quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Priscilla

Muito doido pode ser qualquer coisa.
Para o bem ou para o mal, mas muito doido.
Surpreendente, inesperado, grandioso, mas muito doido.
Foi muito doido abrir o Facebook logo pela manhã. Priscilla havida ido embora. Lutou, relutou, batalho, tentou até o fim. Perdeu a batalha, ganhou a guerra, descansou. Cedo demais para descansar. Um descanso bem vindo para quem lutou tanto.
Não foi surpreendente, nem inesperado. Foi apenas muito doido. Porque você espera, mas não quer. Sabe que pode acontecer, mas não quer que aconteça. Sabe que cedo ou tarde vai acontecer, mas não quer que essa hora chegue. Quer que as horas passem, mas que o fato ali escrito, transcrito e sacramentado não se torne realidade. Porque ninguém pode ir embora aos 32. Não quando é vítima de um mal terrível, que ataca, acomete, derruba, castiga. E castiga a quem não deu motivos para receber castigo, sofrer, penar, lutar, batalhar. Não é a ordem natural, aquela que diz que filhos enterram os pais. Não é natural acontecer o contrário. O natural seria Priscilla, já anciã, ao lado dos filhos e dos netos, entregar Isabel e João ao Grande Criador e a Ele agradecer pelos anos de cuidado, carinho, afeto, preocupação. Não é natural que Isabel e João enfrentem esse processo, entregando Priscilla ao Pai.
Não lembrava de Priscilla. Aceitei o pedido de amizade, vi os amigos em comum. Não reconheci nela uma mulher, casada, responsável. Priscilla, para mim, era uma menina, continuava a ser. Porque quem eu vejo crescer não cresce, será sempre menina ou moleque. Priscilla não cresceu. Pode ter crescido para os outros, para mim era a mesma menina de duas décadas atrás, que no templo ficava lá nos primeiros bancos, do lado esquerdo de quem entra, ao lado de meninas da idade dela. Falava pouco com ela. Não por arrogância deste lado ou má vontade do outro, apenas por uma questão de diferença de idade, inexistente neste momento da vida, decisivo se tiradas duas décadas das duas partes. Era alegre, risonha, brincalhona, inocente. Não, definitivamente não tinha nada a ver com o estilo do lado de cá. Embora por vezes a vontade fosse ser como o lado de lá.
Priscilla ensinou. E transmitiu um dos melhores ensinos: rir quando tudo leva a chorar. Falar bonito quando há todos os motivos para xingar. Demonstrar felicidade quando as circunstâncias levam ao recolhimento, ao isolamento. Priscilla não parecia ter o que tinha. Não demonstrava, não deixava ninguém esmorecer. Cantava, louvava, se alegrava e transmitia alegria. Orgulhosa do marido, que não a deixou nem por um minuto.
Priscilla se foi, mas deixou muita coisa por aqui. Muita coisa boa. Uma grande lição, por exemplo. Está bem ,melhor que nós, como na verdade, sempre esteve. Não dá para dizer ‘vá com Deus’ quando, na verdade, ela já está com Ele.

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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

V.


