sábado, 2 de janeiro de 2010

Tudo novo

Já estamos no tal de ano novo. E o que muda com a chegada de 2010? Nada...
Nesta semana, a maior parte dos clubes brasileiros volta às atividades. A temporada começa na metade do mês, com os campeonatos estaduais. E o museu de grandes novidades estará de volta.
Em São Paulo, teremos quatro ou cinco meses de polêmicas. Da briga de torcidas à divisão dos ingressos; das provocações entre jogadores aos erros de arbitragem. Pratos transbordando para os programas esportivos/sensacionalistas. Em busca de audiência? Não, do jornalismo...
No Rio, teremos aquela equipe do Interior que vai se destacar. Quem sabe chegar ao título? Ah, que pena, a arbitragem errou e prejudicou. E o grande foi favorecido, que chato...
Em meio a tudo isso, teremos a Copa do Brasil, trazendo a frase inédita: "o caminho mais curto para a Libertadores". Por falar em Libertadores, em São Paulo o tratamento "jornalístico" ao tema será: Corinthians e o...resto. Só para lembrar; no dia seguinte à conquista da Copa do Brasil, os esportivos/sensacionalistas estamparam em seus geradores de caracteres: Faltam 14 jogos para o título da Libertadores...é, esqueceram de escrever que é preciso vencer alguns desses jogos...
E no segundo semestre, o Campeonato Brasileiro. E com ele, times declarados campeões na segunda rodada e outros rebaixados na terceira. Em 2004, quando Figueirense e Criciúma dividiam a liderança, os gênios da análise esportiva disseram que São Paulo tinha que perder a empáfia e aprender com o futebol de Santa Catarina. Naquele ano, o Santos foi campeão, o Criciúma foi rebaixado e o Figueirense ficou em 11º...
Ainda bem que teremos a Copa do Mundo. Caso contrário, 2010 seria o futuro repetindo o passado...

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Quem ama não trai


Em qualquer empresa séria, um funcionário não tem o direito de dizer abertamente que prefere trabalhar em outro lugar sem que isso acarrete em algum tipo de punição. É como eu chegar à redação dizendo que quero ir para outro jornal, por ser um jornal que eu lia na minha infância, por eu me identificar com os leitores de lá etc, etc...tudo isso na presença da alta cúpula do veículo para o qual presto serviços. Não, dificilmente alguém toma essa atitude.
Vágner Silva de Souza nasceu em 11 de junho de 1984. Naquela época, o Brasil tinha três títulos mundiais e o Palmeiras havia vencido dois Campeonatos Brasileiros. Enquanto crescia no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro, Vágner ouvia falar do jejum de títulos que o Palmeiras enfrentava.
Um dia depois de Vágner completar 9 anos de idade, o tal jejum foi para o espaço. Edmundo, Evair & cia conquistaram o Campeonato Paulista. No mesmo ano vieram o Torneio Rio-SP e o Brasileiro. Em 1994, quando Vágner chegou aos 10 anos, o Palmeiras levantou mais um Paulista e o quarto Brasileiro. E o Brasil faturava o tetra nos Estados Unidos.
No ano em que Vágner completou 12, o Palmeiras era campeão paulista de novo, marcando mais de 100 gols. Quando ele fez 14, veio o título da Copa do Brasil e, quando ele tinha 15, viu o Palestra Itália vir abaixo com a conquista da Libertadores.
O Palmeiras já era grande, muito grande em 2002, quando Vágner foi artilheiro do Campeonato Paulista de Juniores. Naquele mesmo ano, ele foi flagrado com uma menina no quarto da concentração do time durante a Copa SP de Juniores. Um clube sério teria dado-lhe o devido bico. Mas existe clube sério no Brasil? Não só ficou como ganhou o apelido que marcaria sua carreira, sua assinatura e seu nome na camisa: Love.
Em 2003, faria o maior Campeonato Brasileiro de sua vida; o da Série B, segunda divisão para os íntimos. Diante de potências como Londrina e Marília, virou ídolo e campeão. Em 2004, foi embora para a Europa. Itália? Espanha? Inglaterra? Não, Rússia.
Cinco anos passaram e ele quis voltar. Parte da torcida o queria, afinal, a Série B é uma conquista inesquecível. Veio a peso de ouro, ganhando mais que todos, sendo atração em jogos nos quais nada fazia. Quem era Cleiton Xavier? E esse tal de Diego Souza? Marcos? O que ele fez nos últimos tempos? O que importava era Vágner Love. Chegou no segundo turno, fez cinco gols e o Palmeiras, líder absoluto, era disparar e ser campeão...nem a Libertadores.
Vágner vira alvo de parte da torcida. Membros da Academia Brasileira de Letras tiveram que largar o trabalho numa tarde de terça para esperá-lo na agência bancária. Para ele, era demais.
Se mandou para o Rio. Lá, viu a Gávea e o escudo do clube do coração; o Flamengo. Disse : É aqui". E disse abertamente. Só esqueceu que em uma gaveta de um escritório em algum lugar da Zona Oeste de São Paulo, há um pedaço de papel com o nome dele escrito. Parece que chamam esse papel de contrato. Dizem que tem uma data lá e que ele só pode ir embora depois desse dia. A não ser que o Palmeiras receba um dinheiro ou pegue um jogador da Gávea. Aí, Love pode ir.
Ah, mas o Flamengo já avisou: nada de Everton. Está certo, afinal, Vágner Love diz que não quer mais jogar no Palmeiras, abandona o clube, declara amor ao outro, passa por cima desse tal de contrato e o Palmeiras ainda se acha no direito de ter direitos? Poderia ser. Em um futebol com tantas inversões de valores, por que o clube traído não pode pensar em ser compensado? A não ser que a tendência seja esta mesma: o certo é fazer o errado...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Revival


