Numa das poucas vezes em que o técnico Vanderlei Luxemburgo disse algo sensato, o então treinador do Palmeiras citou que a maior forma de demonstrar respeito a um adversário mais fraco é buscando o gol a todo instante, como se o jogo estivesse 0 a 0, mesmo que o placar aponte 8 a 0 para você. Vanderlei disse isso em 1996, quando o Palmiras goleava quem viesse pela frente.
Vencer por 10 a 0 vai além da fragilidade do adversário e muito mais além da qualidade do time que goleou. Um placar tão elástico se constrói, sobretudo, na gana e na vontade.
Quando o placar da Vila Belmiro apontava 2 a 0 para o Santos, todo mundo sabia que o Naviraiense não teria forças para reverter e, consequentemente, se classificar. Ao Santos restava tocar a bola e ver o tempo passar ou tentar fazer mais gols. Optaram pela segunda.
Em uma análise fria, a goleada era esperada, dada a diferença técnica entre os times. Mas o que encheu os olhos do torcedor foi a forma como o Santos jogou. Foram 90 minutos em busca do gol, sem recuar em momento algum, sem gracinhas, sem dar olé, sem chapéu com o jogo parado. Neymar driblava em direção ao gol. Robinho tabelava para deixar os companheiros na frente do goleiro. Giovanni e Madson entraram para dar mais gás ao time.
Fizeram um placar histórico e, sem querer, quase quebraram recordes. Não foram os 12 a 1 sobre o Ypiranga (1927) e sobre a Ponte Preta (1959), nem os 11 a 0 sobre o Botafogo em 1964, com oito de Pelé, como lembrou o jornalista José Carlos Gomes. Mas foram 10, algo que dificilmente alguém consegiuirá tão cedo.
Não importa contra quem foi. Menos ainda importa a forma como foi. O fato é que foi. E há que se admirar, não só pelo placar em si, mas pelo respeito ao adversário e ao esporte, quando você passa todo o tempo em busca do objetivo máximo.
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