A notícia se repete, só muda de lugar. Mas não deixa de surpreender, nem de entristecer.
A tendência chegou à Rádio Atlântica de Santos. A tradicional PRG-5 teve 100% de sua programação arrendada pela Igreja Deus é Amor. Informações extra-oficiais dão conta de R$ 50 mil mensais para garantir 24 horas de mesmice. Agora, quem sintonizar o AM 590 ouvirá o mesmo pastor rouco gemendo quase o tempo todo ou dividindo espaço com um sujeito que fala espanhol.
Não bastasse o espaço jornalístico e de entretenimento que se perde, mais uma equipe esportiva da Baixada Santista precisará bater em outra porta se quiser continuar a existir. O pessoal do Esporte por Esporte, liderado por Armando Gomes, não pode ficar fora do rádio.
Falar em Rádio Atlântica, para este blogueiro, não é fácil. Foi lá que tudo começou profissionalmente, há 11 anos. Os primeiros contatos com o microfone foram antes, em meados de 1985, 1986 (sim, era moleque e apresentava programa ao vivo, influência do meu pai), mas depois de velho e com diploma nas mãos, tudo começou no AM 590, com o convite do saudoso amigo Fábio Luís. Lá, ao lado de nomes como Marcus Barreto e Washington Luiz, comecei a adquirir o que chamam de experiência. Pela Atlântica, fui setorista da Portuguesa Santista e estava iniciando a cobertura do Jabaquara quando surgiu a oportunidade de cobrir o Santos FC. Os primeiros treinos, os primeiros contatos com jogadores e treinadores de ponta e os primeiros jogos, tudo teve o intermédio da Atlântica. Entre idas e vindas, foram três passagens por lá, sempre com algumas histórias boas e outras, digamos, nem tanto assim.
Já naquela época a coisa caminhava meio capenga para o rádio santista. Não era só a Atlântica, mas a conversa era a mesma. "O jogo é em São Paulo, temos que ir mesmo?", "Você não tem carro? Precisa de vale-transporte para ir ao treino?", "Precisa mesmo ligar a cobrar para passar as informações?". Em uma conversa com um antigo diretor, o mesmo propôs que eu saísse do treino e fosse para o estúdio, onde daria meu boletim sem precisar do telefone. O CT do Santos ficava do outro lado da Cidade e eu teria um espaço de menos de 10 minutos, sem carro, para cumprir o trajeto. Inicialmente, ele não entendeu as razões da impossibilidade...
É triste, muito triste. Emissoras tradicionais de Santos, como as rádios Clube e Universal, já se perderam. Foram entregues às igrejas. A Rádio Cacique está nas mãos da Assembleia de Deus, mas ainda sobrevive. Tem a equipe de esportes comandada por Paulo Alberto e alguns programas não-religiosos. No AM da Baixada Santista restam apenas Cultura e Guarujá. A Cultura quase foi embora; acordou enquanto era tempo.
Houve um tempo em que Santos parava diariamente, ao meio-dia. Era a hora do comentário de Ernani Franco, sabe onde? Na Rádio Atlântica. Houve um tempo em que a Baixada Santista tinha três, quatro, cinco emissoras transmitindo futebol. Todas com equipes grandes. Todas com gente muito capacitada. Pergunte hoje a quem fazia o rádio daquela época: todos têm casa própria, carro, deram uma boa educação aos filhos e vivem razoavelmente bem. E tudo foi construído pelo rádio.
A tendência chegou à Rádio Atlântica de Santos. A tradicional PRG-5 teve 100% de sua programação arrendada pela Igreja Deus é Amor. Informações extra-oficiais dão conta de R$ 50 mil mensais para garantir 24 horas de mesmice. Agora, quem sintonizar o AM 590 ouvirá o mesmo pastor rouco gemendo quase o tempo todo ou dividindo espaço com um sujeito que fala espanhol.
Não bastasse o espaço jornalístico e de entretenimento que se perde, mais uma equipe esportiva da Baixada Santista precisará bater em outra porta se quiser continuar a existir. O pessoal do Esporte por Esporte, liderado por Armando Gomes, não pode ficar fora do rádio.
