quarta-feira, 17 de março de 2010

O estrategista

Já disse isso uma vez e vou dizer outra: Eu não gosto do sr. Antônio Carlos Zago. Dificilmente serei um fã de quem desconhece a palavra "ética". Mas também já disse aqui e repito o que disse o filósofo: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Antônio Carlos é inteligente e tem ampla vivência no futebol. Boleiro, conhece as malandragens das quatro linhas. E está usando esse conhecimento de forma clara no Palmeiras.
Senão, vejamos: o Palmeiras foi à Vila Belmiro e venceu o Santos, com méritos. Ninguém vira o jogo pra cima do time da moda sem ter o mínimo de qualidade. O mesmo Palmeiras oscilante, que perde para São Caetano e Santo André em casa, se supera e vence os Meninos da Vila dentro da Vila.
E o que Antônio Carlos faz? Adota um discurso de que tudo é possível. Começou a encher a cabeça dos jogadores com a ideia de que o título da Copa do Brasil é viável e está tratando o jogo contra o Paysandu como se fosse a final da competição.
Naturalmente, Antônio Carlos sabe que não é a final. Sabe que o Palmeiras não será campeão hoje. E tem dúvidas se o título virá. Mas faz o elenco acreditar que sim. O máximo que o Palmeiras conseguirá será vencer os paraenses por dois ou mais gols de diferença e eliminar o jogo de volta. Parece pouco, mas não é. E vamos ver por quê.
Eliminando a segunda partida, o Palmeiras ganhará uma semana só para treinar. Será um segundo momento para Zago se fechar com o elenco (depois do período em Atibaia) e definir o rumo do primeiro semestre Alviverde. Sem uma partida no meio de semana, o Palmeiras não perde três dias, a considerar a concentração na terça, o jogo na quarta e a recuperação na quinta. E não enfrentará a tensão da segunda partida que tem, por menor que seja, um risco de eliminação.
Antônio Carlos foi além: mexeu com o brio do grupo. Fez um discurso que fará com que os jogadores queiram comer grama para mostrar a todos que ele está certo. Qualquer funcionário de qualquer área trabalha melhor quando sabe que o chefe confia nele. Com menos pressão, o time joga mais solto e os resultados podem aparecer de uma forma mais fácil, menos dolorosa.
Se os jogadores acreditarem e corresponderem, ótimo. Se Antônio Carlos é um grande técnico, só o tempo dirá. Mas que é um estrategista, ah, isso é.

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