quarta-feira, 8 de junho de 2011

Fiori Gigliotti

Dia 8 de junho.
Impossível esquecer.
Foi naquela manhã de 2006 que, entre uma matéria e outra, o rádio da viatura do jornal comunicou:
Fiori Gigliotti havia nos deixado.
E deixado não só a nós como também um vazio imenso, impossível de ser preenchido.
Uma notícia como esta não poderia ser transmitida em outro período. De outra forma, então, nem pensar.
A ida de Fiori só poderia se dar no início de uma Copa do Mundo. E a notícia só poderia ser transmitida pelo rádio.
Mestre Fiori, um dos gênios do rádio esportivo. Somente o veículo que o consagrou poderia informar que ele não estava mais entre nós. Só mesmo o evento máximo do esporte cujas histórias por tantas e tantas vezes por ele contadas e bem contadas poderia acolher a partida dele.
Nasceu em Barra Bonita, criado em Lins, consagrado em São Paulo, nos 38 anos em que empunhou o microfone da Rádio Bandeirantes.
"Abrem-se  as cortinas e começa o espetáculo...balão subindo, descendo...o tempo passa...aguenta, coração...crepúsculo de jogo..."
Tudo isso além do clássico "torcida brasileira".
Fiori nos deixou. O rádio chora até hoje. O futebol chora até hoje. As tardes de domingo jamais serão esquecidas, vendo meu avô sentado no terraço da casa que ele mesmo construiu, com seu ar pouco simpático, seu cigarro Continental, seu pequeno rádio ligado na Bandeirantes, na narração de Fiori e o cheiro de café vindo da cozinha.
Durante os anos seguintes à ida de meu avô, mantive o hábito de ouvir Fiori todos os domingos...sem terraço, sem cigarros, sem cheiro de café...e o velho rádio está comigo, muito bem guardado.
Obrigado, mestre Fiori. O senhor está, com certeza, entre aqueles que me incentivaram a entrar nessa vida insana que é o Jornalismo Esportivo. O que me consola é que, por duas vezes, pude dizer na sua frente tudo aquilo que o senhor representa na minha vida; uma no corredor do gigantesco Morumbi, como o senhor mesmo dizia e outra nos estúdios da extinta Tri TV, em Santos.
E vi a emoção em seus olhos nas duas oportunidades.
E que pena não ter tido tempo de trabalhar com o senhor. Não sei o que aconteceria se o senhor pegasse o microfone e dissesse: "Paulo Rogério, o moço de Santos".
Que o senhor descanse. O senhor disse uma vez que "nascemos para morrer". Que pena que isso é verdade.
Mas o senhor é inesquecível. O senhor ficará por toda a eternidade no nosso Cantinho de Saudade...



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