Conheci a Cristolândia.
Não, não conhecia. O povo desembarcou em Santos no fim de agosto, iniciou as atividades, mas não houve a possibilidade de ver de perto até que as circunstâncias se mexeram de uma forma que tornou a coisa viável. Sim, estava mais do que na hora de conhecer uma missão Batista, ainda mais para quem vai para 34 anos do início da formação eclesiástica na Igreja Batista.
A matéria envolvia dependentes químicos. Jornalista pode especializar-se em um assunto, mas ser monotemático não é recomendável. Vez ou outra é bom deixar os gramados, as quadras, as piscinas, as pistas, não sujar as mãos com óleo e pneus, não ficar com a cara afundada no motor.
Conheci o V.
Não, não conhecia. E não vou prosseguir com o nome dele neste espaço. A primeira letra já é o bastante, uma invasão de privacidade para mim. Para ele, não.
“Pode colocar meu nome todo e se quiser tirar foto, fica à vontade”.
“Melhor não, cara. Questão de ética, vamos preservar sua identidade”.
“Se quiser, eu tiro a foto de boa”.
A orientação ao repórter-fotográfico Cláudio Vitor Vaz foi de não mostrar o rosto. E o Portuga (porque morou na terrinha) entendeu perfeitamente. Usou da competência para fazer um jogo de luzes que permitiu apenas a imagem da silhueta de V. Naquele momento eu nem pensava em outra imagem. A história de V. rodava na minha cabeça.
V. começou a roubar aos 14 para ter roupas de marca, motos e pegar umas meninas. Entrou no vício, continuou a roubar, foi flagrado, conheceu boa parte do sistema carcerário do Estado de São Paulo. Fugiu, saiu na temporária e não voltou, foi flagrado roubando, entrou por porte de arma, ouviu as regras da malandragem e não teve problemas. Em termos.
“Dormir lá dentro, você não dorme. Você descansa, mas não sabe a que horas vai dar uma treta”.
V. foi transferido tantas vezes que a família desistiu de procurar. Ia a um lugar, ele estava em outro. Como ele mesmo se achava incorrigível, a família deve ter pensado a mesma coisa. Nem do filho ele sabe mais.
Há menos de um ano V. está limpo. Não garante que não vá ter outra recaída. Tem medo disso. Tenta, luta contra si mesmo. Para o crime, diz que não volta.
E por que pombas de cargas d’água contei um pouco da história do V.?
Porque V. provoca uma confusão mental das mais violentas. Há seres incorrigíveis, há seres como V. ou há tudo que é tipo de ser? É difícil cravar, bater o martelo, determinar. V. achava que era incorrigível e hoje acha que não é, que ele é, sim, uma prova de que essa teoria não existe. Basta o cara querer que se endireita.
V. é um ex-assaltante, praticava sequestros-relâmpago. Tocava o terror e vendia os carros para o desmanche. Quantos pais de família voltavam de um dia de trabalho e foram aterrorizados por V.? Quanta gente honesta perdeu seus carros para os desmanches para onde V. levava as carangas que roubava? Não dá pra concordar com ele. E a lei é clara: fez, pagou. Transgrediu, deve ser punido. Deveria, por vezes não é, mas deveria.
Até o Portuga chegar eu fiquei sozinho com V. em uma sala fechada. Havia duas alternativas: levantar, apontar o dedo e dizer “ladrão, safado, fez muita gente sofrer, merece morrer” ou simplesmente esconder celular, rádio e qualquer outro objeto que possa ter algum valor. Escolhi a terceira opção: tocar a entrevista como se ele dissesse que a vida toda foi um honesto balconista de padaria que trabalhava de dia e estudava à noite para melhorar de vida. Deixei celular e rádio à mostra. Deus já perdoou o cara, quem sou eu para condenar? V. disse estar curado e eu tinha que ser profissional, ainda mais diante de uma das melhores entrevistas em quase uma década e meia dessa vida sem rotina, sem sábado, domingo, feriado, festa de família etc.
A Cristolândia de Santos tem V. e mais 74. Isso só em Santos. Tem tudo que é tipo de tratamento. E tem muita gente que precisa de um apoio, de uma mão, uma palavra. Mãos para bater e palavras de agressão esse povo já recebe na rua. Para ajudar a levantar são poucos. É um povo que chega por vezes sob o efeito do último uso, com um cheiro muito forte, falando nada com nada. Sentem fome, podem ficar agressivos, foram rejeitados. É um trabalho difícil. Mas a vida não é fácil. Fácil é a vida no mundo virtual.

