terça-feira, 23 de março de 2010

Paulistão de aluguel

Houve um tempo em que os times pequenos decidiam a sorte dos grandes no Campeonato Paulista. Não faz muito tempo, mas o grande que empatasse com o Bragantino no Marcelo Stéfani e vencesse o Rio Branco no Décio Vitta estava feito. Nem vou citar Guarani e Ponte Preta, porque esses jogos eram praticamente clássicos. Dava nervoso saber que seu time ia jogar em Araraquara contra a Ferroviária. Como era difícil jogar contra o Marília na casa deles! Ir a São José do Rio Preto pegar o América? Não tinha nada mais fácil?
O tempo passou, o futebol mudou, o dinheiro sumiu, os presidentes desapareceram e vieram os empresários. Os times viraram points para o aluguel. Manda a rapaziada praquele clube, eles jogam quatro meses lá e tentamos vender depois. Acabou a identidade dos clubes. Camisas e calções parecendo mais um outdoor. Nível do futebol lá embaixo. Aos poucos, grandes e pequenos foram ganhando cada vez mais razões para justificarem os adjetivos que recebem.
Já há algum tempo, a Federação Paulista de Futebol deu um bico na renda dos jogos. O que der na bilheteria fica com o mandante. Claro, paga taxa de arbitragem, impostos, tira três e vai um e a renda líquida vai para o clube.
O pessoal do Interior adorou a ideia. O "fator casa" deixou de existir. Ganhar o jogo pra quê? Tentar se classificar para as semifinais? Depois vai dar o maior trabalho...vamos mandar o jogo em um estádio grande. Como a torcida "deles" enche as arquibancadas, a gente pega uma renda maior. Se isso significa inversão de mando, se isso favorece o time grande, não é problema. O que importa é a arquibancada lotada.
O Santos estreou contra o Rio Branco no Pacaembu. Mando do Tigre. Opção do clube. Vai pegar o São Caetano, no dia 4, no mesmo estádio. O mando é do Azulão. Na quarta-feira, o Rio Branco vai a Araraquara enfrentar o Palmeiras, a mesma Araraquara onde o Oeste já recebeu o Corinthians.
Claro que a situação financeira não é das melhores, claro que tudo gira em torno do dinheiro. Mas o que aconteceu com a rivalidade e a competitividade? Voltaremos a 2002, com um Campeonato Paulista sem os grandes? Ou teremos dois campeonatos paralelos, com cruzamento das chaves Grandes x Pequenos? Mais um prato bem cheio para os que defendem o fim dos estaduais.
Coitado do torcedor...

Um comentário :

  1. Paulistão como o de 2001 jamais existirá de novo. Os pequenos estavam fortes, o regulamento era cruel com os grandes e eles jogavam 11 fora e 4 em casa, tivemos dois do interior na semi-final... tempos em que se tinha orgulho de SP, de uma União Barbarense, um Botafogo... hj o C. Paulista é um semi-lixo.

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