sábado, 6 de março de 2010

Onde você vai, Santos?

O Santos apresentou o lateral-esquerdo Alex Sandro, de 19 anos, que se destacou no Atlético-PR. Até aí, tudo bem. O problema está na forma como ele foi parar na Vila Belmiro.
Alex Sandro teve seus direitos federativos comprados por um fundo de investimentos, que o emprestou ao Santos, assim como o meia Zezinho, apresentado na semana passada. Esse fundo é liderado pelo empresário argentino Gustavo Arribas, que atua como captador de talentos para o grupo e que já teve ligações sabem com quem? Kia Joorabchian.
E aí a gente começa a perceber como essa história se enrola. Gustavo Arribas se utiliza de um clube no Uruguai, chamado Deportivo Maldonado, para registrar seus jogadores, casos de Alex Sandro e Zezinho. Teoricamente, os dois pertencem ao clube uruguaio, mas foram adquiridos com o dinheiro desse fundo. O gerente de futebol do Santos, Paulo Jamelli (ele mesmo, o ex-jogador), diz que a prática é comum, porque um fundo não pode comprar atletas. Jamelli comparou esse caso ao da Traffic, que utiliza o Desportivo Brasil.
Agora vem o mair curioso: nem Jamelli soube dizer se pode haver ligações entre Arribas e Kia. "A quem pertence esse grupo, não sabemos. Se ele (Arribas) tem ligação com o Kia, não temos conhecimento. Nossa negociação é com o Maldonado. É um clube estabelecido".
Está claro, portanto, que Jamelli precisa trocar umas figurinhas com a assessoria de imprensa do Santos antes de conceder uma entrevista. Não é essa a resposta que se dá quando se está sob desconfiança. Está claro também que, no mínimo, o clube está se omitindo. Não se abre negociações com alguém que você não sabe de onde surgiu. E se chegar alguém na Vila Belmiro com o dinheiro do tráfico de entorpecentes, tudo bem também?
Outra coisa: se há a suspeita, por menor que seja, da ligação de Arribas com Kia, é bom ter cuidado. O Corinthians só ganhou o título brasileiro menos comemorado de sua história e depois pagou a conta da Série B.
Abre o olho, Santos!!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Rodada dos interesses

E a 13ª rodada do Campeonato Paulista tem dois jogos interessantes e outros oito nem tanto assim.
Os dois jogos interessantes acontecem domingo. Portuguesa x Santos, no Canindé e Santo André x Botafogo, no ABC.
No Canindé, só o fato do Santos de hoje entrar em campo já deixa a partida interessante. O torcedor do Santos espera a sequência de vitórias, de preferência com espetáculo. O amante do bom futebol espera só o espetáculo. O torcedor da Lusa e aqueles que não aguentam mais o endeusamento de Robinho, Neymar & Cia torcem pela derrocada santista. A Lusa não perdeu nenhum clássico e o Santos...também não. A Lusa é aquele time que ganha do São Paulo no Morumbi e perde do Mogi Mirim em casa, ou seja, sempre pode surpreender. E o Santos tenta pelo menos se manter lá nas cabeças da tabela. Está certo que os quatro pontos de vantagem sobre o Santo André dão aquela folga, mas depois serão só 18 pontos a serem disputados. É bom não arriscar. Às 17 horas, no Canindé.
Viu quem é o vice-líder? Pois é, o Santo André pega o Botafogo, terceiro colocado. Está certo que a diferença entre os dois é de cinco pontos, mas a forma como eles jogam interessa bastante. O Ramalhão vem embalado: aprontou mais uma em cima do Palmeiras e vem jogando redondinho, bem entrosado. Passa longe do time que caiu no Brasileirão, é um novo Santo André. Essa união e esse entrosamento podem fazer a diferença. Do outro lado, um Botafogo que quase venceu o Corinthians no Pacaembu. E jogou bem. A bola não para nos pés dos jogadores. São, no máximo, dois toques cada um até chegar no ataque. Como ninguém toca para onde o nariz aponta, o Botafogo é um time que se posiciona muito bem. Vai dar um bom jogo. Às 19h30, no ABC.
E os outros? O Palmeiras pega o Sertãozinho em casa no sábado. Ou vence o lanterna, virtual rebaixado e dá um bico na crise, ou fecha as portas. O Corinthians vai encarar o São Caetano em Barueri. O Azulão não é lá essas coisas há algum tempo, porém, sempre apronta em cima do Corinthians, que vem patinando e que tem a luz amarela dando umas boas piscadas. Não me venham dizer que o que importa é a Libertadores, porque o time tem jogado com a base do torneio continental. Jogou duas pelo Paulista e não venceu nenhuma. Isso aliado a um empate com o Rio Branco, com os reservas, resulta em três jogos sem vencer. Se ganhar domingo, esquece tudo e bola pra frente. Caso contrário...
E o São Paulo pega a Ponte Preta em Campinas, na volta de Ricardo Gomes. O Tricolor também não se acerta e a paciência com Washington anda cada vez menor. O São Paulo tem um grande elenco, só precisa de um grande time. Mas parece que alguns jogadores não têm lá muito interesse nisso...

