segunda-feira, 13 de junho de 2016

As várias faces de um 7x1


Um 7x1 nem sempre é um 7x1.
Pode ser um 0x0, com erro do árbitro a favor. Pode ser um 0x1, com erro do árbitro contra. Na mão grande, tirando a vaga das mãos do time que representa a instituição conhecida por meter a mão enquanto mete os pés pelas mãos nas decisões, aconteçam elas antes, durante ou depois de um 7x1 qualquer.
O 7x1 tornou-se 10x1 no exato instante em que o 7x1 foi tratado como um singelo acidente de percurso, daqueles que acontecem, fazem parte e são inerentes. Jamais foi reconhecido como o produto final de uma série de escolhas equivocadas e decisões insanas que foram mostrar seus resultados quando o resultado surgiu na hora de uma decisão. 
E como lidar com um singelo acidente de percurso? Com uma discreta (e considerada radical) mudança na comissão técnica. Simples assim. Problemas resolvidos, viveremos novos tempos, uma nova era, é o futebol apertando o Reset e começando tudo do zero, em que pesem os mesmos dirigentes e uma comissão nova que por um desses acasos era a comissão antiga, atuante até 2010 e retirada de maneira veemente após um acidente de percurso na África do Sul.
Só que um 7x1 nem sempre é um 7x1. E esse veio no discurso dos novos tempos, protagonizados por antigos roteiristas, diretores e atores, exercendo o mesmo papelão de outrora, no qual o personagem submete-se aos caprichos e às exigências de engravatados calçados em seus sapatos italianos enquanto cuidam dos próprios interesses, disfarçados de enchuteirados brasileiros com residências espalhadas por Europa e Ásia.
Um 7x1 nem sempre é um 7x1 porque uma decisão por pênaltis não termina com um placar de 7x1, mas elimina com uma derrota pelo placar mínimo. Um acidente de percurso, menos importante que as negociatas disfarçadas de exportações dos nossos melhores produtos. Importava o Coutinho do Século 21 ir atuar na terra onde os Beatles mudaram a história da música no mundo, na mesma época em que outro Coutinho, que jamais ousou valorizar mais uma negociação do que a busca por uma conquista, mudava a história do futebol ao lado de um outro gênio (este com a camisa 10) e, assim, ajudavam a tornar o Brasil a potência que julga ser até hoje.
Um 7x1 nem sempre é um 7x1. E será quando uma nova mudança radical for anunciada. Em busca da moralização, torque-se a comissão. E rumo ao ouro! Se não subir a Serra Pelada, haverá quem considere um novo 7x1. Não será porque há outro 7x1 desenhado, projetado, encaminhado e, acima de tudo, com possibilidades concretas de tornar-se real. Afinal, 2018 é logo ali. Ou não. E se não for, talvez as verdadeiras mudanças radicais tenham início. Porque uma vez fora, pela primeira vez de fora, não serão os corações esperançosos dos brasileiros que irão sofrer, mas sim os bolsos daqueles que têm todo o interesse em ver braços levantados e sorrisos em rostos pintados de verde e amarelo, enquanto aumentam a audiência e consomem os diversos produtos acoplados ao produto Seleção.
Esse, fatalmente, será o 7x1 mais sofrido da história. 
Mas hoje, talvez, bastante necessário...

Foto: Jim Rogash/AFP

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