terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Na torcida

É fato. Nunca foi segredo.
Não existe esporte no Brasil.
Não existe cultura esportiva no Brasil.
O nosso esporte é torcer pelo Brasil.
E só falamos de esporte se o Brasil estiver nele.
Caso contrário, o ignoramos.
É assim que funciona, sempre funcionou e, provavelmente, continuará a funcionar.
Uma emissora de TV comanda a nação.
As outras existem, mas sem nenhum poder.
A TV a cabo está aí, sem a devida abrangência.
Ou seja, é uma emissora de TV e mais nada.
Uma emissora que não exerce a cobertura esportiva, mas o enaltecimento tupiniquim, o apoio incondicional ao País, a promoção dos "nossos" heróis.
Porque os atletas não são atletas. São nossos, nossos...nossos o que vier.
O Brasil considerava o tênis um esporte para burgueses metidos até que o nosso Guga venceu Roland Garros e o esporte virou mania nacional.
Ginástica olímpica era boa para russos, búlgaros e romenos, mas veio a nossa Daiane e mudou essa história.
Temos a obrigação de dominar o vôlei de praia, afinal, moramos em um país tropical, abençoado por Deus, bonito por natureza e que tem praias.
E éramos os melhores dentre os melhores nas pistas.
Tivemos o nosso Emerson, o nosso Nelson (que nunca quis ser de ninguém) e, principalmente, o nosso Ayrton, o mega herói que precisou superar a legião do mal, liderada por Alain.
Veio, então, a tentativa de criar o nosso Rubinho, que jamais teve carro para isso e, quando teve, faltava-lhe um contrato.
Vieram Antônio, Tarso, Luciano, Ricardo, Felipe, Lucas, Bruno...não, não foram. Um ainda pode ser, mas sem garantias.
A audiência caiu. Foram 13 pontos em um GP do Brasil com o campeonato decidido e sem brasileiros com chances de alguma coisa.
A corrida foi boa, o campeonato foi bom, mas não teve brasileiros na disputa. Não teve graça, portanto, não foi bom para o Barrichello, nem para nenhum brasileiro.
A tendência é piorar.
A partir de 2012, o principal narrador diminuirá o número de transmissões.
E ele só mantém a média alta por gostar muito da coisa toda e conhecê-la bem.
Mas não há mais brasileiros na disputa.
Não tem mais esporte, não dá para torcer pelo Brasil.
Sofre quem gosta e não torce.
Para quem não gosta, resta a esperança de que o beisebol e o rugby brazucas virem paixões nacionais.
Porque parece que não temos combustível para mais uma volta...

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