Se você leu a edição de hoje do jornal A Tribuna, de Santos, ou se navegou pelo site do jornal, você não está vendo demais, não está com o sono atrasado, nem lendo coisas onde não há nada: Giovanni quer, sim, jogar pelo Santos em 2010. E está muito próximo disso.
Estava ao lado do ótimo repórter Luciano Ribeiro quando ele falava por telefone com o Estado do Pará. Do outro lado da linha, o maior ídolo da torcida santista nos anos 90 revelava o desejo de voltar. Aos 37 anos, afirma estar em boa forma física e precisaria de uns 15 dias para ficar pronto para ir a campo. Não joga uma partida oficial desde a metade do ano passado, quando deixou o Mogi Mirim.
Giovanni está mais perto da Vila do que ele mesmo imagina. Não somente pelo que ele fez no Pacaembu no final da tarde de 10 de dezembro de 1995, mas por dois fatores que hoje são decisivos: o primeiro é o fato do presidente do Santos, Luiz Álvaro Ribeiro, jamais ter aceitado a forma como o Messias saiu do Santos, no início de 2006. Ele foi escurraçado junto com Luizão e Cláudio Pitbull, assim que Vanderlei Luxemburgo pisou na Vila Belmiro. Como as vitórias encobrem os erros, o Santos foi campeão paulista naquele ano e boa parte da torcida esqueceu deste fato.
O segundo fator responde pelo nome de Jamelli. O ex-companheiro de Giovanni em 1995 e 1996 é o atual gerente de futebol do Sanos. Os dois se falam a todo instante.
Se Giovanni jogar seis meses, dedicaria o restante do tempo a caçar talentos lá pela Região Norte. Foi ele quem trouxe um tal de Paulo Henrique Ganso, a quem Caio Ribeiro (o da Globo, ex-jogador) classificou para o blogueiro como um "baita jogador".
Giovanni está perto. Não está 100% certo, mas está muito mais próximo do que estaria se diretoria e treinador não tivessem mudado. Quer ser o Giovanni de 1995. Sem Luxemburgos, sem Márcios Rezendes, apenas ele e a torcida.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Escassez

O dia tem 24 horas (ou 23 horas, 56 minutos e 4 segundos, de acordo com os professores de Geografia). Uma semana tem sete dias. Multiplicando 7 por 24, chegamos à conclusão de que uma semana tem 168 horas. É esse o período que falta para o fim do marasmo.
A temporada do futebol brasileiro dura 11 meses. O mês restante é dedicado às férias. E como esses 30 dias demoram a passar...
Jornais, sites e qualquer outro informativo dedicam o espaço e o tempo obrigatórios às restropectivas, às entrevistas com jogadores que estão passeando em qualquer lugar do Brasil, aos jogos beneficentes e, principalmente, às especulações. E mesmo esse último quesito anda bem enfraquecido.
Um exemplo clássico: as vendas de jornais impressos e os acessos aos sites devem ter crescido assustadoramente com as notícias do interesse do Santos pelo Marquinhos. Justifica-se: um jogador que passa por São Paulo e Flamengo, vai se destacar no Avaí e é mais conhecido por ter virado personagem do Rock & Gol do que pelo futebol apresentado, realmente vem para mudar a história.
E o Léo Lima no São Paulo, alguém viu? Já se apresentou. E o que querem saber mesmo é se Guiñazu vem ou não. Esse, sim, é o que interessa para muita gente.
E a novela Flamengo/Vágner Love/Palmeiras? Triste de acompanhar.
Passamos por mais um fim de semana, o terceiro sem partidas oficiais e o penúltimo antes da retomada. Qual a principal notícia do domingo? O Jogo das Estrelas, com Zico e Romário juntos.
A tendência é melhorar. Falta só uma semana para alguns times se apresentarem. Na segunda que vem, Roberto Carlos chega ao Corinthians. Pelo menos as coisas começam a se movimentar um pouco. Aliás, o Corinthians precisa ser movimentado. Ou então os sites se auto-destruirão se continuarem a colocar como manchete do clube a última postagem do Mano Menezes no twitter.
O ano tem 12 meses. Durante 11 o futebol tem assunto. E como é chato enfrentar o único mês em que nada acontece.