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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A conquista de todos

O livro está pronto. Pesquisado, detalhado, contado, escrito.
O prefácio está entregue. A dedicatória principal está na mente. As fotos separadas.
O título brasileiro que o Santos conquistou em 2002 vai muito além da conquista de um campeonato.
E não precisa ser torcedor do Alvinegro para saber.
Corintianos e palmeirenses, que amargaram longas filas, sabem o valor que têm datas como 13 de outubro de 1977 e 12 de junho de 1993.
Tanto quanto o 15 de dezembro de 2002.
E quem não torce para nenhum desses times e simplesmente admira esse esporte que coloca 22 marmanjos tentando acertar um retângulo com um objeto esférico sabe o tamanho que teve essa conquista.
Porque não existiria o futebol-arte, o encanto, a admiração, os raios que insistem em cair no mesmo lugar de tempos em tempos se não amanhecesse um dia de sol depois de 18 anos de tempestades, se um furacão denominado Ricardinho não provocasse um arraso no que ainda restava de terra ao encontrar uma brecha, um cantinho praticamente invisível no anoitecer do frio e cinzento 13 de maio de 2001 em um Morumbi quase sempre gelado, porém naquele momento aquecido pelas mais de 20 mil vozes corintianas, com um grito em uníssono que não somente entrou pelos ouvidos dos santistas como foi direto para a alma, para lá bater e permanecer, transmitindo a mensagem de que não havia mais esperanças.
Não haveria simbolismo não fossem os 19 meses de geladeira, de ostracismo, de canto da página do impresso, de esvaziamento de cada atividade. Não haveria grandeza não fosse o porte físico franzino daqueles garotos que mal haviam saído do colégio e estudavam noite e dia em busca de uma nota A quando muitos acreditavam que um B levaria à reprovação e ao rebaixamento de série. Certeza que aumentou quando um dos professores auxiliares teve de se ausentar e voltaria somente se os garotos entrassem em recuperação. Chamado de 'Fera', aumentou ainda mais a responsabilidade do Rei da Selva, que naquele momento sabia que no mínimo uma nota 6 iria garantir com aqueles alunos.
Não haveria comoção se a Bacia do Macuco e a Bacia do Mercado não entrassem em festa pela classificação na bacia das almas. Festa para a qual o convite não garantia a companhia da mulher mais bonita na valsa, mas o mestre anunciou que esse seria o objetivo.
Não haveria emoção não fossem os 180 minutos de um sonho que começava a se tornar real diante do triunfo sobre aquele esquadrão que parte da Imprensa apelidou de Real, não fosse o chocolate com cobertura trilegal sobre o excelente Tricolor do Sul e, principalmente, não fosse o reencontro com o time responsável pela maior dor dos últimos anos. A 5ª marcha foi engatada para determinar a quinta vitória consecutiva em partidas disputadas no mesmo ano, sendo que na segunda a molecada disse ao mundo que existia e, na sequência, mandou uma bicicleta e oito pedaladas para atropelar e se consagrar.
Consagração que não caberia em uma página, um caderno, uma série no impresso, que se perderia nos milhares de links, fotos, propagandas e imediatismo da internet, que teria detalhes abandonados no rigor do relógio da grade de programação da televisão.
Virou livro. E com os personagens dessa história contando passo a passo como ela se deu, como foi construída, de que maneira virou realidade.
Está em campanha. Financiamento coletivo. Ninguém é obrigado a nada, faz quem quer, ajuda quem tem vontade.
O link com todos os detalhes e com a possibilidade de apoio está aqui.
A conquista tem um só dono: o Santos Futebol Clube.
Que até agora publicou uma nota no site oficial e nada mais.
Há quem defenda a tese dos títulos com donos, conquistas das administrações.
Há a esperança de que o Santos de hoje não entenda que apoiar uma conquista da administração de ontem seja reconhecer que um bom trabalho 'dos outros' deu resultados.
Até porque muitos frutos do que os outros plantaram foram colhidos posteriormente, pelos 'de hoje'.
E não haveria o Santos de hoje se não houvesse o de ontem, ou o 'dos outros'...