Nota 10, com ressalvas

No futebol de resultados, o Santos tirou a nota máxima. São 10 vitórias consecutivas, nove pelo Campeonato Paulista. Pela análise "ganhou está bom, perdeu está ruim", o Peixe é a oitava maravilha do mundo.
Mas a vida não é assim. E o Santos não é assim. Precisou forçar para sair de Jundiaí com a vitória e aí entraram dois fatores: o primeiro foi o Paulista ter jogado tudo e mais um pouco. Além de brigar para não cair, o time de Jundiaí pegou o adversário a ser batido. Todo mundo quer ganhar do Santos atualmente. Uma vitória sobre a sensação eleva o moral.
O segundo fator foi o próprio Santos, vulnerável e inseguro na defesa. Edu Dracena, jogador de qualidade e que vem bem na Vila Belmiro, estava estranhamente mal. Permitiu várias jogadas inimigas no seu setor. Léo, na lateral-esquerda, em que pese o tempo que estava sem atuar por causa de uma lesão, abriu umas avenidas para o Paulista. Sem contar que, da defesa até o meio, houve a quebra do recorde de erros de passe, algo que pode comprometer um resultado algum dia.
O Santos venceu porque soube explorar as qualidades que tem. Wesley acertou mais um chute de longe e vem se especializando nisso. Cai pela direita, olha para o gol e manda dali mesmo. Não tem medo de ser feliz e isso é importante. E depois que Robinho entrou, nem é preciso dizer muito. Fui contra a volta dele e já disse por que, mas craque é craque. O craque pega uma só vez na bola, tem pouco espaço e decide uma partida. Robinho fez isso ao marcar o terceiro gol do Santos.
Por sorte, Dorival Júnior sempre manteve os pés no chão. E com certeza vai corrigir esses erros. São falhas pequenas e fáceis de consertar, mas podem ser cometidas, digamos, em uma semifinal. E aí, ao final da partida, os mesmos que hoje batem palmas para os meninos vão dizer que eles nunca foram de nada, que amarelaram e que o futuro deles está comprometido, pois terão de provar ao Planeta que não amarelam. Então, o negócio é arrumar já, para não ouvir besteiras depois.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Velha novidade

Marcos não tem o hábito de desviar o foco após uma derrota humilhante. Mas costuma falar as coisas de cabeça quente. Ao sair para o intervalo do jogo contra o Santo André, deu a entender que sua vida nas quatro linhas só vai até o final deste ano, mesmo tendo contrato com o Palmeiras até o final do ano que vem.
Intencionalmente ou não, a declaração acabou com qualquer repercussão da derrota palmeirense e, principalmente, da vitória do time do ABC. Sim, porque você pode não concordar, mas o Santo André venceu. Jogou com mais volume e objetividade e o Palmeiras nem estava tão apático a ponto de permitir que o adversário jogasse em seus erros.
Mas Marcos falou. E hoje não há notícia que não seja na linha de "Palmeiras perde e Marcos diz...", ou seja, desviou o foco.
Marcos estava bravo porque uma meia dúzia reclamou da falha dele no segundo gol do Ramalhão. E ele falhou. Não vou ficar debatendo a história que ele tem no clube, nem se os torcedores têm razão. Há um fato: ele falhou em um lance. Não foi por isso que o Palmeiras perdeu, mas a falha houve.
O que o torcedor do Palmeiras precisa entender é a derrota desta quarta foi bem diferente daquela de 17 de fevereiro para o São Caetano de Antônio Carlos. Ali, havia um Palmeiras apático, morto, sem vontade. Desta vez, não. Foi um Palmeiras de técnico novo que venceu um clássico na estreia e virou gênio da noite para o dia. Mas o próprio Antônio Carlos disse que não teve tempo para conhecer o elenco e trabalhar individualmente. Pode levar a equipe para um retiro no Interior e talvez o momento seja para isso mesmo. O Palmeiras tem jeito, basta apenas o "start".
A respeito de Marcos, estou esperando ele vir a público e dizer que estava de cabeça quente. A não ser que ele nos surpreenda novamente.

