quarta-feira, 29 de junho de 2011

Vida que segue

Corintianos, sejam eles jogadores, diretores, torcedores e jornalistas (e há muitos) podem dizer que não, mas a quina estabelecida sobre o São Paulo empolgou. Bater no líder, no rival, no adversário chato dos últimos tempos sempre eleva o moral. Vão dizer que a partir de agora tudo isso tem que ser esquecido e que é nova vida, mas internamente a conversa não é exatamente esta.
São-paulinos, sejam eles jogadores, diretores, torcedores e jornalistas (e há demais, a maioria se esconde) podem dizer que não, mas a chapuletada do Pacaembu deixou rastros. Ser o líder e apanhar do rival, do adversário mais chato dos últimos anos sempre abaixa o moral. "Nossa realidade", disseram lá de dentro. Evidentemente vão dizer que tudo isso tem que ser esquecido e que é nova vida, mas internamente a conversa não é exatamente essa. E nem poderia.
Palmeirenses, sejam eles jogadores, diretores, torcedores e jornalistas (alguns, bem identificados), podem dizer que não, mas sabem que nem um eventual título brasileiro invicto provocaria uma diminuição na tal desconfiança. O time que perdeu a primeira e que, até outro dia servia, não serve mais. Conclusões das análises feitas pelo momento, pelo resultado. Os mesmos critérios que fazem o vizinho de muro Carpegiani ganhar cinco seguidas e balançar depois de levar uma sova no clássico regional.
Santistas, sejam eles jogadores, diretores, torcedores e jornalistas (alguns, proibidos de mostrar a cara para evitar as acusações de bairrismo e amadorismo) podem dizer que não, mas que se dane o Brasileiro. O que é um nacional para quem conquistou o continente e que, assim como Cérebro, o amigo do Pinky, vai tentar conquistar o mundo? O único fator que diminui este pensamento chama-se Muricy Ramalho. O cara que poderia ter arrematado os nacionais de 2005 a 2011 é do tipo que, já que está aqui, tenta vencer. Mas se não der para vencer, tudo bem. Internamente, a conversa é por aí.
Brasileiros, sejam eles jogadores, diretores (existe isso?) e jornalistas podem dizer que não, mas estão dando a mínima para a Copa América. Isso agora, claro. Se a Seleção cair na primeira fase, Mano Menezes será taxado de burro e imbecil, corre o risco de demissão sumária por um trabalho que vinha errado desde o início, como o mandatário dirá em rede nacional diante das câmeras e microfones que comandam a nação, sem dar nenhuma justificativa para a falta de atitude diante de um trabalho que ele sabia que estava errado.
E não vai justificar porque não será perguntado. É proibido questioná-lo diante das câmeras e microfones que ditam os rumos da pátria cinco vezes campeã do mundo.
Se o escrete canarinho chegar às semifinais, teremos caras pintadas, camisas, faixas, "vai ser 3 a 0 Brasiiiiiiiiiiiiil" e a indústria de rótulos terá sua produção aumentada com a fabricação de selos com os dizeres "Falso Brasileiro" ao anti-patriota que ousar abrir a boca e gastar as cordas vocais dizendo que não consegue torcer para uma Seleção formada da mesma forma que a "nossa".
Vida que segue...

Um comentário :

  1. Boa tarde, Paulo! Sua análise é correta, acho que os times paulista comportam-se assim mesmo. Mas permita-me comentar sobre um outro assunto. O Santos se movimenta para que suas partidas que ocorrem durante a Copa América sejam adiadas. Comenta-se que a chance de ter sucesso é grande. Aí, ao invés de os clubes se juntarem ao Santos para sugerirem mudanças no calendário, começam a se fazerem de vítimas. Dizem: "Porque o Santos consegue e o meu time, não?". Como se isso fosse um absurdo pleiteado pelo Santos. Fosse um país sério, não haveriam estaduais, o que permitiriam aos clubes uma pré-temporada decente e até adiantar um pouco para que se paralisasse o futebol durante competições da Seleção. Mas, no Brasil, é sempre a tática do cada um por si e Ricardo Teixeira por ninguém. Abraços!

    ResponderExcluir