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A mania do megalo

O processo é bastante comum, e, de certa forma, natural.
O que começa errado não pode dar certo.
O que começa com uma mentira vai mostrar a verdade, cedo ou tarde.
E o que passa pela supervalorização uma hora irá mostrar a cruel face da realidade.
Começou com a mentira do motivo da viagem à Espanha.
O dirigente foi lá por razões pessoais enquanto time jogava a primeira partida da final do estadual.
Um dia depois de, numa tarde fria, chuvosa e por diversas razões esquecível de uma sexta-feira ter dito de maneira categórica que o principal jogador do time não estava à venda. E disse um dia depois do destino desse jogador começar a ser traçado.
Viagem por razões pessoais e o dirigente de lá, sabendo disso, voou para Madri.
Foi o que disse o dirigente daqui.
Quatro dias depois da final do estadual o pai do jogador diz que a novela acabou e ele fica no Brasil. Disse de maneira categórica, irônica e irritada. Porque a Imprensa o irrita. Ele está anos-luz acima dos reles mortais que empunham microfones e gravadores. Ele é o pai da Joia, o responsável pela carreira, aquele ao qual a estrela se reporta.
Se o filho se reporta, que maltrate o repórter.
A verdade é que ele queria ser a estrela. Não é, nunca foi. O filho foi por ele.
Disse que a novela estava encerrada. No dia seguinte, foi. A reunião avançou pela madrugada. Falaram da segunda proposta. A primeira já estava aceita há muito tempo. Restava saber de que maneira a grana iria entrar.
Veio a mirabolante ideia: Uma parte da grana por aqui, a outra por ali e dois amistosos: um lá e outro cá. Ou rolavam os jogos ou vinha uma grana limpa.
Aí o clube não coube em si. Como há mais de três anos não cabe em si. Sofre de crise de identidade. Se vê muito acima do que realmente deveria ser, pela história que tem.
“Nossa, um dos maiores do mundo nos chamando para um churrasco na casa deles. Claro que vamos. É só dizer quando. Só os gigantes são chamados. E somos gigantes. Não deveríamos nem usar o plural, porque perto de nós qualquer outro deixa de existir. Esquece o dinheiro. Vamos brilhar lá. Cuidado, porque nossa luz ofusca o que estiver mais ou menos perto”.
Foram. E mancharam o nome, a história, o tamanho.
A megalomania falou alto. O deslumbramento continua a falar alto.
Tão alto que a declaração sobre a primeira reunião ter sido um convite do pessoal de lá passou despercebida.
Estavam com dezembro de 2011 na garganta.
Acharam que a vingança é um prato que se come frio.
O churrasco foi servido. E degustado com prazer.
Mas a especialidade na Catalunha não é carne.

É Peixe...

Viva o folclore!!

"Estarrecido, meu caro. Estarrecido".
Começou desta maneira a mensagem enviada via WhatsApp para o Maurão.
Maurão, sim. Porque Mauro Beting é pouco.
Pouco para falar de alguém que recebe uma ligação às 19 horas e ouve: "Mauro, sou Paulo Rogério, estou começando a escrever a biografia do Fiori Gigliotti e o Marcelo, filho do Fiori, gostaria que o prefácio fosse escrito por você..."
E às 11 da manhã do dia seguinte ele envia uma mensagem perguntando meu e-mail para enviar o texto.
E o texto?? Ao estilo Mauro Beting. 
Faz quase um ano que estive com ele pessoalmente, no café da área externa do Grupo Bandeirantes de Comunicação.
Mauro estava à vontade, parecia estar em casa. E, a bem da verdade, estava em casa. Porque ele pisou lá pela primeira vez aos nove anos de idade. Começou a vida profissional lá e tinha quase uma década de rádio.
Acompanhou o pai, trabalharam juntos e foi naquele microfone que ele anunciou que o pai tinha ido embora.
Quase dez anos de competência, profissionalismo e caráter.
Mas quem precisa disso? 
Tudo isso passa a ser superficial diante do folclore, do pão e circo, da audiência.
Porque o que importa é a audiência.
Dizem que é a partir dela que o faturamento cresce.
O profissionalismo, a ética e a competência não aumentam o faturamento.
Com eles, sobe apenas uma tal de credibilidade.
Mas quem precisa dela diante do dinheiro a mais que entrou em virtude do folclore, do pão e circo, da audiência?
Mauro não é folclórico, não entra em pão e circo.
É apenas profissional e competente, além de ético.
Mas quem precisa da ética?
Ética não provoca aumento no faturamento.
Ética é dispensável, profissionalismo é dispensável, caráter é dispensável.
Mauro é dispensável.
Há quase um ano escreveu a respeito de Fiori Gigliotti.
Assim como Mauro, um profissional, competente e ético.
E também recebeu o devido bilhete azul.
Quem pecisava de Fiori?
Quem precisa de Mauro?
Viva o folclore, viva a audiência, viva o faturamento!
O resto? Bem, é resto...