Desce mais que piora

Quando debatemos o nível do futebol brasileiro e falamos em desorganização, quase sempre nos referimos às primeiras divisões. Se descermos um pouco, veremos que a elite ainda pode ser considerada elite.
Nesta semana tornei públicas algumas informações sobre a Portuguesa Santista. Para quem não sabe, o clube fazia parte da elite paulista até 2006 e, neste ano, está afundada na terceira divisão estadual, caminhando em velocidade para a quarta. Detalhe: caiu para a terceira no ano passado, ou seja, passagem direta, oi e tchau.
Torcedores foram cobrar a diretoria e ouviram que não há dinheiro em caixa e que não haverá nenhum esforço no intuito de reerger o time. "Se tiver que ser motivo de chacota, que seja". Na quarta-feira, a quarta derrota consecutiva, mais uma em casa. Após o jogo, uma eunião aqui, outra ali e a decisão foi que...nada...
Está insatisfeito com seu time? E olha que ele é da elite. Imagine se o cartola do seu clube fala uma coisa dessas...

quarta-feira, 3 de março de 2010

A rodada da ressaca

E a 12ª rodada do Campeonato Paulista começa na base da ressaca da 11ª. Todo mundo entra em campo com alguns assuntos mal resolvidos e loucos por um ponto final que lhes agrade.
O Corinthians é o mais ferido. Ainda não aceitou o espaço perdido na mídia nos últimos dias. Mal acostumados, os jogadores consideram um absurdo a grande mídia falar em Santos e Neymar simplesmente por uma vitória em um clássico, por nove vitórias consecutivas e pela liderança com quatro pontos de vantagem. Não se conformam com os três dias sem puxa-saquismo, depois de dois anos ininterruptos.
Desde 2008 considerados os melhores entre os melhores, os maiores de todos os tempos, vistos como algo que o futebol jamais imaginou ter algum dia, os jogadores corintianos se mordem ao ligar a TV e ver imagens do clássico. Onde estão as matérias contando em detalhes por que eles são maravilhosos? Cadê os repórteres que viviam dizendo o quanto eles eram sensacionais? Chicão já deu a resposta: disse que Neymar "nem é tudo isso". É na base da infantilidade que o Corinthians pega o Botafogo. Na infantilidade e com a genialidade de Mano Menezes, o único treinador da história a armar um time no 4-4-2, com três atacantes.
O São Paulo, também mal acostumado, usa Fernandinho para reaver seu espaço na mídia. Depois que uma série de problemas de bastidores surgiram e o clube não foi mais visto como "o que melhor trabalha e o que melhor contrata", o Tricolor explora ao máximo os quatro gols em 45 minutos. Corre o risco de mandar Fernandinho a campo e ele não marcar nenhum contra o Oeste. Se isso acontecer, aqueles que o promoveram e que o usam para conseguir espaço irão se esconder. E pobre do jogador, que ficará sozinho.
No Palmeiras, o clima é de segundo tempo do jogo contra o Rio Claro. Parece que o time não voltou do Interior. Não aceita ter sido derrotado, mesmo em um campo pesado e com a bola sem rolar. Pega um Santo André que luta pela classificação e que gosta de aprontar pra cima do Verdão, vide Copa do Brasil de 2004 e o Brasileirão do ano passado.
E o Santos? O Santos está na dele. Tão na dele que corre risco. Pega o Paulista, que briga para não cair, e em Jundiaí. Parece que Dorival Júnior mantém os pés no chão. Mas com Neymar "tendo vontade" de dar chapéu com a bola parada, o treinador precisa ficar 24 horas de olho. Um revés pela diferença mínima e a mesma mídia que enalteceu o Santos dirá, certamente, que sabia desde o início que o Santos não é tudo isso, que não tem esse negócio de Meninos da Vila e que Neymar é só firula e pouca objetividade.
Por precaução, o Santos foi o último assunto deste texto. Se o encanto acabar, o torcedor santista já vai se acostumando à posição que o clube vai ocupar em outras formas de mídia...

