Nesta sexta-feira meu pai completa mais um ano de vida.
Eu iria almoçar com ele, falar com ele e sobretudo ouví-lo. Não o abraçaria. Ele não é chegado a isso e eu respeito os limites que as pessoas impõem. Mas estaria lá.
Não poderei. E não por não querer, mas por força do trabalho. Enquanto as horas do aniversário dele passam, estarei entre aviões, aeroportos, conexões, imigração, troca de dinheiro e o inevitável medo do desvio de bagagens. É o retorno do Peru depois de quatro dias de intenso trabalho
Tabalho, numas, porque por mais que se rale, dá para se divertir. Falar em Peru é remeter qualquer pessoa a Lima e Machu Pichu, nada mais natural, mas jamais ouvi alguém dizer "passarei minhas férias em Chiclayo". Porque Chiclayo tem suas particularidades, mas não faz parte da rota turística. Mas aí vem a tal paixão pelo Jornalismo, a tal paixão pelo futebol, o Jornalismo Esportivo que te proporciona juntar tudo isso e, para dar o toque final, chega a tal Libertadores e a possibilidade de um time de Chiclayo estar nela. E de enfrentar o time da sua cidade.
E aqui estou. Feliz, muito feliz. Vivendo experiências profissionais que jamais serão esquecidas. Nem preciso falar sobre as experiências pessoais.
Estou feliz por estar longe do meu pai no aniversário dele. É possível entenderFoi meu pai quem me levou pela primeira vez à Vila Belmiro, para ver Marola levar o gol de empate diante do Botafogo de Ribeirão Preto. Foi ele quem deixou de descansar em várias e várias manhãs de sábado para ver o Santos treinar na Vila (sim, naquele tempo podia entrar). Só que, antes do treino, era preciso esperar a conclusão da leitura do jornal do dia, de preferência 'A Tribuna', um jornal que ele lia desde os tempos em que morava em São Paulo e queria saber o que se passava na cidade onde ele nasceu.
Foi meu pai quem me levou pela primeira vez aos estúdios da Rádio Clube de Santos. Foi ele quem incentivou o moleque de 9 anos a falar pela primeira vez em um microfone, em um programa ao vivo. Eram dele os textos lidos pelo mala de 10 anos que apresentou umas e outras vezes um programa de 25 minutos ao vivo.
Foi meu pai quem abriu o sorriso ao ver que o adolescente contrariava a mãe, que queria um filho médico, respondendo de forma direta: "Quero ser repórter esportivo de rádio. Quero entrevistar jogador, tomar sol, chuva, copadas e pilhas na cabeça". Foi dele um sorriso que se alastrou ao ver a entrada na faculdade de Jornalismo e ao ouvir pela primeira vez a voz do filho em uma rádio, agora profissionalmente.
Era ele quem ligava a TV diariamente quando o filho trocou de mídia. Não importava a data, a hora ou a emissora. A audiência estava garantida. E foi ele quem simplesmente continuou com o hábito de comprar jornais diariamente, mas com um pouco mais de ansiedade. Era preciso ver se o nome do filho assinava algum texto.
Este texto meu pai não irá ler. Ele e a internet não se conhecem e não vejo perspectivas de que isto aconteça um dia. Ele sabe que eu queria estar lá. Eu se que ele quer que eu esteja aqui. Dar parabéns pessoalmente, para ele, é banal. Ver o nome do filho na assinatura da matéria é o grande presente.
Então valeu, pai. Tamo junto, mesmo que separados!
E certamente seu pai vai sentir muito orgulho de você pelo material que mandou pra ser publicado hoje. Os textos estão ótimos. Parabéns pra vocês dois.
ResponderExcluirMuito lindo o texto, Paulo.
ResponderExcluirAcho bacana o carinho e amor que os filhos tem com os pais. Sou assim com meu velho e minha velha.
Parabéns pro seu papai e por ele ter um filho tão inteligente, humilde e capaz como você. Deve ser um orgulho.
Beijos
Parabéns pro seu pai e pelo lindo texto.
ResponderExcluirSou assim com meus pais também.
Ele deve estar orgulhoso de ter um filho inteligente, humilde e competente como você.
Beijos