domingo, 28 de julho de 2013

Blefe húngaro

Ou Lewis Hamilton estava blefando, ou a Mercedes ficou preocupada com a opinião de seu piloto, se coçou e proporcionou a ele melhores condições para a corrida. Porque quem vê o cara no alto do pódio acha impossível o próprio piloto ter dito, no sábado, logo após estabelecer a pole, que "só um milagre daria a vitória à Mercedes".
Hamilton demonstrava, ao menos nas declarações, uma vasta preocupação com os pneus. Não era exclusividade dele, considerando os mais de 40ºC de temperatura da pista. Mas as palavras dele continham uma dúvida a mais a respeito do carro.
Falo em blefe porque um carro acertado de um dia para o outro é comum, mas o tal milagre não. O que fica claro é que o acerto esteve aliado à estratégia e esse conjunto deu a vitória à Mercedes. Porque desde a primeira parada Hamilton entrava nos boxes antes do pelotão que o acompanhava. E quando os demais entravam, ele já estava em um ritmo suficientemente rápido, que o devolvia a primeira colocação sempre.
Ponto positivo foi o comportamento da Lotus. Sim, havia dúvidas a respeito da equipe. Muita gente achando que o time não iria se segurar em boa fase por muito tempo.
Ponto negativo foi a corrida de Sebastian Vettel. Ok, chegou em terceiro, caminha para um tetracampeonato sem sustos, mas perdeu muito tempo atrás da McLaren de Button. E o carro prateado, sabemos, está longe de ser aquele de outrora.
Pausa para as férias e a Fórmula 1 começa o segundo tempo no fim de agosto.
Sabe quem costuma predominar após a saída da Europa, quando as provas serão disputadas entre Ásia, Oriente Médio e Brasil??
Vettel...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

E se?

Fórmula 1 no Brasil virou esporte há pouco tempo.
Até outro dia, era uma fábrica de heróis nacionais e vilões internacionais.
O 'nosso' piloto era o melhor e o de fora era ruim, jogava sujo, deveríamos torcer contra.
Estão dizendo por aí que não se sabe se Felipe Massa renova ou não com a Ferrari.
E estão dizendo por aí que, se não for em Maranello, não será em lugar nenhum. Ele tá fora de tudo.
Não sei se é verdade, se não é.
O que sei é que, se acontecer, quem gosta desse negócio chamado Fórmula 1 e dispõe somente da TV aberta em casa, vai precisar pegar os contatos das operadoras de TV por assinatura.
Ou você acha que alguém vai bancar uma categoria que não tem o Brasil-sil-sil?
A coisa toda só não foi largada ainda porque há um contrato e um brasileiro.
Se o segundo não existir mais, pode ser que o primeiro segure um pouco, mas apenas e tão somente um pouco.
Há o público que gosta do esporte (porque agora é esporte). Para eles e até por uma questão de respeito a eles, a TV por assinatura.
Para os demais, aquilo que der audiência.
Até porque a maioria não vai ligar.
Não acompanha desde 1994 mesmo...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Um passo para trás