terça-feira, 2 de março de 2010

Harmonia em alta

A Agência Estado prestou um grande serviço nesta segunda-feira ao revelar como anda o ambiente no Corinthians.
Enquanto Mano Menezes dava uma "Luxemburgada" nos vestiários da Vila Belmiro e usava os microfones para desviar o foco de uma derrota que poderia ter sido histórica, Ronaldo chiava uma barbaridade a portas fechadas. O Fenômeno reclamou que não há um ser naquele time capaz de jogar uma bola redonda para ele estufar as redes inimigas. Diz o texto que Ronaldo já havia feito a mesma reclamação depois da vitória sobre o horroroso Racing-URU.
A chiadeira tem alvo: Tcheco. Ele deveria exercer essa função e, pelo menos na Vila Belmiro, não fez isso uma vez sequer. Este jornalista estava no estádio. Ronaldo ficou isolado no meio dos zagueiros santistas e, quando se deslocou para a esquerda, iniciou a jogada do gol de Dentinho.
Mano, ao tomar conhecimento, teria colocado na mesa. "O treinador sou eu". A verdade é que Mano não quer abrir mão de Tcheco, trazido por ele do Grêmio, enquanto Ronaldo, com moral altíssima no clube (por motivos evidentes), acredita que Danilo rolaria melhor a bola.
Está certo que Danilo vem de contusão e deve estar pronto para a semana que vem. E aí vamos ver o que Mano vai decidir.
A respeito do Tcheco e com todo o respeito a ele, o Grêmio é um gigante e tem uma torcida apaixonada, mas para vencer no Corinthians, a história é completamente diferente.

Essa é a Briosa

A Portuguesa Santista esteve na primeira divisão de São Paulo até 2006. Atualmente, está na terceira e já engatou uma quarta, pois ocupa a lanterna, com três derrotas consecutivas.
No último fracasso, levou de 4 a 0 da Penapolense, fora de casa.
Penápolis fica bem longe de Santos. E, além da falta de preparo físico, o time sentiu falta de amparo. É que nenhum cartola se dispôs a viajar com o elenco. Houve a alegação de "problemas particulares".
Dizem que, enquanto o time levava uma sova no Interior, na manhã de domingo, quem deveria estar com o elenco desembarcava do Navio do Centenário do Corinthians, no Porto de Santos, depois de quatro dias de viagem. Esses seriam os "problemas particulares".
Nos mesmos quatro dias, a Briosa perdeu dois jogos seguidos e ganhou pilhas novas para a lanterna.
Os cartolas têm problemas particulares. O clube tem problemas mais do que públicos.

Não deu

Não teve jeito. De acordo com o canal de TV Speed, a USF1 pediu um tempinho. Não participa da temporada 2010 da Fórmula 1.
O motivo é dos mais frequentes: falta de dinheiro.
Assim, José Maria López, argentino, fica fora do grid.
Dizem que eles voltam no ano que vem. Teriam, inclusive deixado um cheque como garantia.
Chato ver carros a menos no grid.
Mas fica a pergunta: se estão saindo por falta de dinheiro, com quais fundos estão cobrindo o tal cheque?

segunda-feira, 1 de março de 2010

É, irmão...

Mano Menezes precisa procurar algum tipo de tratamento enquanto é tempo. O comportamento do treinador está beirando o patológico.
Enquanto Mano foi o responsável por reerguer o Corinthians, colocá-lo de volta na Série A do futebol brasileiro, enquanto os isentos e imparciais que trabalham com os mantos de seus clubes de coração por baixo dos coletes das federações enalteciam o fato do treinador saber cantar o hino corintiano, enquanto Mano foi considerado o melhor técnico do Brasil por colocar o Corinthians na Libertadores, estava tudo uma maravilha. Poderia haver terremoto no Haiti, no Chile, no continente todo, que estava tudo bem. Poderiam explodir 200 carros-bomba no Oriente Médio que ele não ligava.
Veio 2010, o Corinthians não está as mil maravilhas, o Santos vence nove seguidas e o treinador, do alto de seu vasto e profundo conhecimento, comunicólogo que é (?), aproveitou a coletiva pós-Santos x Corinthians para dar uma de suas brilhantes aulas de Jornalismo. Disse que a Imprensa é responsável pelos garotos do time santista serem intocáveis.
Em outras palavras: Mano acredita que como a Imprensa engrandece o futebol do Santos, como usa as palavras "show" e "meninos", os árbitros estão entrando em campo para proteger esses "meninos". Na cabeça do dito treinador, não se pode dar uma chegada mais forte que os árbitros punem.
Mano passa por sérios problemas.
Mesmo morando há mais de dois anos em São Paulo, ainda não percebeu que o Santos só consegue um espaço mínimo na mídia se vencer nove seguidas, ao contrário dele e do time dele. Enquanto as emissoras de TV produziam matérias e mais matérias sobre ele, seu estilo de vida, seu jeito de ser, o mundo era um espetáculo. Enquanto ele ia para os estúdios da Rede Globo gravar 18 programas no mesmo dia, enquanto ele pôde dançar ridiculamente no Altas Horas, estava tudo bem. A partir do momento em que ele só não leva uma goleada dos "meninos" porque os "meninos" não souberam aproveitar o bom momento no clássico, é um absurdo a Imprensa dizer que eles dão show.
Ronaldo fez gol por cobertura na final do ano passado porque era gênio. Na cabeça de Mano, Neymar e Paulo Henrique são...são....ele se recusa a dizer.
Mas o futebol é assim. Nada é para sempre. Os grandes e experientes treinadores sabem disso. Os que conseguiram 15 minutos de fama, ainda não. Mas, quem sabe um dia...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Tão fácil que ficou difícil

