quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Importância


Então o STJD pensou, analisou as imagens, pensou mais um pouco, tentou julgar, pensou um pouquinho mais e deu o veredicto: 30 jogos fora do Couto Pereira, uma multa de R$ 610 mil e estamos conversados: o assunto Coritiba está encerrado.
Dentro da lei desportiva, dentro daquilo que a legislação pode alcançar, uma punição exemplar. Mas não paga nem 10% daquilo que foi provocado pelos vândalos há quase duas semanas.
A invasão de campo, as tentativas de agressão aos jogadores das duas equipes (como se o Fluminense tivesse culpa da incompetência do Coritiba) e as agressões provadas e gravadas em vídeo a policiais poderiam ter resultado em mortes. E não seria com 30 jogos que o problema estaria resolvido. Muito menos com R$ 610 mil. Primeiro porque essa punição é relativa. Por enquanto, o Coritiba poderá jogar em seu estádio no Campeonato Paranaense. Segundo porque o que aconteceu no dia 6 foi digno de interferência do Ministério Público.
O Couto Pereira é de propriedade do Coritiba. O prejuízo material foi do clube, o que mostra a inteligência de quem invadiu o gramado. Mas a agressão covarde a um policial ferido envolve a participação do Estado. Um funcionário público foi ferido de maneira selvagem no exercício do seu trabalho. Se isso não for motivo para uma ação, não se sabe mais o que é preciso fazer.
Os lordes ingleses, futuros membros da Academia Brasileira de Letras, que foram detidos depois do tumulto, deram razões bem plausíveis para o que fizeram: o Coritiba não poderia cair. O Sport, o Náutico e o Santo André também não. Ninguém cai porque quer. Rebaixamento é fruto de uma série de atitudes incompetentes, que passam por todos os setores de um clube. E nada justifica o que foi feito.
Imagine você, em sua empresa, não realizando uma tarefa dentro das exigências da companhia ou aquém daquilo que seu patrão espera. Ele, então, junta-se aos associados e eles saem batendo em quem não fez o trabalho direito.
Tudo é justificado pela paixão ao clube. Gostaria de ver se essa mesma...(deveria dizer gente?)...lutaria de maneira tão convicta por aquilo que realmente interessa. Ninguém ameaça quebrar a Secretaria de Saúde da cidade onde faltam médicos. Ninguém destroi a Secretaria de Educação dos lugares onde faltam escolas. Ninguém protesta contra um sistema de transportes arcaico, no qual o gado recebe um tratamento melhor do que o passageiro que paga pelo serviço. Ninguém cerca o prefeito que não manda tapar os buracos das ruas, que não manda asfaltar nada. Não. Isso não tem relevância. Importa o futebol, a paixão pelo clube. Em nome dela, tudo é válido, tudo é entendido, tudo é justificado. Dar uma boa educação ao meu filho é secundário. O que importa é meu time jogar na Primeira Divisão.
Nada mais importa. Nem você importa. Ou você acredita que o jogador do time rebaixado vai se importar com você quando estiver dirigindo seu carro...importado?

2 comentários :

  1. Assim o esporte perde todo o seu significado.
    Parabéns.
    Boa reflexão.

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  2. Por isso é que dizemos que o esporte, no País, é gerenciado "nas coxas". Parabens pela reflexão oportuna.

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