Perder para o Boca Juniors é normal.
Perder para o Boca Juniors na casa deles é normal.
Perder para o Boca Juniors na casa deles por 1 a 0 é normal.
O que não é normal é a forma como se perde.
Porque o Boca é o Boca, mas não mais 'aquele' Boca.
O Corinthians é Corinthians, mas na derrota para o Boca não foi 'aquele' Corinthians.
O Corinthians de 2012 venceu o que venceu, entre outros motivos, por ter um psicológico forte. Tinha o controle da situação, não se deixava levar por nenhum fator, fosse interno ou externo. Sofreu um gol na casa do Boca na decisão e não permitiu que a carga e a responsabilidade dos anos sem Libertadores fosse sequer apresentada. Retomou o controle e empatou a partida, para controlar os 90 minutos da decisão no Pacaembu sem ser ameaçado uma vez sequer.
Sem a carga, nem a responsabilidade, mas com a taça em seu memorial, o Corinthians voltou ao palco da primeira decisão com responsabilidade, tensão e nervosismo menores. Levou um gol e tudo indicava a repetição de um filme exibido há menos de um ano. Mas não. O Corinthians sem a pressão virou o Corinthians da pressão, da responsabilidade, do nervosismo, do "vai acontecer de novo". Erros em passes curtos, desacertos, desatenção, psicológico abalado. O mesmo elenco, que joga junto há tempos e se conhece muito bem, dando ares de que havia se juntado minutos antes da bola rolar. Desentrosamento.
Resultado aceitável, dentro dos primeiros critérios, sim. Resultado reversível, sim, mas desde que o Corinthians volte a ser 'aquele' e que o Boca não resolva ter lampejos 'daquele'.
Não deve ter...

domingo, 24 de março de 2013

Kualanas




“Depois da última parada, o time me disse que a corrida tinha acabado, nós tiramos o pé e fomos para o final. Eu também queria disputar, mas, no fim, a equipe tomou uma decisão, que é o que nós sempre dizemos antes do início da corrida, de como provavelmente vai ser: nós cuidamos dos pneus e levamos o carro até o fim. No fim, Seb tomou suas próprias decisões hoje e terá proteção, como de costume. E é assim que é”.
Mark Webber, logo após o GP da Malásia.
Aos fatos:
1- Não há, ao menos costumeiramente, jogo de equipe na Red Bull. Se há. é muito bem desenvolvido.
2- Webber não aceitou o pedido de amizade de Vettel no Facebook porque não o curte há tempos.
3- Ross Brawn ficou possesso com seus pupilos da Mercedes quase saindo no tapa por posições na pista. Brawn é um ex-ferrarista, o que explica muita coisa.
4- Não há jogo de equipe na Ferrari, mas haverá.
5- Hamilton parando nos boxes da McLaren, por enquanto, leva o título de Imagem da Temporada. E dificilmente deixará de vencer tal escolha...

sexta-feira, 1 de março de 2013

Antes ele

Morreu.
Antes ele do que eu.
Eu não estava lá. Não fui, não iria. E se fosse, ficaria em outro setor. Não levaria nada que fosse abastecido com chamas, fogo, calor. E me posicionaria longe de quem usa essas coisas.
Estava no sofá, vendo pela TV, com opções de transmissões, mas vendo a que dá mais audiência. Talvez para criticar nas redes sociais, acusar de parcialidade.
Mas aí morreu, aconteceu, já foi, se foi.
Acontece, sempre pode acontecer.
Então, que se aproveite a situação. Que aproveitemos a situação. Que nos aproveitemos da situação.
Porque o que for falado repercute. O que for repercutido provoca aumento da fama, do conhecimento.
É a tal da audiência. O fim que justifica os meios.
O apresentador aparece mais que a notícia. O torcedor vai à Justiça garantir seu direito de aparecer, de ser a notícia.
Que se mostre, que se explore, que se procure frases de efeito.
São bonitas, as pessoas encaminham, retweetam, curtem, compartilham, dizem que também estão sentindo, concordam.
Que se busquem soluções. Aquelas que jamais serão colocadas em prática, mas renderão um pouco de fama, talvez por um pouco mais de 15 minutos.
E a razão disso?
Putz, esqueci.
Ah, sim, é verdade. Morreu.
Antes ele do que eu...