Faltavam dois dias para o primeiro confronto entre Santos e Guarani pelas finais do Campeonato Paulista. O apelo jornalístico da decisão levou-me a Campinas, mais precisamente ao reduto bugrino, para contar a história pelo lado verde da decisão, o aque particularmente sempre considerei muito interessante.
Eis que se não quando, enquanto o Guarani se preparava para treinar em seu belíssimo estádio, surge um tal de Amoroso, já ouviu falar?? É um cara que jogou um pouquinho só, quase nada. Digamos que é mais um injustiçado por não ter ido a uma Copa do Mundo, por exemplo. Amoroso era o Neymar de 1994, quando só se falava nele. Deu azar de sofrer uma contusão no joelho. Teve tempo para brilhar aqui e na Europa.
Em suma, era craque. Jogava muito.
Além de tudo é gente boa. Bem-humorado, de boa conversa. Perguntei sobre marcação em Neymar, se é que isso é possível e a resposta dele foi.
"Tem que tentar parar na bola, nada de violência. Se não der pra parar na bola, deixa o menino jogar que o Brasil agradece".
No mesmo dia, Oswaldo Alvarez, técnico do Guarani, prometeu que o time dele faria quase tudo para evitar que Neymar brilhasse. Só não iria bater.
Pois chegou o domingo, o Guarani não bateu e Neymar marcou dois gols, fora algumas jogadas e arrancadas características dele.
Neymar fez o que sabe. E Vadão cumpriu a promessa. O Guarani não bateu. Chegou junto, chegou duro, o que é normal, faz parte desse planeta chamado Bola. Bater, jamais. E teve volume de jogo, sobretudo no primeiro tempo. Não deu sufoco, não criou a chamada "real chance de gol". Mas foi bem, muito bem. Marcou, não deixou o Santos jogar no primeiro tempo. O primeiro gol santista só saiu porque PH Ganso acertou um chute de fora da área. Entrar na área não dava. O Bugre tentou manter o mesmo sistema no segundo tempo, mas o primeiro gol de Neymar quebrou qualquer esquema.
E mesmo perdendo por 3 a 0, sem fôlego nem forças para tentar diminuir o prejuízo, o Guarani não bateu, não apelou.
Uma atitude que começou em um treinador de extremo caráter como Vadão e passou por um time formado por jogadores dispostos a mostrar que têm talento, que podem ir longe, que sabem jogar.
O Guarani perdeu com dignidade, sem apelar, sem ser humilhado. Está de parabéns por reerguer o nome de um clube que tantos jogadores espetaculares já revelou, que sempre deu trabalho aos chamados gigantes. Um bom perdedor, composto por jogadores que logo se mostrarão excelentes vencedores...
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