domingo, 14 de novembro de 2010

Vettel, improvável, mas real

O relógio marcava 12h42 pelo horário de Brasília, 18h42 em Abu Dhabi.
E a Fórmula 1 tinha um novo campeão.
Aos 23 anos, um alemãozinho talentoso, rápido, por vezes precipitado e até por isso improvável, entrava para a galeria dos imortais. A mesma que tem nomes como Juan Manuel Fangio, Graham Hill, James Hunt, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Alain Prost, Jackie Stewart, Michael Schumacher, etc, etc, etc...
O nome dele: Sebastian Vettel.
A equipe: Red Bull.
O mais jovem a conquistar o título na história. Improvável pelo estilo arrojado, que por vezes provocou derrotas e até os questionamentos sobre estar ou não pronto para ser campeão. Improvável por jamais ter liderado um campeonato.
Improvável, mas real.
Sebastian Vettel venceu com autoridade o Grande Prêmio de Abu Dhabi. Com autoridade e inteligência. Lewis Hamilton foi o segundo colocado e Jenson Button o terceiro. Fernando Alonso, o provável há pelo menos três corridas, foi apenas o 7º. E Mark Webber, mais provável que Vettel, chegou em 8º.
Assim, Vettel chegou aos 256 pontos. Alonso ficou com 252 e Webber com 242. Hamilton fechou com 240.
Vettel lidera o campeonato pela primeira vez, na última prova. E é campeão.
Largando na pole, a vida de Vettel estava muito mais fácil. Melhor segurar o ímpeto do segundo colocado do que tentar forçar uma liderança. Ele se segurou bem. No pelotão, Alonso, de cara, perdeu a terceira colocação para Button.
Porém, ainda na primeira volta, Michael Schumacher rodou. Tocado ou não, ficou na contramão. E Vitantonio Liuzzi subiu com a Force India na Mercedes do alemão. Safety car.
A retomada veio na quinta volta e em pouco tempo os pit stops começaram. Hamilton parou na volta 12. Felipe Massa (que chegou em 10º) na 14. Alonso foi parar na volta 16, junto com Mark Webber e voltando à frente do australiano.
Aí a coisa começou a degringolar para o espanhol. Alonso voltou atrás de Vitaly Petrov, porém, mesmo com mais qualidade, não chegava perto do russo. Até andava a menos de 1 segundo de diferença, porém, estranhamente, não atacava. Lá na frente, Button andava à frente de Vettel, que tinha parado na volta 23 e voltado em segundo. Porém, Button demoraria a entrar nos boxes.
Alonso não ultrapassava de modo algum. As posições só eram ganhas quando outros pilotos iam para a troca de pneus. Para Vettel, o caminho para o título abriu de vez na volta 39, quando Button foi para os boxes. Então, enfim, o alemãozinho que mostrava talento em 2008, quando venceu em Monza com uma humilde Toro Rosso (tornando-se o mais jovem a vencer), o alemãozinho precipitado e que sempre pode errar sozinho, mostrou maturidade. Não foi afoito, não foi além do que precisava. Atuou como um veterano, administrou e chegou à vitória. E às lágrimas.
Fora do carro, uma comemoração normal de um campeão, nada de extravagante. Na galeria dos campeões, um novo nome e, sobretudo, um grande nome.
Mais que a vitória de Vettel, destaca-se o título da Red Bull. O pessoal das asinhas poderia ter colocado tudo a perder ao não escolher um piloto e trabalhar para ele, ao mandar os dois se matarem na pista e quem ganhar, ganhou. Foram criticados por isso. Arriscaram tudo em Interlagos, ao permitirem que Vettel vencesse sem ordens de equipe. Vestissem os dois macacões vermelhos e fatalmente viria uma ordem pelo rádio.
Talvez parecida com a que veio na Alemanha, terra de Vettel, quando o campeonato estava longe de ser definido e a Ferrari estava escolhendo um pseudo-campeão.
Não, a Red Bull não. A Red Bull decidiu na pista. Arriscou, poderia ter visto Alonso campeão. Nem assim mudou a política. Os dois na pista e que vença o melhor.
Venceu a Red Bull, com barba e cabelo. Títulos de pilotos e de construtores.
Venceu o esporte.
A imagem da vitória: Vettel chorando no rádio da Red Bull
A imagem da derrota: Alonso reclamando com Petrov depois da prova, exigindo que o russo abrisse para que ele passasse. Talvez exigindo que a Ferrari invadisse o rádio da Renault e dissesse a Petrov: "Alonso...is...faster...than...you".
Melhor a Ferrari dizer ao seu piloto: "We...are...the...great...loseres".

Um comentário :

  1. eu nunca achei que veria em minha vida uma equipe como a Red Bull campeã. Parabéns a eles, fruto de um trabalho mto longo, desde a contratação do Adrian Newey, lá em 2000 e bolinhas. E foi mto bem feito pro Alonso. Agora, coitado do Massa no ano que vem. O cara exigirá passar na frente até em teste de pneu. Ah, só senti falta de uma coisa hj: ultrapassagem, por Deus!

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