e manteve o treinador. Respaldo, confiança, consequência.
O Corinthians de hoje é consistente, seguro, domina as situações. Há cinco anos mantém a espinha dorsal de Cristian/Elias, Elias/Jucilei, Jucilei/Ralf, Ralf/Paulinho. Quase sempre tem os mesmos nomes na defesa, um meia habilidoso e um atacante que mande a bola pra dentro do gol.
Chegou onde queria. Pode ir mais longe, mas se não for não será necessário começar tudo de novo.
Perder um Mundial não é tragédia.
Se for, espere por mais vitórias nos próximos anos...

Nenhum comentário :

Postar um comentário