O Santos entrou em campo ferido, triste, ignorado por um Ricardo Teixeira que, acima do bem e do mal, não disse nem "sim" nem "não" para Robinho. Simplesmente, não disse nada.
E Robinho não estava lá. Estava a chuva, aliada ao preços dos ingressos para afastar o torcedor de última hora. Estava o Corinthians, tratando um clássico como um coletivo para entrosar o "time da Libertadores". Estava Neymar, capaz de chamar a responsabilidade e não deixar ninguém sentir a falta de Robinho.
Quando Marquinhos sofreu pênalti, Neymar estava lá para bater. Deu aquela de marrento e bateu mal. Felipe espalmou. Nem o apoio das arquibancadas ajudou. Neymar sumiria por 20 minutos.
O Corinthians da força máxima estava muito longe de ser um time que tem a mesma espinha dorsal há dois anos. Saía afoito para o ataque e deixava espaços para um time rápido, jovem e que sabe usar muito bem o contra-ataque.
Passados os tais 20 minutos, Neymar voltou e naquele estilo. Começou a arrumar cartões para os adversários, levando faltas ou pelas reclamações deles por causa das decisões de um atrapalhado José Henrique de Carvalho.
E Neymar voltou de vez. Recebeu a bola na entrada da área. Com a personalidade que só ele tem, girou e bateu, tirando do alcance de Felipe. Golaço não só pela jogada, mas pelo momento da partida e por tudo o que o menino havia passado pouco tempo antes.
O segundo tempo estava destinado a ser do Santos. E o Santos fez tudo para que o segundo tempo fosse dele. Quando conseguiu, entregou para o Corinthians e por pouco não deu a vitória junto. Primeiro, Neymar inicia a jogada do gol de André. Depois, Moacir faz uma falta estúpida em Marquinhos e é expulso. Passam dois minutos e Roberto Carlos, que tinha cartão, esquece a experiência e tenta cavar um pênalti. Segundo amarelo e segunda expulsão do Mini-Mim em um clássico.
Pronto. Eram 11 contra nove, com 2 a 0 no placar. Hora do show. E o Santos, então, recua, erra passes bobos e dá espaço para um esforçado Dentinho, o único corintiano a jogar bola na Vila Belmiro. Foi dele o gol que deixou o placar apertado e foram dele as duas jogadas que quase resultaram no empate. A segunda, naquela cabeçada de Tcheco que, até agora, estou tentando entender. O "se" não joga, mas "se" o Corinthians chega ao empate com dois a menos...
Não chegou e, no final, quase levou o terceiro depois que a paciência do santista acabou. Foi uma vitória comemorada pela rivalidade, pela liderança e pela sequência de triunfos, agora em nove partidas. Foi uma vitória que poderia ter sido um show. Foi uma vitória que o Santos fez tudo para torná-la fácil e que, quando teve tudo para isso, tornou-a difícil...

Mauro Beting

Grandes seres humanos se mostram grandes nas pequenas coisas.
Mauro Beting é um dos maiores nomes do jornalismo esportivo deste País. Não só pela isenção e ética demonstradas em textos e comentários de um jornalista que todo mundo sabe para qual time torce, mas por enxergar o jogo de uma outra forma, tornando fácil um trabalho difícil que é comentar futebol.
Mas Mauro poderia ir além. E foi. A simpatia e atenção com as quais atendeu a este humilde jornalista domingo, na Vila Belmiro, fizeram com que a admiração crescesse ainda mais. O valor que deu aos projetos, então, não há nem como comentar.
Mauro Beting é o cara!