quarta-feira, 22 de junho de 2016

"Eu volto com a taça"

O trabalho é interessante quando segue o contexto que o gosto sempre indicou, mas alguns trabalhos são mais interessantes que os outros.
Um deles me tirou de casa por volta das 11 da manhã de uma quarta-feira nublada e fria. Era 22 de junho, E havia apenas duas certezas: uma de que muitas horas de trabalho viriam e a outra de que seriam horas de trabalho sob tensão. Um sentimento que ultrapassava as quatro linhas do gramado do Estádio Paulo Machado de Carvalho. Porque o que aconteceria naquela noite, por si só, provocaria a tal tensão. Mas, paralelamente, havia o chegar lá, instalar-se, executar, agir para o trabalho dar certo.
E surgiu, na hora do hashtag partiu, uma frase que marcava uma certeza não muito certa, mas naquele instante convincente:
"Eu volto sei lá que horas, mas volto com a taça".
Fomos, Ao meu lado, a genialidade de Ted Sartori e o dinamismo e a competência de Marcelo Hazan, Havia muito o que aprender com eles. Alexsander Ferraz, Rogério Soares e Nirley Sena cuidariam das imagens. Chegada e instalações check e o Pacaembu ganhou ares de decisão com o cair da noite. Caiu junto a internet, para não mais voltar e, sim, comprometer bastante o trabalho.
E trabalho havia. Sentir o clima do Pacaembu e do seu entorno para transmitir essas informações a quem da Baixada ou de qualquer parte da galáxia acessasse. Algumas informações chegaram, outras não. Da retaguarda, o gênio e sempre amigo Anderson Firmino tranquilizou. Não era culpa do repórter se a transmissão digital derruba a passagem de dados.
Houve tempo para gravar o vídeo 'vamos ser tri', enquanto Santos e Peñarol reprisavam o segundo fato mais relevante de 1962. Havia um aspecto retrô sim, bem como as más lembranças de quem viveu de maneira intensa dos 18 anos de fila e parecia ainda não ter se acostumado às rotinas de decisões. Santos e Peñarol lembravam mais os duelos pela falecida Supercopa dos Campeões da Libertadores, aquela em que o Santos entrava pelos títulos que não vi e que em pelo menos em 1991 (que me lembre) terminou diante dos uruguaios.
Talvez porque o Santos de 1991 não tinha Arouca, nem o calcanhar de Ganso, nem o chute de um garoto que sequer havia nascido naquele ano. O gol de Danilo era certeza antes do chute. Preferi olhar para cima, para a área Vip e ver a reação de um ex-camisa 10, que chacoalhava seu paletó vermelho Ferrari enquanto abraçava quem aparecesse pela frente. Um gol contra lembrou que nada havia sido fácil e jamais será. Uma festa ofuscada pela batalha campal e na área de Imprensa. Sim, jornalistas brasileiros e uruguaios quase saíram no tapa. Houve xingamentos e voos de objetos. O bombom que acertou minha orela direita jamais foi encontrado para ser degustado lentamente diante do agressor. Esse também jamais foi achado (ou tornar-se-ia agredido).
Colhi algum material importante na saída. Papo informal com os mais conhecidos na porta do ônibus. Acertei com o Léo aquela entrevista que ele estava devendo. Ao mesmo tempo um zagueiro de Dracena levava a taça para dentro do ônibus. 
Retornei à base às 4h40, depois de andar junto com o comboio que acompanhava a chegada do ônibus na madrugada santista. Tomei um banho, escrevi neste espaço. O dia estava claro. Um novo dia de um novo tempo. Deve ter sido esse o título do texto. O deste, vou decidir agora. "Título vem por último", é o que dizem desde o primeiro ano de Jornalismo. Esse título era o último e foi o único in loco.
A taça eu não trouxe. Mas foi bom ter visto para onde ela foi...

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