Falar em Rádio Atlântica, para este blogueiro, não é fácil. Foi lá que tudo começou profissionalmente, há 11 anos. Os primeiros contatos com o microfone foram antes, em meados de 1985, 1986 (sim, era moleque e apresentava programa ao vivo, influência do meu pai), mas depois de velho e com diploma nas mãos, tudo começou no AM 590, com o convite do saudoso amigo Fábio Luís. Lá, ao lado de nomes como Marcus Barreto e Washington Luiz, comecei a adquirir o que chamam de experiência. Pela Atlântica, fui setorista da Portuguesa Santista e estava iniciando a cobertura do Jabaquara quando surgiu a oportunidade de cobrir o Santos FC. Os primeiros treinos, os primeiros contatos com jogadores e treinadores de ponta e os primeiros jogos, tudo teve o intermédio da Atlântica. Entre idas e vindas, foram três passagens por lá, sempre com algumas histórias boas e outras, digamos, nem tanto assim.
Já naquela época a coisa caminhava meio capenga para o rádio santista. Não era só a Atlântica, mas a conversa era a mesma. "O jogo é em São Paulo, temos que ir mesmo?", "Você não tem carro? Precisa de vale-transporte para ir ao treino?", "Precisa mesmo ligar a cobrar para passar as informações?". Em uma conversa com um antigo diretor, o mesmo propôs que eu saísse do treino e fosse para o estúdio, onde daria meu boletim sem precisar do telefone. O CT do Santos ficava do outro lado da Cidade e eu teria um espaço de menos de 10 minutos, sem carro, para cumprir o trajeto. Inicialmente, ele não entendeu as razões da impossibilidade...
É triste, muito triste. Emissoras tradicionais de Santos, como as rádios Clube e Universal, já se perderam. Foram entregues às igrejas. A Rádio Cacique está nas mãos da Assembleia de Deus, mas ainda sobrevive. Tem a equipe de esportes comandada por Paulo Alberto e alguns programas não-religiosos. No AM da Baixada Santista restam apenas Cultura e Guarujá. A Cultura quase foi embora; acordou enquanto era tempo.
Houve um tempo em que Santos parava diariamente, ao meio-dia. Era a hora do comentário de Ernani Franco, sabe onde? Na Rádio Atlântica. Houve um tempo em que a Baixada Santista tinha três, quatro, cinco emissoras transmitindo futebol. Todas com equipes grandes. Todas com gente muito capacitada. Pergunte hoje a quem fazia o rádio daquela época: todos têm casa própria, carro, deram uma boa educação aos filhos e vivem razoavelmente bem. E tudo foi construído pelo rádio.
Como filho, sobrinho e sobrinho-neto de locutores, não é fácil ver a história tomar esse rumo.
Nos grandes centros, a tendência é menor. Em São Paulo, grandes emissoras permanecem e crescem cada vez mais. Em Santos, está na hora de pegar essa receita. Tentar entender o por quê das coisas será perda de tempo. Voltar atrás é quase impossível. Seria melhor agir agora, antes que o futuro simplesmente não exista...
Nos grandes centros, a tendência é menor. Em São Paulo, grandes emissoras permanecem e crescem cada vez mais. Em Santos, está na hora de pegar essa receita. Tentar entender o por quê das coisas será perda de tempo. Voltar atrás é quase impossível. Seria melhor agir agora, antes que o futuro simplesmente não exista...
Triste.
ResponderExcluirMais uma prova do poder de arrecadação dos falsos profetas.
Impressionante que alguns colegas meu da área do Jornalismo, de outras regiões, não conseguem entender como uma região como a Baixada Santista não possui rádios de notícias, com foco jornalístico mesmo. É uma vergonha. Iniciei minha vida no jornalismo ao entrar em um programa esportivo comandado por Márcio Calves e Passarinho. Fui para pegar um ingresso de cinema e nunca mais deixei de imaginar que eu poderia trabalhar no Jornalismo. Pena que minha vontade de atuar em alguma rádio por aqui não foi possível de ser realizada.
ResponderExcluir(ESQUECI UM 'S' NA OUTRA MSG)
ResponderExcluirImpressionante que alguns colegas meus da área do Jornalismo, de outras regiões, não conseguem entender como uma região como a Baixada Santista não possui rádios de notícias, com foco jornalístico mesmo. É uma vergonha. Iniciei minha vida no jornalismo ao entrar em um programa esportivo comandado por Márcio Calves e Passarinho. Fui para pegar um ingresso de cinema e nunca mais deixei de imaginar que eu poderia trabalhar no Jornalismo. Pena que minha vontade de atuar em alguma rádio por aqui não foi possível de ser realizada.